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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 26 de janeiro de 2013

Talvez o pirmeiro olhar para um trabalho caseiro não seja muito atrativo, visto que hoje tudo é comprado no mercado, e no mercado de livros, mas fiz um projeto desde o início para lançar uma autobiografia, inclusive minhas traquinagens na área da imprensa gráfica.
Assim como meu livro trata do meu processo de crescimento, uma biografia incompleta, meu trabalho mesmo que inacabado, não vai queimar etapas. Creio que a vida não se resume a livros, e neles tem de ter lugar especial. Grato aos compradores e principalmente leitores da obra.
CRISES DO FIHO DO MEIO e de todos os filhos MEMÓRIAS E LENDAS
Depois de escrever e reescrever várias vezes uma tentativa de memórias e recordações, uma pequena biografia deparei-me com o título, o tema de muitas vidas, e da minha, A crise do filho do meio e dos filhos em geral, mas a recordação nunca é precisa, vem acompanhada de “pegadinhas do destino”, com histórias da família que acrescentam um ponto e algumas interrogações até, crises nos levam a questionar.  Foi assim que fui forjando o livro que ganhou vida e status de obra.
Personagens que jamais sonhara em colocar vieram das sombras e tomaram forma à luz deste tema e das lembranças caras como o inspetor de quarteirão Heitor Lobo, como os vizinhos do final da rua, a alma-do-outro-mundo, a porquinha fujona, a mulher beija-bunda, seu João que tomava pinga na mamadeira, o tio das onças, a horta e muitos outros que esticaram o livro.
A obra contempla o passado, mas não é um passadiço de saudosismos, é a força vital de construção e quebra de ciclo, as crises. O ciclo familiar é reminiscente mesmo no velho e a criança ainda é jovem no idoso carregado em maca, a interioridade tem das suas.
Há uma trama que se compõe de capítulos interligados e sucessivos com os diálogos das personagens. Meu irmão fez o prefácio e alguns dos irmãos confessaram que foi isso mesmo. Foi? Era assim ou assim foi visto por gente miúda que agora se vê a si mesma, mas é bom se ver no colo de um pai amoroso, em pleno vigor da infância, ou sentir como nas primícias da vida. Pular, brincar, correr “nos campos do senhor”, sem culpa; nem sempre...       
Assim vejo o meu processo, mas o leitor relaxe, o texto é bem fluido e sem complicação, com sabor e vibrante até, mesmo em crise se pode ser muito feliz. Mas quem disse que aquilo era crise? Para uns não, para outros sim, para você leitor pode ser mais um modo de ver as coisas chãs. O chão é próximo das crianças e das nossas experiências mais palpáveis.
Só resta perguntar se tudo isso está no livro, está. E finalmente, saiu o livro porque maduro, todos os acontecimentos fecharam como que num ciclo vital. A família nas Glebas Califórnia e depois no bairro alto onde meus pais residem até hoje.
Saudações do filho do meio.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Segundo J O Ã O

