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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 7 de janeiro de 2012


Plantão de natal

Amigos, neste mundo sempre tem alguém aproveitando-se da fé alheia, todavia não há como viver sem fé, os que se aproveitem tem fé que se beneficiarão, mas na longa escala sucessiva de boas e más obras quem sai ganhando? Veja o texto que posto, dos ditos reis magos, os santos reis. rsrsrs
Os meliantes foram alcançados perambulando pelos bares da rua perdida, mais um golpe de natal. O conhecido golpe da branca de neve ganhara um derivativo no jargão da malandragem, o golpe das mil e uma noites. Um abordava a vítima com mil histórias, de castelos, de casamentos felizes, de vida feliz, enquanto outros dois pegavam a bolsa, de repelão.
Não desta vez, foram capturados - a polícia estava atenta e vigilante por aquela região de muitos ilícitos. Tentaram evadir-se, mas foram cercados os três. Eram três exatamente, todos bem vestidos como árabes, pareciam saídos de uma festa a caráter ou mais um golpe e assim foram para o camburão com os produtos de furto, uma testemunha os apontou parados na esquina, à espera da desova da muamba. Estavam atravessando a fronteira do suportável e o dono da área não gostou, mas estes ao menos estavam detidos.
O distrito estava pouco vazio pela data de natal e pelo efetivo estar em rondas. Os meliantes falavam entre si e nem uma palavra em principio, talvez aguardassem o advogado. Os apetrechos e produtos de roubo foram colocados sobre uma mesa, tudo imitando bem o estilo oriental. Um deles fez uma mesura com os sinais respeitosos, mas não convenceu homens acostumados a lidar com vigaristas e ladrões da região. O delegado, inclusive, já prendera ladrões de bancos e fizera parte de forças-tarefa.
Foi lavrado um B.O. costumeiro à máquina nesta véspera de natal, porque o computador de B.O travou. Constou do boletim a descrição dos elementos suspeitos, negro, mestiço e caucasiano; estes apanhados em flagrante, enredando uma senhora com as historietas acima mencionadas, no poder dos meliantes havia dois potes de fragrâncias, uma barra enorme e quadrada de ouro puro. Ouro! A coisa era grande, talvez uma quadrilha de contrabando. O delegado tentou inquiri-los, mais falantes então, vieram com as histórias para cima dele também. Não ia colar nem no natal, ora vejam, riu o delegado.
“Então vocês são os reis magos, ahaha, mas eu não sou o papai-noel! Tremendo caras-de-pau!” - O delegado foi duro, como o coração que não se verga, nem prevarica. Os meliantes entreolharam-se e afirmaram não crer em papai-noel, mas que eram os magos, eram. O celular tocou, já amanhecera, o filho aguardava o “papai-noel” que vinha com um revólver no coldre e um presente escondido. Meu Deus! O presépio do meu filho – lembrou-se.
Chegando a casa, trocou de roupa e foi montando com areia, burrinho, manjedoura, gruta, patos sobre um lago de vidro, borbulhar de água com bomba de aquário para descer em véu, alguns edifícios de permeio e luzes multicores, um distrito policial que lembrou na hora, e... pronto, filho! Aí está.

( Este texto foi publicado pela A Tribuna Piracicabana em 02/01/12)
Tudo de mentira, comprado em loja, mas convincente - acercou-se.
- E os reis magos, pai?
- Estão presos, filho.
- Não estes, pai, os de verdade!!!

Um comentário:

  1. Caro Camilo... sua acidez humorística super adaptada aos conceitos legais de hoje, fizeram-me rir ao ler seu texto! De certa forma, já fomos avisados desde a era cristocêntrica que passaríamos por tais situações exdrúlas de vandalismos ligados a uma piedosa (ou mendigante) fé... fé de mais... ou fé de menos, mas sempre fé! Abraço, Célia.

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