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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Amigos, o texto que posto hoje não é meu, é de um amigo. Literatura é isso, pôr para fora algo que nos move por dentro, é alma, e ele conseguiu muito bem. Parabéns Cláudio Chirelli. Devo dizer também que esta semana atrasei a postagem, visto que ando muito cansado e com vários problemas de toda ordem e a vida me põe mais limites que já tinha.
O blogueiro tardio
Grito de Mãe
Ouvem-se as sirenes das viaturas e dos camburões com os prisioneiros que se aproximam do fórum. Percebe-se cada vez mais próxima a sirene em nossos ouvidos, de um silêncio que não percebíamos. Rápidamente, como passe de mágica os portões abrem-se e numa manobra ensaiada a escolta isola a área para o camburão que entra veloz, fórum adentro. A ordem é a segurança e evitar-se alguma fuga ou incidente de fora. Policiais ficam posicionados afastam pessoas que tentam a aproximação dos presos trazidos ao juiz para audiência.
Fora, pelos gritos se reconhecem noivas, esposas, e mães, que tentam avistar, por uma fresta que seja os seus queridos, que, algemados, saem do caminhão.
No meio do “furacão”, uma mulher, baixa, tez morena, cabelos negros, olhos miúdos, brilhantes de esperança, no colo uma criança, a neta, talvez o pai esteja lá dentro, talvez com muitas algemas imaginárias (não sei), além da culpa que expia.
As sombras descem pesadas sob o sol cadente e percebem os detentos ao virar de cabeça ao gradil. Quem pode prender um desejo humano, gritos recomeçam. Muitos nomes se fazem ouvir e recomendações, frases de efeito, português ruim, mas de entonação precisa.
Há grupos retirados de transeuntes e curiosos, sádicos, condenando os que passarão pelo julgamento - têm de pagar mesmo, bandido é bandido, seu lugar é cadeia, etc. Todos estamos sob juízo de alguma forma, não há justo sobre a terra. Nesse momento a escolta põe alguns a correr. A baixinha, mãe, continua no gradil com a criança protegida no braço, ninguém a tira do local.
Os gritos seguem contra ela, os curiosos lançam impropérios. A escolta, vendo-a indefesa e persistente pelo instinto materno, chamada de vadia, e p... (cedem, olhando e armados).
Gritos e a mãe está tentando ver o filho, segurando no peito um crucifixo, igual ao da sala do júri, e seus gritos atraem olhares que ninguém pode desviar, e que sobressai melódico como que pelo sofrimento –“filho oie, a mãe aqui” e acena. O filho ergue a cabeça, é advertido, abaixa-se no fluxo da dor, segue apartado à carceragem.
Após a audiência, o camburão é fechado e a mãe grita a mesma frase -“filho oie, a mãe aqui”. Lá de dentro, desta vez julgado, o filho grita – “bença mãe”. A mãe ouve, e responde – “Deus te abençoe filho... juízo filho”, o filho responde – “amém, te amo, veia”.
Do cartório de paredes e vidraças voltadas ao jardim do pátio, em meu trabalho, não pude deixar de ver as cenas e, em lágrimas refletir.
Para aquela mãe os defeitos, os delitos cometidos pelo filho, não mudavam o amor em seu coração, sem julgamentos e preconceitos.
Essa mãe... À que se compara? O amor dela é incondicional, não ama apenas com palavras, mas as palavras, quando dizem, são inquestionáveis, mesmo à sombra de armas. Creio que o amor infinito de DEUS somente se compara ao AMOR DE MÃE.
CLAUDIO CHIRELLI
Aos interessados, ainda temos exemplares do livro Crises do filho do meio.

sábado, 16 de novembro de 2013

Amigos(as), grato pelos acessos a este singelo blog, espero que curtam o texto abaixo, como curtiram o anterior. Abç
Bloguista cansado neste final de ano, ufa.
Papai-noel virá?

Pela veneziana quebrada via o céu noturno. Estrelas desperdiçadas pelo meu sono, uma lua que se virava pelos cantos do firmamento. No parapeito da minha janela que dava para a rua, o meu burrinho feito de batata com quatro palitos enfiados. Era o meu poder de barganha para ganhar algum presente, porque no ano todo fizera muitas peraltices. Tentaria não dormir para me explicar pessoalmente ao bom velhinho, quando chegasse.
Ele vinha sempre de trenó e de muito distante. Passava com suas renas, um cavalo do pólo norte, só que diferente – diziam-me. Ah! Deixava marca de estrelas pelo céu, porque esses cavalos eram mágicos e voavam e, em minha expectativa, eu também. A espera pelo papai-Noel. Mesmo que não viesse com o presente desejado, daria alguma explicação por não me dar a bicicleta que eu pedia todo o ano. Para mim, aquele veículo era o máximo, aqueles pneus com raios finos suportando meu peso de gordinho. O problema seria equilibrar-me em duas rodas, precisaria de no mínimo três. Mas papai-noel devia saber disso.
Fui posto na cama à força, hora de criança dormir. Meus olhos estalados não saíam da veneziana. Passei quase toda a noite em claro, a pressentir os movimentos e barulhos da chegada do trenó. Meus pais dormiam noutro quarto e meus irmãos dormiam como bebês. Estava sozinho no meu mundo, insone. Pela veneziana ouvia um rodamoinho noturno, levantei-me algumas vezes e via a noite pela fresta. O cachorro amontoado, dormindo. O silêncio pairava preguiçoso, suspenso nas nuvens altas e brancas que vagavam nas brisas, as galinhas empoleiradas e imaginei o galo de pijamas, o sol ia demorar a nascer. E o papai-noel?
De dia, disseram-me que o velhinho tem de entregar muitos presentes e nem sempre chega a tempo ou conversa com a gente. Andava eu já pelo terreiro, sem temer noite, enquanto o papai-noel não chegava. Descobri que as aves dormem e os outros animais também, só não sabia com o que sonhavam. O cachorro levantou a cabeça e vendo que era escuro enrodilhou-se novamente. Tudo muito quieto. Voltei para debaixo das cobertas, sem ninguém me mandar. Agora já conhecia a noite do quintal.
Sonhar dormindo é normal, mas bom é sonhar acordado. Cochilei no travesseiro, mas sonhava que estava com os olhos abertos na veneziana. Quanto mais esperasse, mais demoraria. Então fui imaginando o prazer em ter a minha bicicleta. O guidão, os pedais, as rodas raiadas fazendo rastros na estrada de terra macia. Ia pôr até uma caixinha atrás para levar brinquedos meus. Ia ser minha redenção da vontade de passear, ir aonde meu pai não levava e minha mãe nunca deixava ir. Os meninos iam ficar admirados, eu ia ser respeitado com aquela magrela, presente do papai-noel. Mas acordei no dia seguinte e cadê a minha bicicleta?   
A que tenho hoje não é como a que o papai-noel não me deu. Então tive de aprender a viver sem ela. Afinal, uma bicicleta não é tudo, mas valeu. Será que uma bicicleta é tudo isso? Onde estão os presentes que ganhei? Presente de criança só tem valor na hora, depois fica esquecidiça no quintal, como fiz com meu cavalo de brinquedo e meus montes de terra, que ora junto para brincarmos neste pequeno espaço gráfico.
Aos que desejam presentear com os nossos livros o e-mail para pedido é quartarollo.camilo@gmail.com e enviaremos por correio se fora de Piracicaba-SP e depois você deposita. Abç