Amigos e amigas, grato por me lerem. Hoje faço uma reflexão sobre João e que vinha borbulhando há muito no meu cérebro. Espero que gostem do texto singelo que vos apresento. Como escrevi de imediato, espero que não tenha muitos erros; se tiver, corrijam-me.
Grato.
O blogueiro
Camilo
Segundo João
São João completa seu evangelho dizendo que se todas as palavras e atos de Jesus fossem escritos não haveria papel suficiente no mundo, ou dir-se-iam, pergaminhos. Tudo bem, João, hoje já destruímos muitas florestas para fazer papel para dar ao livro o papel que achamos que tem e não precisamos dos pergaminhos enrolados do mar morto, nem de fornecedores da cidade de Biblos.
João, descrito como um mancebo que se evadiu nu deixando a túnica na mão dos soldados que prenderam Jesus no Getsemani, no lugar que o mestre traído suara sangue pela forte angústia.  Evadiu, fugiu não, voltou de longe acompanhando a via-crucis como podia. Entrou no lugar onde estava o prisioneiro e pediu no lugar que se deixasse Pedro entrar, este assim dentro e amedrontado negou por três vezes, mais tagarela que o galo do vizinho.
O tema da fonte João, esses compilados da vida e obra de Jesus são chamados fontes, porque vêm da tradição e dos vários copistas que escreviam conforme profetizava o discípulo. João é chamado é comparado à Águia dos evangelistas, mas é mais manso que uma pomba e mais astuto que uma serpente. Durante toda a repressão e perseguição aos cristãos morreu de morte natural, consagrando a profecia de que “este ficará”; dos apóstolos foi o único a não sofrer martírio na morte. Sobreviveu a prisões, perseguições, escreveu o apocalipse (revelação) como uma carta às igrejas, inclusive a de Roma, chamando esta de Babilônia para não revelar o local dos cristãos que praticavam seus rituais nas catacumbas, cemitérios subterrâneos do trono imperial.
De tudo sobreviveu João sem medo, seguindo talvez o conselho repetidas vezes no evangelho de “não tenhais medo”. No filme Visão de São João ele é preso e dá testemunho de sua crença e fé, do destemor ao homem e às coisas temporais. Um jovem preso com ele se revolta e é um alto dignitário em desgraça. João pergunta por que está tão revoltado e o jovem responde que foi Roma que lhe pôs lá sob condições inumanas. E João reflete e profetiza: Não, não foi Roma que te pôs aqui. Elegeu um culpado para os seus problemas e bem à vista, ninguém gostava da opressão romana, mas mesmo assim, era verdade?
Queremos escolher o lugar da nossa felicidade e esquecemos o lugar que o Amor ocupa, o Amor ocupa o lugar que ocupamos, não que usurpamos.

domingo, 13 de janeiro de 2013

        Amigos, grato pelos acessos de carinho e atenção a este blog. Grato também aos que adquiriram Crises do filho do meio - Memórias e Lendas. Sou eternamente grato, não só porque adquiriram, mas porque lerão minha obra. Hoje posto um texto bem humorado e do cotidiano de casais.  Estou com problemas para postar imagens, antes tão fácil - coisas da net.
O blogueiro
        Contas de travesseiro
São um, dois, três... Três carneirinhos brancos e macios que pulam a cerca. Que carneiro? Gritou o marido, que acordou a esposa divagante. Eu conto carneiros, ora! No terceiro já estou dormindo, viu! – disse ela.
O marido não dormia. Nas contas de travesseiro era dinheiro e se alguém interferisse soltava a tropa, colérico. Então a esposa o aconchegava e o meninão dormia recostado ao seio, entremeio a cafunés gratuitos dela. Em sonho fazia contas e cobrava dívidas, em cujo estado mental tinha um haras. A mulher virava-o com um pouco de esforço e o homem pranchava fungando no travesseiro da cama, num sono como num laço. No quarto se misturavam carneiros e cavalos num mesmo curral. Puros sangues e puros pelos.
O filho do berço ao lado deixava a chupeta e ia puxar o rabo da imaginação, dos cavalos que batiam o pé junto ao seu berço. Os pais acordavam com um choro e depois um sorriso de espasmo. Com o que sonhara o malandrinho a essas horas da madrugada? Com os carneiros da mamãe ou com os cavalos do papai? Não se sabia, mas a frauda estava úmida e com uma mancha em destaque. Levanta-se a mãe e o amamentava com a canção do “cuca vem pegá”. Como a cuca nunca vinha o bebe sempre dormia como um Jesus da manjedoura depois. Assim devolvia o bebê por sobre a guarda do berço e ia contar os seus carneirinhos, ao lado dos cavalos de raça do marido. Na madrugada o choro de guelras do recém-nascido vinha à tona, o breu do quarto assustava àquele a quem a mãe dera a luz. Risos de espasmos e visão disforme, via pelo tato o que os pais pensavam ver, cuthi-cuthi. Nem aprendera números reais ouvia os pais contarem bichos imaginários e era obrigado a povoar o seu inconsciente de repetições bizarras, porém, naquela idade não podiam regurgitar e a má digestão do jantar engendrava presságios ao casal.
Certa vez, o marido acordou em balbucio de um pesadelo: são um, dois, três... Três cavalos de raça! Eles estão fugindo e valem um dinheirão, segura! – sonâmbulo, dava voltas no quarto na frente dos cavalos imaginários, tentando cercar. Não aguentando o bater de cascos, a mulher fechou a janela e “segurou a tropa” do homem, que falava dormindo. Que cavalo? Disse a mulher enquanto balançava os ombros dele, que lamentava sentado na cama e olhando para o chão – perdi os cavalos, fugiram. A mulher tentava contornar o momento ruim, dizendo: Não perdeu, não; eu compro de volta. “Mas com quê dinheiro, querida?” E ela disse calmamente: não se preocupe, eu vendo meus carneirinhos. Não, gritou ele - Sem dinheiro se vive, mas sem lazer, não.

