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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Meus amigos, desculpem-me por alguns erros e pelo atraso em postar, mas estou vivendo um período deveras pesado com enfermidade em família. Meu pai encontra-se acamado, alimentando-se por sonda e sem poder abrir os olhos de tão fraco e acometido pelo mal do parkinson. Quando comuniquei meu ingresso ao seminário religioso ele, enquanto carregava um saco de arroz nas costas (éramos feirantes), parou e disse-me que não importava e o que fizesse que fizesse bem feito. Em meio a esse turbilhão de coisas, lanço meu segundo livro, um romance, e bem feito, o melhor que pude.

O Seminário (meu segundo livro)
Com o tempo, vemos que outros vão saindo, quem menos se desconfia. Mas fulano, parecia com tanta vocação e aquele que só usava hábito saiu também. Muitos amigos ex-seminaristas hoje são advogados, empresários, professores, médicos, políticos, comerciantes e pais de família. Não tinham vocação? Só se vê vocação no âmbito religioso do termo, o senso comum não percebe que vocação é algo que se forja, não se impõe com um hábito surrado na sacristia de um templo. Não deu padre exprime uma ideia acabada, mas vaga de ser; padre não é um ser, é uma função religiosa dentro de uma instituição, “a pessoa” é o ser. Não há vocação sem uma relação real na sociedade humana, de pessoas.
Por que padre não casa? O que fazem lá dentro? Estuda muito? Vive de mordomia? E... por que você saiu? São algumas perguntas que se faz sobre o seminário religioso católico. Neste segundo livro meu eu me debruço sobre o tema em forma de romance, como seminarista que fui. Preferi fazer em forma de romance e trabalhar as questões pela visão do protagonista Teófilo. Este seminário é um casarão enorme, de janelas, labirintos e passagens secretas e escusas. O mundo deste seminarista, nem sempre real. Lá o protagonista tem o contato com muitas facetas da vida, inclusive com o sexo feminino, a misoginia e uma vida que sente esvair-se das mãos. Está ansioso por descobrir coisas novas e definitivas. O leitor verá pelos olhos de Teófilo.
Eu, autor, quando saí do seminário religioso há trinta anos a pergunta era: por que você saiu? Mas o curioso já tinha a resposta ou a reprimenda, vejam: Lá que é um lugar bom, separado do mundo, este mundo está perdido. Melhor é não casar mesmo. Vocês eram muito bagunceiros, não rezavam, né. Não foi padre, tem que casar. Eu avisei que padre, hum, esse negócio sempre me pareceu esquisito. Legal, servir a Deus, mas por que você saiu? Lá você não precisava trabalhar e tinha do bom e do melhor, saiu por que, tonto? É bom, mas não tem mulher, heim? Já pensou quantos livros você poderia ler, quantos cursos fazer, depois você saía, otário; tem nego que já fez até medicina, jornalismo, psicologia e você... Volte sempre, eu vou ficar no seminário; ah, hoje estou indo para o Rio de Janeiro para participar de um encontro, adoro viajar, ah, ah. Você sai do seminário, mas não deixa os livros de filosofia, não sai de casa, nem vai mais às missas, de que adiantou?
Meu livro O Seminário é um vislumbre. Longe de mim querer contar a vida das pessoas exatamente como eram ou como são, não sou tão pretensioso, não tomarei o lugar de Deus; mas foi o melhor que pude e me espremi para ter um romance de bom gosto, sem redundâncias, de tramas fantásticas e reais das questões confessionais, religiosas e humanas. Se puderem, leiam O Seminário. Eis a sinopse: “A história se passa num seminário grande, de dois andares, um casarão antigo de frades. A morte de Olderick reabre a discussão sobre um fato antigo, o da morte de Adelmo em 1940, noviço e autor de um diário desaparecido. Adelmo é tido por suicida. Duas mortes semelhantes em épocas diferentes, os corpos são encontrados de manhã caídos no jardim sob a sacada. Coincidência? Talvez. Mas ainda outra morte da mesma sacada e os ataques aos seminaristas nas cercanias do Seminário põem em dúvida a tese da simples coincidência. Os moradores desconfiam de alguém furtivo pela casa antiga, de muitas janelas, portas e passagens secretas. Talvez o diário de Adelmo ou as anotações de Olderick possam elucidar o mistério, mas o jovem Teófilo vai descobrir coisas que nunca imaginou em sua vida e talvez nem você.”