domingo, 10 de novembro de 2013

Amigos, amigas do facebook e deste singelo blog, meu irmão quase-gêmeo diz no prefácio de meu livro que sou mesmo em crise. É verdade. Agora mesmo, projetando um novo livro de romances me defronto com vários problemas de enredo e trama e pesquiso, e corrijo até dar ao leitor o melhor entendimento e cadeira dessa leitura. Bem, digo isso porque às vezes exageramos e o perfeito não existe. Alguns vão ler mesmo as primeiras folhas e esquecer o resto ou vão dar a alguém ou ao sebo. Aprendi nessa semana de Fentepira e várias peças teatrais, que mesmo assim, valeu a pena. E por falar em Fentepira, apresentações de teatro em Piracicaba-SP, este texto abaixo foi inspirado numa das cadeiras na apresentação da praça José Bonifácio. Eu pensava no meu pai, como penso muito ainda hoje e verti um texto de ressentimentos que tenho, há muito sentimentos ainda ressentidos, não reparados, não lacrimados, sem escoar, a ecoar dele.
Blogueiro chorão
Autor de Crises do filho do meio
O enterro do palhaço

(ao ler, tirar o nariz vermelho, para melhor respiração)
Ao chegar à coxia Augusto avistou o companheiro exaurido, sentado, com os ombros para frente e os guizos de bobo ainda vibrantes com o tremor do cansaço, de velho. Se não o conhecesse acharia que era o ensejo para mais uma das suas graças de palco e irreverência, mas era um ser voltando-se para dentro, condoído. Não riu Augusto. Somente um palhaço para conhecer outro... Enfermo, padecia de dores nas juntas, nas pernas inchadas sob os sapatos grandões de palhaço e sob as calças largas e coloridas os cambitos tremiam sobre a corda bamba da vida, do seu rosto o azul escorria como um guaxe e o vermelho manchavam-no como um assassino de si mesmo. Quem aceitaria a morte de um espantalho?
Não, Augusto o tomou nos braços e o pôs sobre o tapete das mil e uma noites e... uma palavra, mas qual, seus narizes redondos quase se tocaram na mágica dos olhos que veem crianças, vai fazer graça ao Jesus menino neste natal. Sabia. Vai morrer, não vai lutar como os soldadinhos de chumbo. Morreu.
Os homens da funerária levaram o palhaço ensacado para devolver à família o morto, mais um corpo no velório da sala três, ao lado da cantina e em frente do coqueiro verde. Quem vai? É de graça. Eu não vou, não aguentaria meus próprios soluços. Augusto foi e ninguém o reconheceu sem a fantasia, o andar trôpego, o rebolar e os sapatões disformes. Via-se o amigo no fundo daquela caixa de faraó, embrulhado em flores coloridas e sufocantes na câmara ardente para ser encomendado por um padre ou pastor, diante de quatro velas. Aquele não servia mais. Se pudesse voltar a cena! Não, nem assim chegaria à perfeição; nas mil mortes da vida, essa era capital, perfeita porque única.
Eu posso voltar a cena nesse texto – na verdade, é só o que faço - e lembrar de sua risada histriônica e até craquelante. Ahahahaheeeiii. Que importa o figurino, as pessoas que vieram se compadecer ou por curiosidade, o caixão é sua coxia, nossos sonhos o seu palco e por pouco não descobrimos o que temos diante dos nossos narizes, de palhaços. Num minuto vão focar a luz sobre a sala e as velas vão se apagar com as primeiras brisas da aurora, os pássaros vão catar migalhas e as buzinas se farão presentes outra vez, e o morto, não – decompõe com nossas ideias... sei que as velas vão se apagar em fumaceiras ordinárias com cheiro de ausências, de recordações costumeiras de viver passadiço. Como disse, eu não fui, pois já sou palhaço e não posso me apresentar às estrelas nem impedir o brilho que entra pela minha janela. Adeus, palhaço, seja bem vindo, prepara-te, soldadinho de chumbo!

sábado, 2 de novembro de 2013

Amigos, amigas, grato pelos acessos a este singelo blog. Espero que seja agradável a leitura.
Blogueiro e autor de Crises do Filho do meio
Dona Baratinha

Dona Baratinha diz que tem sete saias de filó... mas anda com roupa de viuvez o tempo todo, num luto vivo de tecido lustroso e piedosa na igreja de santo Antonio, seu santo de devoção de terços diários e um guarda-chuva preto que faz as vezes de bengala, não quis trocar por sombrinha colorida, não. Aquele objeto guardava lembranças e protegia das lágrimas, era do falecido. Falecido, Dona Baratinha?
- É.
A resposta seca mostrava como lidava com as realidades da vida marcada por rituais. O tempo não existia para ela, os ponteiros dos relógios eram meros marcadores da próxima missa na tevê ou de trazer o copo com água para benzer. O tempo, podia se dizer, são momentos de um ritual, muitos, imperceptíveis que se fazem sem a devida consciência, até as formigas têm os seus rituais.  Dona Baratinha punha termos a eles e rezava como uma sacerdotisa em seu sacrário doméstico ou mesmo na igreja de santo Antonio. Cuidado com o terço de ouro, mãe? Advertiam os filhos. Que nada. O último ladrão motoqueiro que tentou roubar levou uma boa surra de cabo de guarda-chuva, a mulher o pegou com o cabo e o puxou com uma força de velha hostil e depois de caído os transeuntes tiveram que apartá-la da “vítima”, enquanto a moto ligada em queda girara as rodas sem chão. Quebrou o guarda-chuva e quiseram lhe dar outro, não, mandou a conserto e trocou varetas e lona, que tinha de ser tudo em preto e devia estar pronto para a próxima missa na igreja de santo Antonio, ia mandar o padre rezar as missas ao falecido, as quais fazia questão de pagar com dinheiro de sua pensão. Não se pode dever a santo, dizia, e mais, ao santo que beijava os pés todas as vezes que lá ia.
Vendo dona Baratinha no primeiro banco o padre amainava o discurso e não esquecia as intenções da missa e ela o orientava com o olhar solene e ritualístico, e era de se saber que o guarda-chuva a acompanhava mesmo sem nuvens no céu. Já beijara os pés do santo e agora rezava sentindo o cheiro de madeira dos bancos e lá no altar via a luz vermelha iluminando uma caixinha onde o padre gordo punha e tirava hóstias, como guardião da fé, como se Deus desse voltas no bairro todo e parasse ali, e que o padre pudesse mexer no tempo como se mexe em relógios de camelô. Quando sentia o pão sagrado em sua língua era tudo o mais sem valor, até mesmo o que se escreve sobre ela. É a fé, a instância de seu entendimento, donde não se pode pôr ou tirar sem complicar.
Os meus momentos passam com as cautelas de um relógio oco de toc-toc que não me sintonizam, tudo tão passadiço que parece relógio de camelô, de dois por um – agora complicou, né? Estou tranquilo, escrevo enquanto Deus me der linhas nessa vida que é uma mão que escreve sozinha, porque dona Baratinha já mandou rezar as missas, trocar a foto do túmulo do falecido e deu outras orientações ao padre e, ainda, repassou algumas que o papa não receberá.
Da última vez que passei pela sua calçada parou de varrer e disse-me que rezava algumas ave-marias pelo moço de chapéu também. Uns usam guarda-chuva, outros relógios, brincos, óculos, chapéu e solidéu.
 
