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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

domingo, 30 de dezembro de 2012

Amigos, grato pelos acessos a este blog durante este ano que se finda. Posto hoje uma crônica sobre o caso de pais que esquecem os filhos no carro e saem, em contraponto o ladrão que via de regra salva, invés de roubar ou matar. Desejo a todos um feliz ano de 2013 e o recomeço de sonhos perdidos ou esquecidos em algum carro que compraram como sendo dos seus sonhos, todo carro é igual desde que nossos sonhos não sofram albarroamentos ou escoriações, mas sofrem. O meu sonho neste 2012 realizou-se, saiu o quarto livro Crises do filho do meio.
O blogueiro
O pequeno ladrão
Aquela rua era visada por furtos a veículos. Ao sair do banco o dono expropriado olhava, olhava e acionava o seguro. Hoje se tem seguro para tudo. Para tudo? Existem coisas inestimáveis. Coisas que o seguro não cobre e nestas vésperas de feriados e natal então! Tudo se afrouxava ao inimigo do alheio. O alerta de um carro toca mais forte que um choro de um bebê, mas ninguém o percebe. Quem vai se preocupar com a vida dos outros, principalmente se tiver vida tranquila?
Lá paravam carrões luxuosos e num piscar de olhos iam-se como que invisíveis, mesmo sob o olhar de vigilância de uma câmera de esquina, o mundo dos homens girava mais rápido e o ladrãozinho não era identificado, sabia-se que havia um menino de chinelas, bermuda e camiseta vermelha a perambular por estas imediações todos os dias. Desta vez o sol quente quase que batia contra a câmera de segurança de tanto escaldante que era, reverberava num vidro retrovisor inclinado para cima e a câmera pegava clarões, mas o menino foi detido afinal.
Já havia quem quisesse dar uns safanões a este filho de ninguém, quem elaborasse uma teoria social ou política em cima e até os piedosos de plantão dizendo “coitado, pobre, não teve pai”. Um ladrãozinho, amador, e como levara tantos carros? Agora, neste fora pego. A polícia explicou que quando o menino fora preso antes, sempre voltava às ruas por ser menor e a lei lhe facilitar, mas agora havia um fato novo.
Arrombara a porta do carona e traseira. Ora, um ladrão eficiente rouba um carro em poucos segundos e não abre a porta de trás, a não ser para roubar joias ou maleta que seja, então o menino ia pegar pertences, não o carro. “Acabou detido sob a sombra de uma árvore com o bebê no colo, aguardando os comparsas, um sequestro que não deu certo”, afirmava o dono do carro.
Não, leitores, esclareço, o pequeno ladrão salvou a vida da criança dentro daquele carro, enquanto o pai fora a um banco depositar dinheiro e ouviu a sirene do carro de luxo, o choro não.
Há um ladrão que rouba mais que todos e furta as coisas mais comezinhas de nossa vida, o tempo que temos com os nossos entes mais queridos. Na verdade, o ladrão lhe roubou a oportunidade de ser pai e ser humano, não o carro ou a criança. É mais fácil dar presente de natal, mandar mensagens por facebook, distribuir panetones e cestas básicas, exibir nossa fortuna, que recuperar-se a si mesmo, que somos filhos, pais, irmãos e pobres nesta estrada escaldante da vida. Pode ser que uma criança lhe roube tudo isso e um velho lhe dê cabo, você mesmo; mas que Deus nos poupe de morrer ao meio-dia e venha nos visitar na brisa da tarde, ditosamente, no colo que carrega colinas e montes, Abba.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Amigos e amigas do blog, grato pelos acessos a este singelo espaço. O natal chega inexorávelmente apesar de todas as previsões e profecias. Mesmo que não fosse nenhum fato histórico, a data tem um símbolo forte e emblemático, uma reflexão que não passa pelas cabeças das crianças, mas o natal é um divisor de águas, vai acabando o ano e você merece alguma coisa, não? Espero que ganhe mais que um textinho deste blogueiro, se não, o faço com carinho e respeito.
Ah, gostaria de uma crônica como diz o nome do blog, mas abaixo você pode escolher o papai-noel que quiser, gordo, magro, mas quem é o papai-noel seu, está aí entre os culpados pelo seu natal?
Camilo - o blogueiro
Mentiras de natal
Você acredita em papai-noel?
Eu? Se eu acredito... Num sei. Por um lado sim, sou supersticioso talvez. Por outro lado não, claro, papai-noel, duendes, espíritos, não existem é coisa da fantasia – mas... fantasia existe e é forte em todos nós.
Então passemos à pergunta mais crucial, o que é fantasia?
No mundo moderno e prático é puro delírio, mentira, ilusão, utopismo até.
Segundo uma amiga psicóloga, fantasia é uma representação instintiva em nossa mente. O que significa dizer que precisamos dela, é parte integrante da psique.
Leonardo Boff em seu livro O destino do homem e do mundo diz que fé seria como quando uma criança acorda no meio da noite chorando e sua mãe vai consolá-la e diz que está tudo bem. Tudo bem? No mundo ocorrem guerras, injustiças, mas a criança volta a dormir. A mãe mentiu?
Vivemos no natal uma fantasia coletiva e boa, de fraternidade universal, quer seja pelos presentes, alusão aos que os magos deram ao menino-rei, quer sejam pelas historietas que se contam. O clima muda, ainda que alguns que se julgam com o monopólio de Jesus venham dizer que se esqueceram do aniversariante, este que tem todas as datas do calendário da cristandade. Na verdade, nesta discussão toda, acho que todos querem ganhar presentes, nem que seja uma lembrancinha, até o padre, o pastor, o médium, a faxineira, o lixeiro do alto de suas vassouras a nos dar seu feliz ano-novo e que Deus lhes pague e nos livre do lixo nosso de cada dia, a desídia e a elucubração vã, reciclem a fantasia do nosso natal, da fraternidade universal, visível na forma do natal e invisível na utopia – isso é fantasia.
Meu amigo Vivaldo diz que todos gostam de ser bem tratados, ainda que o sejam por falsa educação. Acredito. É melhor ser bem tratado que mal tratado, ainda que não sejamos tratados como gostaríamos.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Amigos, obrigado pelos acessos a este singelo blog de crônicas. Ofereço hoje um tema de reflexão atual, além da tecnologia existem questões para as quais não adiantam sofisticados meios de análise e confirmação de paternidade-maternidade. O caso de Salomão e as duas mães é uma delas ou não?
As duas mães
“Senhor, põe um anjo aqui, com a espada desembainhada... Senhor, põe um anjo aqui” – inda me lembro deste cântico e escolho para iniciar este texto sobre a justiça de Salomão.
Este rei bíblico pediu a Deus não outra coisa, senão a Sabedoria para governar e fazer justiça ao seu povo, porque dizia que “com muito esforço conseguimos ver o que temos diante do nariz” – ao contrário dos sábios de hoje, “que sabem tudo”.
 O Altíssimo concedeu-lhe não só Sabedoria como também ouro e riquezas, mas logo foi posto à prova, e sem exame de DNA: duas mulheres que se diziam mãe da mesma criança foram levadas à sua presença para que decidisse a contenda.
Salomão usou de uma manobra arriscada. Chamou o guarda e pediu a espada. E, friamente levantou a espada, que o bebê fosse cortado ao meio para cada mãe da criança. Uma das mulheres começou a chorar e implorou ao rei que desse a criança “inteira” à outra, preferia perder o filho a vê-lo morto; já outra, dizia que se não podia tê-lo, cortassem-na ao meio mesmo.
Salomão decidiu dando o filho à mulher que o queria inteiro e vivo. Era a mãe para os efeitos legais e de juízo real.
Era mesmo, mãe?
Se houvesse DNA saber-se-ia quem era a mãe realmente, a boa? Ou de que a criança fora concebida por uma mãe assassina e degenerada, a má? Salomão decidiu pela sabedoria, com DNA ou não, a mãe é aquela que desejou a vida do filho. Este critério independe do DNA e prescindi dele, a quem cabe a maternidade.
Ele mesmo, o rei, era filho de Betsabá, herdara um trono cheio de discórdia e sua mãe fora fruto de uma conquista escusa do pai Davi. Seu irmão concebido morrera por castigo infringido a Davi, que o gerara num adultério e mandara matar o marido de Betsabá  e soldado seu.
 Ao rei Davi outra profecia foi lançada, a de que “a espada não se afastaria de sua casa”, mas agora a espada de seu filho Salomão fez justiça, fechando este os olhos para coisas que “não podia ver e que estavam diante de seu nariz”. Quem era a mãe? Era realmente quem teve a guarda. A bíblia diz que sim, enaltecendo e confirmando a sabedoria salomônica, mas ainda, leia-se também, mãe nem sempre é a que gera e que, não estando em perfeito juízo, pode desejar a morte do próprio filho que concebeu.
A bíblia não diz quem era o bebê. Não seria metáfora do próprio Salomão, filho de duas famílias sob a espada, sob o convívio com uma rainha torta como Betsabá, a mãe verdadeira?
 Fato histórico ou metáfora funciona como espelho, como uma sombra na caverna de nós mesmos, como uma espada de dois gumes, talvez isso seja o que Salomão não viu e tinha diante do próprio nariz, ou viu?
O livro Crises do filho do meio está chegando, e de forma personalizada aos que o reservaram. Nesta obra sou autor, ilustrador, editor, encardenador e muitas outras dores.
O pequeno autor.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Compadre, comadre, esta postagem é verídica, foi-me contado de ouvido e fui lá checar. Grato pelos acessos da semana que passou e dos que comentaram pelo meu estado de espírito, mas vamos lá, o natal já vem chegando. Abraço.
Blogueiro
Óvni em Mombuca