sábado, 19 de fevereiro de 2011





Você tem medo de santa-cruzes, eu também tive, mas vejam meu texto abaixo e grato pelo acesso.
O blogueiro.



Santa cruz

Essa daí, compadre Cláudio?
O compadre da cidade ficou a olhar sem dizer quantas lembranças lhe traziam o monumento caipira. Tem história, isso tinha, mas contar assim com as palavras não dava. Eram muita coisa para dizer assim! Assim reza o jeito de contar dos caipiras. Solene, calmo, discreto, com respeito. Caipira quando conversa, gosta de ser ouvido por Deus e pelos homens.
Sem mais palavras, tratei de ir formando palavras débeis de meu texto, mas uma névoa em minha mente trazia tantos eventos que fiquei grogue. As palavras corriam em meus dedos como uma psicografia. Os mortos respiravam naquela gruta quente e simples, envolvida com capim e pintura velha. Olhei para o compadre, em seus “zóio” pequenos e úmidos e sem dizer uma palavra. Era ali que a tantas procissões viera. Tantos irmãos caboclos encontraram-se, tantos pais-nossos e ave-marias rezara, tanta fé manifestara sem nenhum conceito de teologia. Se perguntasse a ele quem era Deus por certo responderia o que o padre disse, mas sua fé ia além, inclusive das minhas palavras. A tábua solene em cruz, cheirando a jasmim dizia mais que uma assinatura autoral, falava de vida que só se traduz com vida. Pobre escritor, “empiastro tradutore”.
O lugar era numa subida de curva da estrada, flores brotavam entre algumas ervas aromáticas, plantadas ou nascidas a esmo, não sei, mas parece que nunca saíram de lá. Era como se a terra emergida do oceano há uma eternidade estivesse sempre daquele jeito. Ninguém ligava para a tal santa cruz, era como uma entidade, um portal em meio ao sertão, desolada e somente os ventos a percebiam ali abandonada pelos homens.
Descemos a casa de noitinha. Uma luz se postou lá encima na forquilha do madeiro. A lua viandante corrigia aos focos a guisa de um iluminador secreto, e sempre na montanha aparecia a santa cruz com velas que alguém acendeu no seu interior e fechou a portinhola de vidro. Mas depois naquela noite choveu tanto que só deu para espiar da veneziana de casa. A santa cruz imponente. Os pingos fortes nos relâmpagos sobre a gruta. Parecia que o rutilar incomodava os mortos, mas não, a santa cruz protegia a vila dos raios, disseram-me.
No dia seguinte ia-me embora com meu texto, mas ao passar lá, meu amigo que ia junto parou.
- O cê num vai acendê nem uma vela?




O Seminário Sinopse:
A morte de Olderick reabre a discussão sobre um fato antigo, o da morte de Adelmo em 1940, noviço e autor de um diário desaparecido. Duas mortes semelhantes em épocas diferentes. Coincidência? Talvez. Mas ainda outra morte da mesma sacada e os ataques aos seminaristas nas cercanias do Seminário põem em dúvida a tese da simples coincidência. Os moradores desconfiam de alguém furtivo pela casa antiga, de muitas janelas, portas e passagens secretas. Talvez o diário de Adelmo ou as anotações de Olderick possam elucidar o mistério, mas o jovem Teófilo vai descobrir coisas que nunca imaginou
Preço de capa: R$23,00. Já reservou o seu? Faça pelo e-mail camilo.i@ig.com.br

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Grato aos leitores pelas quarenta e oito visitas. Se quiserem comentem ou critiquem o blog ou o blogueiro.
Suor e lágrimas, assim é a vida humana. Ambos inexplicáveis, a não ser fisicamente. Este texto abaixo é sobre.