 

sábado, 26 de outubro de 2013

Já pensou em ser artista? 
O artista ensaia à exaustão a mesma cena até que o sutil torne-se espontâneo, que o diretor e ator vejam-se no plano espiritual do palco, sobre o tablado atrás de um pano de sonhos. Tanto trabalho em ser artista que ele/ela quer desistir muitas vezes, mas nunca, nunca desiste... de viver. Não pode abortar a vida de seu ventre, a personagem pode ser dada em adoção a outro ator/atriz, mas nunca, nem em petição de miséria vai matá-la em seu jeito de ser. É algo de seu.
Queria ter a força de um clown, de um palhaço, a força espiritual e divina deles(as). Não há quem os desestimule, quem os vença em seu ânimo, mesmo sob o achaque o palhaço é digno em seu viver humano e pode dizer o que os status quo nega peremptoriamente por regras sociais, por vezes, quase sob ditadura de uma estética convencional. O palhaço diz coisas sérias, que em certas situações ninguém aceitaria. Seria ofensa, mas ele é o palhaço, o ofendido alegre. Já vi também, tive o prazer de ver um palhaço na coxia, após um espetáculo cansativo de risos, exaurido, molhado de suor, retirando a pintura branca e mais parecido com a gente, mas era tão bonito, quase pensei que era sua pele. Será que entenderam mesmo a apresentação de tal ser? Acho que pensam que sim, mas algo mais profundo calou na alma deles, da qual vão entender ainda, durante bons anos, em conta-gotas.
O artista muitas vezes é criticado por não se enquadrar, não serem bons em matemática, em lógica, mas são proativos em suas funções, mesmo técnicas e sérias (tenho amigos artistas em todas as profissões, inclusive no teatro) e são muito competentes, inclusive em partilhar a boa amizade com analisador de almas humanas como eu – não temem pela intimidade exposta, inda que eu os respeite muito. Dizem os especialistas que eles têm quociente emocional. Dotados de comunicação não em corredor, mas de triangulação - têm visão periférica e falam com várias pessoas ao mesmo tempo e ainda fazem várias coisas falando, como quem arruma seu figurino, sua marcação de palco e decora falas, enquanto anota uma receita de bolo ou dá uma ordem, tudo está interligado para o artista. Diria super-homens e mulheres-maravilhas. Aliás, já viram o que um malabarista faz com seus malabares? Então, não se deve julgar um artista pelas suas palavras, reclamações, ou “deslizes” que nos possam parecer e sim aprender, eles são mestre da alma humana.
E quando o coordenador marcar a próxima apresentação do grupo vai dar buchicho, porque uns vão reclamar do cansaço, outros do tempo com a família, outros sem dinheiro para a passagem, outros afônicos não poderão cantar, outros chateados por alguma razão. Todavia, na hora aprazada, sem nenhuma oposição do coordenador vão estar lá no teatro e, pelos olhos deles, de criança diante do brinquedo, a gente já sabe, queriam mesmo vir e o diretor sabe.

sábado, 19 de outubro de 2013

Caros amigos(as) ontem estivemos em Indaiatuba-SP, onde foram escolhidos os trabalhos literários para o mapa cultural do estado de São Paulo. De Piracicaba, Luzia Stocco ganhou aplausos e honras da bancada pelo trabalho Torradas não se despedaçam, mas não conseguimos classificação melhor. Foram interessantes as orientações dos jurados ao público de escritores sobre os trabalhos feitos e seus eventuais problemas, mas também lamentaram que muitos poderiam ter alcançado o primeiro lugar. Dos lidos ao microfone, muitas coisas boas e bem escritas. Penso quando algum texto meu vai ter a honra dos lábios e bocas, além da minha. Snif, snif...(interrupção para chorar, ahahahaha). A minha crônica desclassificada foi Morte Certa, mas eu já sabia assim como a morte é certa, meu texto não estava dos melhores, admito; mas este abaixo está tinindo e saiu do forno há poucos dias no jornal da região.
Juventude transviada
Qual é a imagem do avô de hoje? Perguntei aos jovens. Perguntei sim, pois tenho saudades dos meus avós, até da sisudez deles, meu avô de terno preto, surrado e bem caído, não tinha outro mesmo.
Por piegas ou saudosista que lhes posso parecer, as coisas dantes não eram tão efêmeras, tão portáteis e os presentes de casamento, como uma baixela, passava de mãe para filha e, às vezes, à neta.
As coisas valiam e, por consequência, as palavras também. Não precisava de muita folha para dizer o que se pensava, nem carimbo de ninguém.
O carro do vovô de antigamente, quando o tinha, era cuidado, bem cuidado, e o motor limpo e macio. Ao entrar sentia-se o cheiro de automóvel e do esmero. Qual é o cheiro de automóvel? Ninguém sabe. Antes tudo tinha cheiro, as coisas eram cheiradas, o café cheirava, dava tempo. Coisas boas e ruins tinham cheiro, até gente tinha cheiro de gente, não de perfume.
O mundo era mais simples, sem teclas e atalhos que dão bem mais trabalho e horas em frente da telinha piscante, você não vê, mas ela pisca. Os atalhos eram caminhos no meio da mata ou brejo e de muitos atrativos, encompridavam o tempo. Ah, existia a ideia de lugar, de onde voltar, um sagrado de vivências próprias, que ninguém pode comprar, mesmo que fosse de aluguel ou de favor. Existia o tempo, as estações. As expectativas eram de meses, preparando-se, assuntadas e únicas.
A ideia da casa quase desapareceu, a de minha casa, de almoçar lá, come-se na rua, bebe-se para esquecer e dorme-se ao lado de uma piscina coaxando como sapo. Voltar para casa? Ou para si mesmo? Mora-se mais em apartamentos, no corredor tal onde a luz acende e apaga, lá nunca tem ninguém, mais se passeia, é uma casa dormitório, come-se em alguma esquina, quando volta, viaja, põe a família no facebook e vai embora.
Todavia, hoje acho engodo à forma de pensar nesta figura mítica do velho. A forma ingênua do vovô, da vovó, como se fossem familiares. Essas ideias vêm carreadas pela da bom velhinho e boa vovó, provedores de coisas saborosas, brinquedos e do centro familiar, da mesa ou do chão onde construímos o nosso pequenino mundo, mas crescemos.
O vovô de hoje anda de moto, tem personal trainer, faz implante de cabelo e enxertos, pinta-se para ficar eternamente jovem, a idade não o faz arcar, tem excelente dentição falsa, pratica esportes radicais e, muitas vezes, está acompanhado de sua namorada que tem a idade da neta e ele sabe diferenciar. São, por vezes, problemas à família de tradição e de bons costumes, dando dor de cabeça aos filhos caretas.
Como disse antes, fui perguntar aos jovens sobre os velhos. Um me respondeu assim.
- Que foi, vovô, o que quer?
É, talvez já tenha idade... e eles veem os avós de outra forma que nós. Somos os antepassados deles agora, mas estaremos à altura de suas memórias, de seu tempo?
Creio que há em nós um tempo que não se exaure; pois ainda vejo o tempo preso nos bigodes do meu avô e o meu já vai em decurso, quase a avô.

