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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

domingo, 23 de junho de 2013

Amigos do blog, este é um texto de 1988, de minha concepção, vejam se está bom. Creio que esta concepção ainda persiste nas minhas crônicas.
Blogueiro fora de órbita
O mundo 
Este mundo cotidiano é uma loucura. Existe algo que só o sabemos quando se foi. Existe um eixo imaginário onde giram todos os fatos e se reciclam derivando-se pelos impactos do mundo. O eixo nunca está no mesmo lugar, mas os fatos não se reciclam sem ele. Nada é igual a ontem.
Engraçado, sem querer, já não somos os mesmos. Nem nos demos conta e morremos, de alguma forma morremos, até o dia em que admitimos e percebemos “o” mundo.
O mundo também é: o palco depois do show, sem cortinas e luzes. Também são os ratos que roem o grande queijo cósmico nas noites esdrúxulas dos roedores insones. São as galerias de esgoto da cidade que dorme. O mundo também é a falta daquele barulho das ruas, dos sorveteiros, de crianças, dos pobres, das prostitutas e donas de casa. O mundo também é papel da pessoa humana comum. Quando nada e ninguém existe para nós emerge “o” mundo. Morremos. Percebemos que algo nos levou a isso, a esse mundo. Não há felicidade ou infelicidade por buscar, não sentimos ambição ou posse de nada e ninguém, só existe o novo, o incomensurável, fantástico e gratuito novo.
Os ratos tomam de assalto o palco depois do show, sem cortinas e luzes. Eles consomem as palavras dos textos da peça e as peças dos personagens do texto que depois ratificam-se.
O ruído dos roedores repercute na noite esdrúxula dos humanos furtando e frustrando sua grande maça cósmica. Não pode dormir seus filhos a pensar a ilusão dos seus sonhos. Na noite seguinte, entre as suas sombras, ele vai procurar os ratos em sua cena. O humano ser tem de apresentar-se na vida mesmo que em pele de rato.

Um comentário:

  1. ... e, como estamos revirando esgotos à céu aberto e nominando 'os ratos'... de uma certa casta, hein Camilo! Post atualíssimo!!
    Abraço, Célia.

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