Lágrimas .... Lágrimas................,
Temo tocar a presença daquele pano úmido de lágrimas nas pontas, como envolto por uma aura. Esse desconhecido mundo das lágrimas! No sofá, a coberta em panejamento como sombra de um crepúsculo absorvido pela janela. Coberta desarrumada e retorcida como sudário, pelas convulsões de um corpo invisível que quer ressuscitar. Algumas pétalas vermelhas jazem no estofo e no vaso um caule verde, mas lembro-me da espinhada no dedo em colhê-lo abrupto da roseira. Mesmo assim, curara a mim antes e, ao depois, ferida foi ornar a mesinha com o vaso azul dela. Na porta dos fundos ouço um choro canino. Percebeu-me na casa? Parece um choro de filhote, baixinho. Será que os cães nunca crescem? Tem água e comida lá!
Volto ver a coberta sobre o sofá – não a que o recobre, mas a que desvela uma presença, um calor ainda latente. Alguém que passou por mim e deixou um suave perfume. Esse espaço imantado permanece como um tabu e limito-me a um passo, torcendo o nariz para o sobrenatural. O drapeado do tecido encontra-se tal como deixado da última vez, plasmado por quem amo. Mas para onde foi? Vejo as sombras projetadas, as cortinas soltas, a fremir uma imagem de reflexos sucessivos, um momento contínuo da janela entreaberta. Aqui a deposição, a capitulação e um véu balouçante ao sol, mas nada foi perdido! Vou puxar esse pano de um golpe como fazem autoridades que descerram mármores, e jogá-lo na máquina de lavar, distante dos meus olhos, mas minhas mãos obedecerão? Elas amaciaram com o tempo ou foi o efeito da espetada na roseira? Não doem, mas tremem conforme o que tocam, suplantam meu cérebro.
O cão arranha a porta, insuportável, vou abrir. No corredor sem marcas alguém se segurou, guiou-se por um corrimão invisível do quarto a sala. Na cozinha lavo as louças de ontem e o cão entrou e foi direto ao sofá, nos braços dela. O cão a viu! Ele pula e lambe e mordisca e levanta o focinho e arfa, quer brincar, entreter-se. À noite ainda ouço a respiração forte de um desejo, forte, roçando meus ouvidos como os ventos de outono, na noite fora.
“O essencial é invisível aos olhos.” – Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry

SINOPSE DE O SEMINÁRIO
A história se passa num seminário grande, de dois andares, um casarão antigo de frades. A morte de Olderick reabre a discussão sobre um fato antigo, o da morte de Adelmo em 1940, noviço e autor de um diário desaparecido. Adelmo é tido por suicida. Duas mortes semelhantes em épocas diferentes, os corpos são encontrados de manhã caídos no jardim sob a sacada. Coincidência? Talvez. Mas ainda outra morte da mesma sacada e os ataques aos seminaristas nas cercanias do Seminário põem em dúvida a tese da simples coincidência. Os moradores desconfiam de alguém furtivo pela casa antiga, de muitas janelas, portas e passagens secretas. Talvez o diário de Adelmo ou as anotações de Olderick possam elucidar o mistério, mas o jovem Teófilo vai descobrir coisas que nunca imaginou em sua vida e talvez nem você.
Camilo Irineu Quartarollo
Preço de capa: R$ 23,00 + postagem
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sábado, 5 de fevereiro de 2011

O texto desta semana dedico ao meu irmão quase-gêmeo, temos vinte meses de diferença de idade e brincávamos juntos quando crianças. O tema que postou no seu blog http://blogs.jovempan.uol.com.br/quartarollo/ é sobre texto que o Luís Fernando Veríssimo teria escrito na net e, como muitos textos atribuídos a ele, este também não era, mas deu um bom gancho a esta crônica...