sábado, 12 de outubro de 2013

A gente tinha uma certa revolta quanto a não ter os brinquedos, roupas e cuidados que os filhos únicos ou de outras famílias da cidade, mas tínhamos um quintal inteiro para a gente se sujar e algum carinho dos adultos, éramos bonitinhos, até que éramos, olhem esta foto abaixo, desse menino de cara feia, não se assuste, sou eu controlando a minha raiva de infância, que saía no primeiro xixi e de quando nos convidavam a  brincar de bola ou pega-pega. Eu só queria brincar um pouco, acho. Meu pai, mais bravo que eu, entendia isso. "Vão, vão, acabem de fazer o serviço aqui e vão brincá"
Blogueiro Rrrrr
Lar pobre
As cortinas, vê-se ao sentar nas cadeiras de assento duro, são brancas, velhas, puídas e lavadas, e cobrem um tempo memorável, talvez muitos não gostem, eu as conheço.  O sofá recostado na parede espreguiça de um tempo em que meu pai sentava para ver o Palmeiras na TV. As sombras que o vento balança a cortina traz um pouco da silhueta antiga e eu mesmo estou lá sentado no fundo da poltrona vendo algum seriado. Fora os sons de uma casa de subúrbio, com pássaros e carros, de fora. Lembro quando lá mudamos, vim com meu caminhão cor de vinho que não me desgarrava. Muito tempo passou e todos foram indo embora e eu fiquei. Fiquei para fechar a porta à noite de muitas luas e abrir ao dia de muitos Sóis.
No quarto repousa um velho guarda-roupa feito de encomenda pelo meu pai, na cabeceira da cama que não mais existe repousa os retratos de casamento e dos meus avós, um terço norteia a parede velha e com furos no reboco. De lá me lembro, de lá estou muitas vezes em meu devir, lá dormia meu pai e acordam minhas lembranças.
Na copa o relógio das horas contínuas parou, os ponteiros insistiram em não mais voltear o tempo, o tempo parou, pai, às 10:15 horas de seis meses atrás. Você sabia que eu ia escrever, sempre escrevo, antes talvez se constrangesse, mas agora sabe que escrevo. Mas lá não tem mais relógio não, as horas passam aleatórias e podem ser marcadas na eternidade ou desmarcadas a qualquer hora. O tempo fez isso com a gente, e tanto culto fizemos a esse marcador esquisito que achamos que abria o dia e fechava a noite. Não agora, não mais. O tempo pode correr, eu vou devagar.
Acima, no telhado, algumas goteiras furtivas. Ainda têm. Arrumei muitas vezes, subindo eu mesmo lá e como o tempo, iam pelos vãos dos dedos, pelos interstícios da matéria, pelos vazios da existência; vazio não, preenchido pelas goteiras, aliás, um texto igual a que faço é também uma goteira. Não tem mais arrumação, a vida se escoa. Que escoar, escoe para outra vida, mas qual? Escoa assim mesmo.
Nesses dias tive de dormir no mesmo quarto de meu pai, recostei-me e fiquei, estranho. Comecei a ouvir os sons que ouvia. Sua cama era ao lado de uma janela de um jardim cimentado e o eco trazia muitos sons que ouvira, aos meus ouvidos, ouvindo. Deixei o eco findar-se longe e num sono apaguei na paz do leito de meu pai.

sábado, 5 de outubro de 2013

As mortes de Josef K.
(Ao aparecerem as angústias, interrompam a leitura)
Inicio aqui:
Chegou cansado à quitinete, a vizinha o viu do corredor e ele apagou a luz terminal, então a escuridão escondeu qualquer presença humana. A janela que abria ao sol da manhã fora fechada por outro edifício no boom imobiliário, via outra janela e a mesma solidão. Abaixo o chão que se espremia nos ventos canalizados, marginalizados por condicionadores gelados e roncadores esborrifando água fora. O sol não chega, a chuva inunda e vê-se a sombra de Josef K. Somente a sombra.
Se saísse? No dia anterior percebeu dois senhores o seguindo, não eram ladrões, mas lhes tiraram o sossego diminuto entre ansiedades do moço na privacidade obcecada. Ademais, suas contas estavam vencendo e o seguro-desemprego estava vencendo no quarto mês, sob a mesinha o quarto-sala da quitinete, sob uma pedra.
Estes mesmos senhores que subiram ao seu andar com crachás informando do atraso do condomínio, que então estava livre para sair, mas pagava para ficar – morava sob grades e olhares do porteiro que matava palavras cruzadas, conhecera os cobradores da primeira vez, solícitos, mas que endureciam o cenho pela falta do pagamento, ora fingiam benevolência, ora um, ora outro e, sob vistas dos cobradores, até o comer lhe era luxo.
Os impostos se avolumaram sobre a mesinha vazia, era um devedor inscrito, um devedor da sociedade sem vizinhos. No socavão entre os quartos desciam urubus e algumas vassouras em toco, invisíveis, de uma bruxa inexistente aos olhos de adulto que não viveu a infância. Local inóspito, úmido e frio, isolava gritos aflitos ou queixumes retidos de Josef K. que já não falava e de pensar muito desistia, como a se ver como um caule ressequido esperando algum animal que o devorasse, mas não, somente ressequia.
Num dia um vento de chuva abriu seu diário e destelhou as folhas velhas de sua vida para o socavão, tão efêmeras, fugidias e sem sentido. Sobraram-lhe os impostos que não conseguia saldar, sem metáforas, onde o divino poderia habitar o desumano de K., que abriu os braços antes de pular.
Não continua não.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Se vc não comentar vai para o inferno.
Blogueiro beatificado
Católico
Já me disseram que para católico não sirvo. Logo após sair do seminário religioso as pessoas vinham perguntar sobre religião e sobre o evangelho e muitas se escandalizavam e alguns me acusavam de tirar a fé dos outros. Prefiro me confessar ateu, um ateu contrariado para não escandalizar ninguém. Assim ninguém precisa dar bola para o que eu penso, ou estão a refletir sobre minha espiritualidade.
Talvez seja um crente frustrado, depois de ler a Bíblia e ver tantas questões expostas às vísceras, sei que a salvação não é questão de mera concepção intelectual. Saúdo a todas as profissões de fé, inclusive a do ateu.
 


 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Visite os jardins
O óbvio não atrai nem o real parece verdadeiro, mas o mundo real tem dinâmica própria que foge ao controle dos mentais e dos ególatras. O mundo é maravilhoso, há muito que não foi visto porque foge ao crivo pré-estabelecido pela consciência pueril da massa falida que crê somente no explicável por alguém importante. Visite os jardins de onde nascemos, os mentais e ególatras também vieram de lá.

sábado, 14 de setembro de 2013

Amigos, uma boa semana a todos e a todas. Espero que apreciem. Estão aparecendo muitos spam e não estou sabendo como tirar. Eta vida de internauta!
Abç
Blogueiro insistente