domingo, 6 de janeiro de 2013

HUGO CABRET
 
A história passa-se depois de 1900, vê-se a torre Eiffel já de construção dessa época. Era vitoriana em que as crianças eram tratadas como adultos, concorrendo para elas os mesmos deveres destes.  O furto famélico, de um pão, era tratado como crime e crianças assim se tornavam “criminosas”. A  História conta que, principalmente na Inglaterra (o enredo se passa na França), os empresários requisitavam órfãos e mulheres para as fábricas, que era mão-de-obra barata.
O menino Hugo Cabret passa pela orfandade com muito esforço em permanecer livre e conquistar um trabalho na profissão do pai, relojoeiro e consertador de engrenagens. O filme gira em torno de um conserto. Do quê? Materialmente é de um autômato, um robô, que o pai de Cabret morre antes de consertar e que pertence a alguém que o abandona. Há uma história singela por trás.
O que é o robô, o que são engrenagens, tecnologia da época, de cujas eram as esteiras e máquinas, onde a eletricidade era gerada com manivela e eletroimãs? Uma das respostas aparece quase ao final.
Hugo sonha que está salvando o robozinho na vala dos trilhos do trem, que ao parar, derruba toda a estação central, cujo lugar se tornou o seu lar. Noutro pesadelo, o menino sonha que está se tornando ele mesmo no robô – como se a máquina tivesse ou algo tivesse o poder de o transformar. Sonho premonitório, porque no enredo “real” do filme acontece, não igualmente, mas de forma análoga. E quem é o robô que salva das linhas trem e de cujas foi salvo pelo guarda de perna mecânica que o perseguia? O diálogo com o criador da máquina responde.  Cabret se desculpa, desconsolado, salvou da destruição completa, mas quebrou ao cair; ao que, o criador do robô abraça a máquina que há muito construíra e diz que estava perfeitamente bem para o que precisava. Ou seja, depreende-se que o valor era sentimental e um símbolo de tudo que recuperara de sua vida e de seus sonhos, mesmo com uma máquina quebrada as engrenagens do seu cérebro voltaram a funcionar – o robô era uma “mera simulação”, projeção.
As engrenagens e os relógios dão o tom aos sonhos da época. Marcam o tempo, o temo é tudo diz o tio de Cabret, que morre no rio Sena e deixa a estação toda aos cuidados do órfão que vive num contínuo despiste ao guarda de perna mecânica e miolo mole, bem mole, e que representa a autoridade da época – ou seja, meninos podem ser bons ou adultos maus. A estação que guarda este homem de uniforme e perna mecânica é por onde a vida de todos passam, sob relógios de idas e vindas de trens, só Cabret permanece na torre, entre as engrenagens. Há algo mais simbólico?
O diretor Scorsese fez uma obra magistral, mas poderia ter feito melhor em minha opinião, pois não colocaria o Ben Kingsley no papel do criador do robô, pois este personagem devia crescer no final e Ben Kingsley, a meu ver, não conseguiu fazê-lo mais que esforço – nesse papel seria outra pessoa, um ator, que se esforçasse para ser duro no início e se desvelasse humana no final. O protagonista de Gandhi é duro, um ator duro. A escolha de Scorsese foi difícil e tentou com Bem. Eu talvez escolhesse outro final, colocaria uma personagem de viagem na história, para dar a sensação do transitório, uma pessoa comum que saísse daquele vai-e-vem em que as crianças trombam e que quase passam sobre a menina em suas pressas.
Os interessados por um exemplar do meu livro Crises do filho do meio contatem-me no e-mail camilo.i@ig.com.br ou nas mensagens do face, eu lhe faço chegar a sua casa, hotel, apartamento, jardim, palácio, e... vou te levar pelos caminhos das Glebas Califórnia junto com o quase-gêmeo e baso.