Havia uma assombração poderosa assustando o pessoal de lá e mexendo com as galinhas e animais do quintal. A criatura vinha pelo estradão, espantando as poedeiras e os porcos, que pararam nas quinze arrobas. A coisa desandou, disse-me o Cláudio, é um problema nacional, universal, ufológico. Ufológico!? Pensei ser uma simples superstição de roceiro, como as de Tuiuiú, que encontrava chocas nas moitas e dizia que era canguru. Tuiuiú é um caboclo inventivo, de puia e da vida mesmo, vai levando, improvisando, desculpando-se e vive da caridade e da zombaria dos seus conterrâneos, um forte, se ele me contasse não acreditava, mas o Cláudio não mente e passou a descrever assim, num dialeto roçado de uma prosa nervosa:
“A coisa veio com uma luz forte sobre o paió de mio, focalizô o galinheiro mais abaxo e foi um cacarejá danado, em meio aos latido do Tob, desesperado que só vendo. Falei prá mulher ficá na cama, peguei minha espingarda e fui. Se fosse largato o raposa eu acertava memo no escuro inté, mai... Se o cê visse não falava ansim, discrente.”
Tamanha apelação, fui para Mombuca; afinal, até Chico Anísio acreditava em ET. Ficamos de tocaia, toda a noite tomando café e espiando pela cortina que balançava com a brisa calma, o Tob na soleira de fora esqueceu até do cheiro do café, ressonava o preguiçoso. Às quatro horas em ponto, o cachorro acordou latindo muito, a coisa vinha, levantamos da mesa e do cochilo, em que ambos fingíamos vigiar. Mal abri os olhos e veio o clarão de uma luz intensa e uma coisa como que balançando asas num barulho medonho e assoprava, forte como avião a jato. Ensurdecedor. Dei-me conta do perigo e corri para baixo da cama e vi os dois olhos do Tob que rosnou para mim, saí do outro lado e voltei tomando coragem. Meu amigo estava boquiaberto e o balancei para voltar à respiração e ele disse:
- Dá umas ratiada no som de veiz em quando, aquela fumaça cinzenta e o chero... querosene puro. Coisa do outro mundo, nun é ninhum bicho.
No dia seguinte pela estrada o rastro até o capinzal queimado e mais a frente a casa do Tuiuiú, um roceiro, simples, que vivia conforme Deus mandava, arrumando-se daqui e dali e reciclando e inventando a vida, um forte. E a nave? Teria passado por ali? O caipira desconversou, mas vimos um opala, enferrujado, sujo e com cheiro de uso recente. Por fim, o Tuiuiú, mostrou o seu possante. Um Decavê psicodélico e cor fosforecente que pintou com restos de tinta que encontrara por lá. Ao entrar no veículo, levantou a porta que, se o chofer não sentasse segurando, não fechava; assim fazendo sentou no estepe, seu banco, e nos ofereceu um lugar no outro estepe do carona. Não tinha para-brisas. Os buracos dos faróis traseiros serviam de espia e um rato pulou de dentro, ao acelerar matou uma cobra no pedal, funcionou um pouco com muito barulho e morreu o motor por falta de combustível. Este cheiro de querosene recendia ao acionar o motor e o tanque... um galão plástico que emprestara do Cláudio, a pretexto de pegar água do rio, era o tanque conectado por umas borrachinhas toscas. Tuiuiú abriu o capô, olhou a última emenda que fez e ligou a coisa, que balançava toda e estourava, mas...plum, ploft, a “nave” engasopou. Na volta a pé vi atrás de um capinzal uma bobina de avião, um nacele, um insetário com borboletas, besouro e vaga-lume no alfinete velho, que mistura que o caipira ia fazer agora?!
Apressei o passo e o Cláudio não percebeu, mas lá tem coisa. 
Este Tuiuiú é danado e deve ter algum projeto em mente, difícil vai ser ele contar, melhor é esperar o novo susto do Cláudio.