 
Linha cruzada
Ia abortar e o futuro pai a incentivava a isso, mas escreveu carta ao papa Francisco, ao Vaticano, numa esperança, talvez... Por certo um assessor a leria. A resposta seria difícil ao ocupadíssimo pastor de milhões de almas. Para espanto geral o próprio papa telefonou para a futura mamãe. Aliás, talvez muitos padres não batizariam uma criança sem cursinho regular ou sem padrinho, mas o papa vai batizar e ainda será o padrinho do futuro bebê, demonstrando que o sacramento não só imprime caráter de pertença à grei, mas dá esperança cristã. Por fim, conforme notícia, ela dará o nome de Francisco ao menino. É menino!
Ora, é de se imaginar. Então imagine-se que de repente toca o seu telefone, é o papa!? Pois ele não é de muita cerimônia. Retornou entre outros, à jovem italiana a qual citei acima, ao seu jornaleiro argentino, para cancelar o envio de jornais por se mudar de endereço, falou direto do Vaticano. Tudo via te-le-fo-ne.
Se usa aquele aparelho vermelho antigo ou se porta algum celular no bolso da batina não sei, certo é que fala por lonjuras, numa cruzada da fé universal. E o seu twiter então! Direto ligado. Dizem que são dois papas, mas ninguém ajuda Bergoglio, mesmo em celebração suas mensagens estão indo. Se o vir falar sozinho não é com Deus, pode ser com alguém mui distante.
Imagine-se ainda cá nas minhas ideias, e se estivesse do outro lado da linha uma jovem casadoira e atiçada? Uma ovelha desgarrada.
- É o senhor memo, papa?
- Sim, minha jovem?
- Papa, acho que engravidei e sou solteira.
- Meu Deus, mas é menino ou menina?
- Menino, tá até chutando, bom jogador pra seleção argentina.
- ... brasileira, filha. Não importa, crie seu filho como cristão.
- Cristão? Batizá! Como? Sô mãe soltera, sabe? Padre nenhum vai querê batizá.
- Não importa, eu batizo.
- Mai sem cursinho, sem padrinho?
- Eu serei o padrinho dele, vá bene?
-... O senhor vai batizá ele aí no Vaticano? Então vô registrá o nome dele de Francisco, seu papa; mas já que o senhor é bão, eu queria casá tamém...
- CASÁ!!!???
- É... se o sinhor pudesse arrumá um italiano...rico...
- Ara, vá falá com Santantônio!

sábado, 7 de setembro de 2013

Grato aos amigos(as) que leem minhas breves palavras, mas nesta postagem percorram até o fim do texto, porque lá no fim, estará o fim e a conclusão. Abç
Blogueiro operado
O Dr. Luís P.
De família. Sim, o nariz era. Alongado, uma marca própria de berço, mas a apneia não o deixava dormir. Passando de carro por uma esquina viu uma clínica de otorrinolaringologia, na placa o registro e o nome do profissional Dr. Luis P. Que alívio! A especialidade médica que ia cuidar de seu problema. Ia dizer à mulher que podia dormir sossegada nos mesmos lençóis que comprou para ele. A mulher tinha insistido há muito com ele, mas o medo de injeções e de pós-operatórios o impediam, tinha pavor de sangue e desmaiava ao ver, mesmo que na TV. “Pra que um narizão, se num serve pra nada”, a esposa disparava. Mas aquela placa com nuvens brancas e um céu de azul sereno seria a alternativa: “Resolvemos seu problema e sua esposa vai adorar. Visite-nos”. Ele ia ter de entrar por aquele corredor de gerânios limitado somente pelo portãozinho da altura de um pulo e passar pela porta de madeira e marcar sua consulta.
                O médico foi dizendo “é praticamente indolor, viu. O senhor não vai sentir nada, nem a anestesia.  Anestesia, doutor!...Incomodou-se um pouco pela agulha. Dr. Luis continuou: Claro, uma agulha fininha, bem pequena, hipodérmica. Hipodérmica?! O paciente não entendeu, mas pareceu algo revolucionário à sua sensibilidade cutânea. Sempre usava esses termos de propósito, para demonstrar sua autoridade médica. Continuou o profissional: “...e quando acordar seu problema já era, completamente indolor, meu amigo, sem incômodo, o senhor volta andando pra casa, fazemos aqui mesmo na clínica. Vê! Nada de infecção hospitalar ou transtornos com colegas de quarto e aquelas visitas de família, entende. Não confia em mim?!” O cliente olhou em volta e a sala de tom verde claro como uma aguinha mansa lhe deu tranquilidade e os móveis quase lembrava a sua casa. A extensão daquela clínica era um ambiente quase doméstico e só faltava um gato andando pelo tapete e escondendo-se atrás dos sofás. Empenhou sua confiança e seus créditos a ele, o Dr. P.! Pê de quê? Faltaria à polidez se perguntasse, depois daquele colóquio amistoso. Conhecia o homem, porque saber o nome!
                Luis P. era simpático, confiante, convincente e dono de um nariz não menor que o seu, apesar de ser de outra família. Mas não pôs na placa o sobrenome. Os amigos que o conheciam socialmente, não de cirurgia, não desabonaram o Dr. Luis, era muito bom. Quis desistir no último momento – sonhava com o Dr. P. aplicando uma injeção rombuda e batendo nas coxas da secretaria a dizer rindo que mandou mais um para a funerária; mas a esposa lhe deu um ultimato - ou opera ou separa.
                No dia marcado estava lá. O médico chegou e o anestesista também. Despiu-se, tirou óculos, aliança, a medalhinha de São Jorge e pôs o roupão. Relutava ainda em aceitar, ia como um condenado. Deitou na maca branca e o anestesista lhe enfiou a injeção, ui. O médico de branco e com máscara à sua cabeceira esperava a dormência, plácido como um biólogo. Os aparelhos cirúrgicos ao lado, metais frios e duros, fórceps esquisitos, o bisturi afiadíssimo, pinças e outros com aquele cheiro típico da porta do além.  Não vai doer, né, Doutor?
- Não. Já menti para você?!...Ia já relaxando, mas a secretária abriu a porta e gritou:
- Dr. Pinóquio?
E ele de um salto gritou:
-!!!Pinóó...? Ah...o PÊêê... – e dormiu no colo do anestesista.
O cronista, que assim se nomeia, é autor de Crises do filho do meio e outros. Abç
 

