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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 14 de janeiro de 2012


Amigos,


hoje posto como um artista na fase blue. Queria até deixar de fazê-lo, me recolher um pouco, afinal, meu trabalho e paixão literária não tem nada de mercado por trás e se houver hacker que dessiminem tudo bem, acho. A literatura já me dá alento em muitas crises e aconchego entre tantas outras. Agradeço aos leitores meus que os incomodo oferecendo meu terceiro livro e quando posso ouvir deles também, eles é que fazem minha vida e personagens viverem, são o elo importante nessa humanização do escritor. Escrever na solidão é triste, temos de ter um diálogo, mesmo que com duendes, mas as pessoas reais são as que nos motivam, o amor, a amizade, o prazer de ouvir as coisas e imprevistos acontecendo. Espero um dia bater à sua porta.


Hoje, o tema é de uma coisa que tive de aprender: o silêncio. Dei o nome de borboletas azuis, leiam:


Borboletas azuis
Agora acamado, senil, ele fica a pegar coisas no ar. Eram borboletas azuis, vejo pelo giro das mãos brincando com os tais coleópteros, imaginários... azuis, eu os vejo também. Do longo contato, restava-me ver o que vê, que da sua vida gerou a minha em solidária completude, ele, um rosto estranho em princípio de meu nascimento e no qual venho me assemelhando por obra do tempo e da natureza.
Próximo aos lençóis brancos de suas expiações um silêncio subsiste, tudo foi expiado. O perdão mútuo. Um silêncio como um fio tênue de nossas existências que flui e um refluxo de imagens, ora vividas, ora descartadas, repetidas, uma paz sem nada para guardar de um momento que é tudo. Por vezes a vida são laços dormentes, pesadelos que nos sacodem da cama, não agora; o estar simplesmente e nada mais. O ambiente familiar. Não pediu nada em minhas auto cobranças, sinto que quer que eu seja um simples vivente, eu mesmo – a vida não será perfeita e, ao terminar, muito se deixará por fazer e todos os dias, repetir e lembrar-se será refazer os sulcos do rosto e tirar o pó da existência.
Sua voz vai se calando, suas palavras deixaram o timbre e os pensamentos como que não vibram. É a doença diria. Não é isso, ele fala, mas é inaudível, incompreensível e isso numa família de pessoas falantes, porém agora, talvez seja essa a forma irrecusável de vê-lo, de se comunicar. Assim, sem a turbação de palavras, de nenhum vernáculo e com a visão suave de algumas borboletas invisíveis rondando e pousando no seu leito. Invisíveis e azuis; azuis, insisto.
(Dedico ao meu pai Alessio Quartarollo)
Nota: Sou autor de As ciladas do , e quais são elas. O livro descreve os programas e subrotinas que o robô-androide vai acessando e se perdendo junto com seu Silas por minha cidade mesmo, Piracicaba. Os que se interessarem, o valor de capa é 15,00 e paga na confiança, deposita quando puder. Leia antes. Me contacte pelo e-mail quartarollo.camilo@gmail.com


Um comentário:

  1. No silêncio, nossas "borboletas mentais" tornam-se nossas eterna companheiras! Escrever é um ato solitário, mas bem que poderia ser solidário, onde todos opinassem com total isenção de inveja ou rancor; apenas com a visão colaborativa! Utopia... eu sei... passo pelo processo. Sigamos. Estagnar, jamais! Que voem as borboletas, azuis ou não... livres, como o nosso pensar!
    Abraço, Célia.

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