Aos que estão pensando em presente de Natal temos exemplares do Ciladas do Androide ainda. Deixe um endereço para entrega e deposite na conta, chega aí rapidinho. Talvez seu filho, seu sobrinho se divirta com um androide caipira. 

sábado, 1 de dezembro de 2012

 

TRISTE

 

E-mail para Deus

Por que você está fazendo isso com meu pai? Eu tenho que fazer o Seu papel do lado dele e dizer palavras que nem sei dizer. Pensa que sou de ferro, assim não dá. Faça a Sua parte. Eu conheço teologia, filosofia e sempre Lhe dei uma boa imagem, em maiúscula. Todos O adoram. Agora pegou a orelha dele, o mata aos poucos, ora, quer se vingar, não precisa de tortura.  Se pensa que vai safar dessa está muito enganado, vamos nos defrontar ainda e Você vai ter de explicar. Somente me deixe recuperar o juízo gasto em noites de insônia, você vai ver.  Covardia não. Você sabe o que está fazendo com a gente? Por certo algum pretenso seguidor Seu vai ler um versículo bonito e Seu silêncio continuará. Ora essa, seu Silêncio já me serve, para quem não tem nada de Seu, mas não deixe meu pai assim e nem precisa responder a este e-mail, não falo aramaico mesmo (confesso aqui, é mentira, não falo língua nenhuma e sou um pretenso escritor e blogueiro, vivente e nada mais e muito triste hoje, até impertinente, contrariado)