sábado, 31 de agosto de 2013

Amigos, aproveitei esta crônica para falar de um tema polêmico e que muitos falam sem conhecimento. A finalidade da crônica não é dar conhecimento de nada, mas que não nos tornemos mais desumanos que já somos.
Blogueiro impaciente
O médico cubano
Naquelas redondezas nunca houvera médicos. Os nascimentos eram com as parteiras, as doenças curavam-se com chás e o óbito, sim, o limite próprio da existência na última morada. Disseram da “importação” de médicos cubanos para regiões distantes, aonde médico brasileiro não quer sujar seu jaleco branco. Importação, como se fossem produtos. De férias naquelas paragens vi um. De óculos grossos e feições a lembrar o senhor Barriga do seriado Chaves. Pronto, o socorro de minhas viroses, gripes encubadas e... aatchin (espirros constantes), pior que tosse, evoluíra para o espalha-vírus, estes terríveis incidentes sociais, dos quais a pessoa amada logo manda você colocar a mão na boca, e diz que horror para as paredes. Talvez eu tivesse cura para esse vexame, aliás, atire a primeira pedra quem consegue segurar um espirro, nem o Barbosa consegue – acho que foi assim que aprendi a falar, aaaaatchinnn, espirrando sílabas. Lá no P.S. Aguardei numa pequena fila e depois fiquei sabendo que nela estavam todos doentes da cidade, cujo nome não me lembro e cuja entrada era pela rua de saída. O médico falava um portubano e de rosto afável de gorducho. Quase me veio uma chacota para fazer dele e ele percebeu, riu antes. Pude observar da maca, como paciente da vez, que um cão nos olhava. Ora, ele deixava seu animal ali sem coleira pela ala médica, a transmitir alergias o peludo. Sim, um cão todo desgrenhado, malhadinho e feio, que brinca nos açudes e pelas caatingas poeirentas, a me vigiar com seus pelos eriçados. Fazia o médico seu diagnóstico num silêncio abissal que eu podia ouvir as batidas do meu coração, tuc-tuc, tutuctuc; tudo bem, confundi algumas destas batidinhas com as do rabo do cachorro na cadeira. E ainda deu outros tuc-tuc no meu costado, nos pulmões. Sentamos à mesa de receitar. Ele franzia a testa, mas sereno. O cachorro deitou ao meu lado com a língua de fora. Agora só faltava a foto do Fidel Castro na parede, a ditador, e a assinatura do senhor Barriga na receita... uns dois sapos em jejum por dia, um já engolira. Comunista safado, haveria de se pensar, vendo-o rabiscar delgadamente o papel brasileiro, com o mesmo jaleco que vi na tevê. E por fim disse:
- O señor non vai tomá nada.
Nada?! Aproveitei a deixa e ia enfiar meu bom português nos seus ouvidos, mas gaguejei.
- Esse cachorro é seu?
- Non, esse é o Chiquinho, num lembra?
Ah, o cachorro sem dono que visitou o papa argentino. Papa argentino, médico cubano, computador paraguaio, lanche americano, espionagem americana de e-mail e da rede social (talvez eles estejam lendo isso)...
- E a receita?
- Quê receita? O señor vai se consultar com Fono.
- Fono! E a virose?
- Virose! O senhor tem problema de comunicação, fala cuspindo.
Saí de lá e depois da Fono a virose sarou ou se acomodou no fundo da caixa de remédios alopáticos. Eu não tinha nada, somente uma doença crônica, a de escrever.
*O cronista é autor de Crises do filho do meio, se não tiver a obra, pode-se adquirir pelo quartarollo.camilo@gmail.com
 

sábado, 24 de agosto de 2013

Não sou ninguém?
Ah, sou sim, tenho uma conta no facebook, no Orkut, no google e um blog www.camilocronicas.blogspot.com e minhas dívidas nas casas Bahia. Sou um consumidor e quando a coisa aperta faço algumas orações a Santo Expedito e outros santos do corolário popular. Então sou um cidadão ajustado, pleno de minhas capacidades civis, inclusive de  pagar parte do meu salário para o leão, que depois devolve mastigado. Sou votante de dois em dois anos, faço aniversário a cada ano, não tenho medo de escuro, mas tenho depressão noturna, à noite! Para dormir tenho que ver TV, qualquer programa, porque me lembra que sou consumidor, o que me tira o complexo de culpa de gastar meus talentos com tantas porcarias. Vou à praia sim. Por que gosto? Não, é que no meio de gente pelada me sinto normal, livre, solto, ainda que com duas camadas grossas  de protetor solar 70.
Supersticioso? Ah, sou, acredito em coisas invisíveis. Em política por exemplo.
Literatura? Sou cognominado de escritor. Olha um versinho idiota meu.
Literadura, como esculpir na pedra dura que é a vida, fria, pré-histórica, e quando vai constituir-se em imagem esfarela - ferramentas adequadas? As mãos que junta o pó e molda com as lágrimas.
Só espero que você tenha conseguido ler este mínimo de caracteres aqui lançado.
O blogueiro em pauta
Ainda, é chato mesmo, mas sou autor de As ciladas do androide. Sabe quem é ele? Então acesse-me e faça seu pedido.

sábado, 17 de agosto de 2013

Amigos, amigas, você tem dinheiro no banco ou pendrive na bolsa, cuide-se; mas veja como o caipira se virou nessa. Soube hoje que alguém aficionado por pertences estranhos lançou mão da bolsa da apresentadora da Educativa nas letras, Lucilla, mas que pede somente a devolução de seu pendrive dos arquivos dos programas gravados, cuja memória está toda lá, nos dedos de alguém indigitado(a) - e ameaçamos, se não devolver dentro de vinte e quatro anos, vamos fazer programas muito melhores ainda, cujas ideias poderão serem retiradas pelo ouvinte em sua própria casa, em formas de metáforas.
Observe-se, o Mindlin não está me lendo não.
O blogueiro ouvinte literário
        O banco
           Essa é do meu avô, mas estou registrando agora. É a de um banco na conversa de dois caipiras. Antigamente, os imigrantes vinham para aqui “fazer a América” e retornar depois, para isso guardavam dinheiro no colchão, escondiam sob a terra, fingiam pobreza, mas os bancos não eram comuns como hoje. Ao dinheiro de meu avô nunca vi, sempre tão minguado. Fato é que escondiam até das esposas, mas dos netos não, mas essa é outra história.
            Vovô gostava de contar de suas histórias e de ouvintes despertos. Repetia sempre, acho que foi aí que comecei a aumentar um pouco e mudar desfechos, situá-las em lugares da minha infância como essa em Paudalhinho, Piracicaba-SP. Se meu avô fosse meu neto, poderia contá-las diferente e com a mesma paciência de quando tirava os sapatos e sentava-se de meias para pronunciar fatos inusitados de reis, príncipes, magos, bruxas, etc. e aí se não “acreditássemos”... – essas histórias têm uma verdade própria e são universais (hoje eu sei).
            Sentemo-nos. Eram dois caipiras compadres e dois tocos, uma viola ao lado, um fogãozinho de fumaça teimosa e uns assuntos que iam num zunzum de mosca perdida, natural, à vontade de “dizê”, prosa curta.  Pois é. Lá no sertão parece que o tempo parou num universo paralelo. O caipira contou ao compadre que guardou o seu dinheiro no banco, o anfitrião tirou o cigarro da boca, olhou para ver se a mulher não estava ouvindo e confessou:
            - O meu tamém, ara! Guardei no banco viu! – ao que o outro emendou:
           - Intão, fiquemo sem, porque robaro o banco noite passada memo, sabia?
           O caipira dono da casa, sem voltar o cigarro à boca, espiou de novo a mulher e relaxou os olhos, porque a mulher estava sentada em cima do seu banco.
           - Ãh. Essa bandidage. É memo, compadre! Robaro intão...
E.T: O autor blogueiro persistente e escritor contumaz é autor de Crises do filho do meio.