Luís, o Big Brother

Quem escreve os textos que o Luís Fernando Veríssimo escreve? Eis o paradoxo.
Diz o autor, em carne e osso, que os textos que circulam pela net, twiter, não são dele. Diz que tem outro “você” por aí nesse mundo virtual da net. Confessa-se sem essa máquina de pega-trouxa (friso meu, hem) de twiter.
A net é tão rápida que nem dá tempo de assinar os artigos, o jornaleiro corre mais que o jornalista. Os jornais envelhecem – tem-se de ler de manhã, à tarde a TV ou a net já o tornou obsoleto, leito para cocô de cachorro. Alguns atrasados como eu ainda o releem enquanto cuidam dos animais.
Caso é que o povo, o escritor jovem, o rebelde, o descontente com o status quo, quer se manifestar e ser ouvido como o Luís Fernando Veríssimo. O homem é um poço de inteligência e humanidade, simples que aparenta a simplório, com seu longo nariz vermelho e uma timidez robusta de um papai-noel sem barba. (mas não é o papai-noel também). Diz ele na sua coluna que não escreveu sobre o Big Brother, pois não assiste ao programa. Dá a entender que por puro desinteresse, ingênuo ou genuíno (adjetivos meus) – está desprogramado, não lhe puseram a grade de show em sua cabeça.
Outro caso é dos pseudônimos (nomes falsos). Na ditadura, o autor do Leite Derramado, não transbordava como Chico Buarque, mas Toninho da Adelaide, nos tempos duros de Vargas, Marques Rebelo escreve o trapicheiro, mas na verdade é Eddy Dias da Cruz. Para o escritor ou escrevente participar de concursos literários tem de se inscrever com pseudônimos, para não se ter privilégios na seleção – ganhar concursos literários, por vezes, é um sortilégio, nunca ganhei nenhum com os meus pseudônimos – vou colocar algum melhor, talvez Gaúcho da fronteira, analista de Bagé, epa, não vou escrever todos aqui, que daí não vai sobrar nenhum criativo para o próximo concurso. Já para o Nobel e outros títulos concedidos tem de se ter NOME e como para o Obama, concedido como “voto de confiança” (nunca vi título assim, mas deve ser coisa de Estocolmo, se não virar síndrome...).
Uma coisa é certa, cada vez que Luís Fernando nega que são seus os textos, eles ficam mais veríssimos, o pseudo autor mais famoso e o autor mais anônimo – talvez o Luís quisesse ser o anônimo, que escreve tão bem, segundo ele mesmo. Todavia, quando o vejo, de um perfil bem brasileiro, calado, humano, acho que Deus devia lhe ter dado um irmão gêmeo. Eu tenho um quase-gêmeo! E aproveito para dizer que também não tenho twiter, celular, fax, não sou o Luís Fernando, nem o Jabor, ninguém me conhece, sequer por quinze segundos. E por que estou escrevendo isso? Ora, nem eu sei, mas o jornal me deu uma pontinha. (Publicado no blog do quartarollo (jovem pan) e no jornal de Piracicaba.)
SINOPSE DE O SEMINÁRIO
A história se passa num seminário grande, de dois andares, um casarão antigo de frades. A morte de Olderick reabre a discussão sobre um fato antigo, o da morte de Adelmo em 1940, noviço e autor de um diário desaparecido. Adelmo é tido por suicida. Duas mortes semelhantes em épocas diferentes, os corpos são encontrados de manhã caídos no jardim sob a sacada. Coincidência? Talvez. Mas ainda outra morte da mesma sacada e os ataques aos seminaristas nas cercanias do Seminário põem em dúvida a tese da simples coincidência. Os moradores desconfiam de alguém furtivo pela casa antiga, de muitas janelas, portas e passagens secretas. Talvez o diário de Adelmo ou as anotações de Olderick possam elucidar o mistério, mas o jovem Teófilo vai descobrir coisas que nunca imaginou em sua vida e talvez nem você.
Camilo Irineu Quartarollo
Preço de capa: R$ 23,00 + postagem
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