sábado, 10 de agosto de 2013

I N V I S Í V E I S s s s

Amigos, grato aos acessos a este singelo blog de crônicas da vida.
Nada melhor para um escritor que frequentar o teatro e ver o espetáculo de fora para dentro e de dentro para fora, da coxia e da plateia; mas quando se está no meio de Invisíveis a coisa muda, você os vê de qualquer ângulo, em círculos e a cabeça roda na relatividade do momento do Multiverso que é a nossa existência fugaz e sem persona que a TV e outros vão pegando da gente, nós também somos nós, embora invisíveis, ara.
Texto-reflexão sobre a peça teatral “Os Invisíveis”, do grupo Salve! de São Pedro-SP
Invisibilidade
Os invisíveis. Se não pode vê-los, quem são?
Quer ser invisível? Tem formulação individual, pegue com seu profissional. Leia o rótulo antes, e, ao persistirem os sintomas...
Eles podem estar entre as camadas, nas linhas divisórias do status social e econômico, os que ficam abaixo da sua linha não são visíveis. Por quê? Estão fora do modelo, do tipo de roupa que você veste, do linguajar que você tem, dos valores que você adquiriu, dos costumes seus e do protocolo, mano. E vê-los seria regredir, rebaixar. E lutamos tanto para subir, não é mesmo? E os que estão acima da linha? É para eles que temos de olhar, certo?
Comecei como estagiário e agora já estou numa mesa, minha, tenho algumas mordomias já e meu salário já dá para fazer uma imagem para minha mina. Ah, meu pai que me colocou aqui, disse que tinha de começar por baixo, ia sofrer e depois galgar como ele, ter família e tudo mais. Ainda vou ser como ele, como ele não, melhor. Ainda vou ser chefe dessa porra. Não sou egoísta. Os outros? Que briguem que nem eu. Competição, meu amigo.
Depois de um tempo, do sucesso almejado, nos pegamos a fazer caridade, afinal, temos de tirar essa gente a quem “o governo não olha” da linha da pobreza, mas eles não ajudam, estou cansado de dar esmola, o nego prefere tênis e droga que uma ajuda. Disse o rapaz da ajuda aos necessitados, da igreja, que a gente tem de ir de roupa velha levar as coisas para os pobres. Eu, hein, vou regredir agora, meu! A não ser que apareça na TV pelos meus quinze minutos de fama e depois vão saber que eu estou “só ajudando”, sabe.
Tô nessa de sociologia não, tô mais querendo progredir, ser alguém na vida. Quero curtir, que daqui a pouco bato as botas. Educação? Eu, hein. Esses caras fugiram da escola, não querem nem saber de estudar, falam errado, nóis vai, nóis vorta. Eu fiz cursinho de português, mano, para entrar na repartição, falo inglês. Ah, penso, em português, claro, mas falo a língua do tio Sam dá status, currículo. Gíria? Não sou povão, não, cara. Votar? Voto em quem me dá algum, no amigo de meu pai, ele me deu uma bolsa... cheia de dinheiro, uuu.
Ah, tô saindo com uma mina da hora, ela tem uns amigos gay, mas tudo bem, ela tá comigo e é linda, levo-a aos jantares da firma e tudo mais, mas se enche o saco meto-lhe o pé na b.... a minha “imagem” mano!
Machista, eu? Sou um cara resolvido. Re-sol-vi-do.
Amigo, se conseguiu chegar até aqui neste texto e gostou desta AUTOIMAGEM, você já é invisível e não se deu conta, e faz tanto tempo que não o vejo. Vejo um efeito de óptica, de espelhos reluzentes, de cores, de imagem do facebook. Cadê você?
“Vim a este mundo exercer um juízo: a de que os cegos vejam e o de que aqueles que dizem ver fiquem cegos” (Jesus de Nazaré)
O amigo invisível

domingo, 4 de agosto de 2013

Bom dia, amigos e amigas do blog. Agradeço o acesso e se quiser deixe seu comentário. Abç
O blogueiro escritor
Dia do escritor
Tem um dia dele. Ora, quem é o escritor, essa personalidade, de muitas descritas nas obras de imaginários seres? Pode ser o seu vizinho! Você sabia que muita gente gostaria de escrever um livro, mas não tem as condições econômicas, tempo ou não conhece meios para tal, mas suas histórias renderiam muito pano para manga. Assunto é o que não falta. Quando passar por duas mulheres varrendo a calçada repare. Depois das novelas, dos filhos, dos problemas, vai surgindo a intimidade e vêm as histórias – somente cuide para que elas não o enxote com a vassoura.
É assim que surgem as personagens, de alguma intimidade, de alguma coragem em se expor. O escritor é também um leitor que trai. Conta os segredos da nossa intimidade, mas de um jeito próprio dele, e conta, muitas vezes, em seus personagens coisas que nossa hipocrisia esconde ou realça qualidades que nem pensávamos existir.
Há por aí excelentes frases de efeito que por vezes dá vontade de roubar, mas há algumas que surgem sintéticas num texto como que caídas do céu. Um primo dizia-me que sua esposa tinha enxaquecas tão fortes que o sofá em que se sentava girava junto com ela – usava uma figura de linguagem, superdimensionando o fato da dor que sentia deveras e explicitava sua preocupação. O problema das frases orais, bem encenadas e sarristas é que na conversa é perceptível pelos gestos, entonação da voz, porém no texto escrito depende de um bom entorno para o chiste, as voltas do cerca-lourenço de um contador de anedotas. (piada comprida). Enfim, acho que a escrita deve expressar a oralidade com sua força, o que não faz sem o contexto, o envolvimento das personagens e pontuação.
Para mim o bom escritor tem de descer ao leitor, usar suas expressões e pontos de vistas para dialogar, sem deixar o objetivo do tema e seu argumento; se bem, que muitas vezes, o texto, conforme vamos escrevemos nos dá outros entendimentos e talvez o leitor pense que fluiu do jeito que foi publicado, na maioria das vezes não.
Um texto muitas vezes é feito por primeiro a conclusão, o final, e depois o início.
Um livro de contos ou de romance pode começar com um texto e ganhar corpo, músculos, sutilezas e, personagens, que o escritor nem sonhava em inserir, mas a trama pede; mesmo que o escritor organizado tenha delineado o seu roteiro.
Se ainda não puder escrever livros, escreva algum texto para jornal, escolha temas da sua profissão ou os atuais e comemorativos como o dia do escritor, por exemplo. Corrija deixando com o mínimo de erros ortográficos, ninguém é perfeito, e mande para o site ou e-mail do seu jornal; mais cedo ou mais tarde vai se assustar com o seu nome sob o texto “seu”, duvido de que não vai se sentir assombrado com tantos olhos lendo. Sim, você também é imortal!
 

sábado, 27 de julho de 2013

Amigos, grato a todos pelo acesso a este blog. Espero que curtam  mais este texto.
Blogueiro
Incidente em Piracicaba
Tarde domingueira, morna, uma leve queda de temperatura, uns ventinhos manhosos, esfriando, o sol zombeteiro e por fim veio dez minutos de saraivadas de granizos e vento forte como látegos, rodopiando, arredios, levando tudo aos ares. Dez minutos somente. O cenário era de árvores arrancadas com raiz e galhos contorcidos em gritos mudos, fios caídos pulando como peixes elétricos e todos curtiram nos celulares como vagalumes na repentina escuridão.
Saí ver pelas ruas escuras com sirenes de bombeiros e de carros sem seguro contra eventos naturais ou sobrenaturais, vozes e gritos nas calçadas, enquanto algumas velas nas casas da cidade era o espectro dos casebres, num breu total fora em piscar de celulares ou faroletes improvisados. Nos aglomerados todos queriam contar a sua desgraça.
A luz apagou, a TV interrompeu-se, desprogramando os seus telespectadores. O mundo parou.
Fora, meia-noite, ainda uma lua prateada que embevecia o céu, sem nenhum olhar, isso não é notícia.
Não soube de nenhum óbito, mas ao avistar o posto de bombeiros vi ao lado o muro do cemitério caído. Meu Deus! Uma ideia me passou como um relâmpago. Os mortos fugindo, um a um aproveitou o inusitado e saltaram fora. A garoa fina beliscava meu para-brisa e aquela gritaria de mortos pela avenida. Quase atropelei um que voltou pegar o buquê do caixão, morto novo ainda. Liguei para alguns amigos para avisar e, realmente, os mortos estavam retornando às casas deles. De nada adiantavam os grossos cadeados do enorme portal, o coveiro ainda tentava cercar alguns, mas desistiu e os deixou além.
Liguei para o Miguelzinho, esse não deixava do celular nunca e disse-me “estou saindo”. Não, cuidado, Miguelzinho, não saia - disse-lhe - está um pandemônio na rua, tudo caído, caiu até o muro do cemitério, imagine. Ele retornou dizendo “eu sei, estou saindo já”. Saindo da onde? “Desse caixão feio, ara!” Ele havia sofrido um acidente fatal de moto um dia antes e ainda nem sabia que morrera, ia fugir também. O adverti que ficasse, “nem morto”, disse; morto sim, vai ficar aí, emendei – ora, vivo manda em morto, não manda? Rebelde como ele só, sempre contrariando, jovem, afinal... Os mortos sempre ficaram tão bem ali durante o dia, cada um seu túmulo e à noite põem-se cadeados nos portões e pronto, mas basta um trovãozinho e já querem sair! E ele continuou “o atestado de óbito tá errado, meu, tô vivo aqui, qué sabê, vou protestar com os outros” Era o que faltava! Meus Deus!
Não se preocupem, conterrâneos. Passei lá hoje e já estão consertando os muros e os mortos retornaram todos. Desculpem-me a brincadeira pai, avô, amigos e parentes todos, mas brincar mal não faz, enquanto não soar a trombeta eu vou contrariando até que, totalmente contrariado, ponham-me a dormir junto à mãe natureza. Vou sentir saudades, vou morrer de saudades.

sábado, 20 de julho de 2013

Amigos, grato aos acessos dos leitores a este singelo blog. Hoje posto um texto de muito tempo de minha reflexão e acho que de outras pessoas também. Consegui transformá-la em texto. Oxalá, não seja enfadonho para quem não quer meditar sobre isso.
Abç
Blogueiro
O paradoxo Lázaro
Ressuscitou, mas morreu.
Francisco de Assis quando encontrou o leproso cheio de feridas e o beijou perdeu o asco que então carregava - disse ele próprio. O primeiro pressuposto para uma cura apregoada por todos os mestres espirituais é a libertação interior.
Na cerimônia de enterro de meu pai eu estava furioso por dentro pela minha incapacidade e aquele padre que repetia a proselitista, ele estava preparado, era católico, ia às missas, estava preparado para morrer. Ora, como se prepara alguém para morrer, além dos cuidados da funerária? Não se prepara. A funerária prepara o corpo... já era, mas ainda vejo o olhar recíproco dele de antes de morto. Parece que nos enganamos numa vida sem consolo e sem olhares, velamos o mistério. Somente o morto pode se preparar a si mesmo e... desviver. Se Lázaro contasse com a ajuda espiritual de Jesus, esta chegou depois do enterro, três dias após o sepultamento.
Prepara-se para viver o momento que se vive com o mal que se tem, com as limitações por culpa nossa ou não (a cruz), escolhe-se a demanda interior adequada ao possível à sua crença ou à filosofia menos corrosiva, ninguém pode falar pelo morto, é a morte, sua hora final. Final? O supremo silêncio que pode carregar tudo para um abismo sem tampa, mas não carrega. Morremos a cada dia, desde que nascemos e sempre parece que é do outro que se fala, não de nós mesmos, somos lázaros insepultos.
O personagem Lázaro é usado por Jesus numa parábola com o rico sobejo, sofreu como Jó, mendicante de migalhas da mesa do rico, onde embaixo dela os cães lhe lambiam as feridas, os cães eram os seus entes mais próximos. A este leproso que Francisco beijou e confessa em seus escritos que, antes era comum sentir náusea deles, mas depois... que ironia, viu que os leprosos somos nós mesmos, com nossas riquezas inexploradas e insatisfeitos por falsas demandas.
Pela morte do amigo Lázaro adveio a menor oração gramatical bíblica, grafem-na. “Jesus chorou” (João 11,32-35). Complemento à grafia curta de João, como indigno leitor bíblico que sou, que, “condoendo-se a ponto de ressuscitá-lo da tumba e personificá-lo em suas parábolas, de tão familiar que era”. Entenda-se como quiser, mas não se pode limitar Jesus como um mestre ou rabino simplesmente, nem tampouco a vida a um cubículo de alvenaria de um campo santo. Recuso-me na minha fé imperfeita e prosaica. Maranata.
Obs: Anoto que atualmente há uma discussão entre os teólogos relativa à ressurreição de Lázaro, de que seja reanimação de corpo e não a ressurreição do Cristo do querigma das igrejas cristãs.
Observação: Aos interessados pelas obras indicadas aqui nesta blog, à direita, e quiserem saber da sinopse, contate-me. Estou no face e aqui. Abç

terça-feira, 16 de julho de 2013

A grande viagem

Este texto abaixo não é meu. É da minha sobrinha de onze anos. De passagem pela sua casa, enquanto dormia seu pai me mostrou sua redação de escola. Tirei foto com o celular e depois falei com a menina mesmo e ela me autorizou a publicar em jornal, saiu na Tribuna Piracicabana. Alerto que a qualidade do texto é impressionante, a concisão e o jogo entre o início e o fim denota o sentido figurativo do termo viagem que teve Enzo, seu personagem fictício.
Amigos, então na família tem mais alguém a escrever nas entrelinhas da minha vida. Parabéns Amanda, parabéns a Família de Aléssio Jr.
O blogueiro tio
De Amanda Quartarollo
A grande viagem
Era uma vez um menino chamado Enzo, seu grande sonho era conhecer uma ilha, queria tanto que até seu livro era sobre ilha.
Quando Enzo foi rezar para dormir, pois tinha aula no dia seguinte, pediu:
- Deus, querido Deus, gostaria muito que realizasse meu grande sonho, conhecer uma ilha. Por favor! Amém!
No dia seguinte ele foi para a escola, e, lembrou que tinha aula de Português (era a matéria que Enzo mais odiava). Parou no meio do caminho para observar imagens de maravilhosas e imensas ilhas, ficou “babando”, mas tinha que ir estudar, pois era o que sua mãe sempre dizia “Estude meu filho, porque no futuro você será alguém na vida”.
O garoto continuou seu caminho, chegando a sua escola a aula já tinha começado, pediu licença para a professora e perguntou:
- Desculpe pelo atraso, me distrai, o que tenho que fazer?
- Eu te desculpo, fique tranquilo, você terá que escrever uma redação e com a melhor da sala o aluno viajará para uma ilha – respondeu a professora.
Enzo caprichou na redação, e claro, sua redação foi a melhor, ele pergunta novamente para sua professora:
- Quantas pessoas poderão ir comigo? Quando será a viagem?
- Poderá ir você e mais duas pessoas e o embarque será amanhã.
O menino foi correndo contar para os pais e eles adoraram, à noite até deixaram prontas as malas.
Depois de doze horas eles chegaram lá.
De repente o vulcão entra em erupção e como Enzo sabia tudo sobre ilhas, salvou seus pais. Enfrentaram macacos que voavam, elefantes que miavam e até leões que latiam.
Essa foi a melhor viagem de Enzo.

Grato Amanda, seu texto é maravilhoso.