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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

domingo, 1 de março de 2009


Para descontrair um pouco...
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Missão espacial

A ciência quase divina do primeiro mundo garantia o evento. Expectativa era a palavra. A humanidade chegaria a lua com um russo e um brasileiro na mesma missão. A fronteira final.
A missão espacial estava culminando para o lançamento da nave com o foguete. Milhões de litros de combustível. Como um bólido a nave ia ser lançada com os homens dentro. Dias antes os astronautas, como monges, ficam em retiro, também chamado de quarentena, para aquecer e preparar a mente para um mundo novo, o espaço. A transcedência. São heróis. A alimentação é feita por pastillhas de comida, nem a cozinheira, nem a familia vão junto. Estão sós no espaço. A missão pode fracassar por falha de algum componente minúsculo que seja, mas por falha humana nunca. É aprendizado, experiência. Se não voltarem vivos é porque foram sepultados no espaço. Vão para o infinito como deuses. Mortos no espaço, nas estrelas e a vista de todos. Estarão no livro de história.
Mas na quarentena houve um conluio entre o astronauta russo e o brasileiro. Iriam apostar corrida na superficie lunar com os carrinhos de coleta de amostras. Aquele carro parecido com formula I, com três metros de comprimento, de alumínio e mais leve, seis vezes menos peso na atmosfera de S.Jorge, chamou a atenção de vovô Patusko. Fórmula I ou carrinho lunar, voltara de vez à infância. Um jipinho elétrico que podia brincar por todo canto, sem a mãe para lhe puxar as orelhas. O russo por fim aceitou a proposta. Iriam fazer o americano nanar e sair a noite para dar voltas com o carrinho, no qual os cientistas americanos puseram toda a sua tecnologia, inclusive o comando de joystick. Patusko argumentava que a tecnologia era americana, mas o aluminio e o aço eram brasileiros.
De nada valeu a quarentena pré missão, a pregação cientificista da conquista do espaço, da escala evolutiva de espaçonautas: cadela, macaco e agora o homo sapiens. Eles queriam o próprio espaço, brincar de Formula I na lua, jogar areia na cabeça dos homens sérios. Não se contentavam com os pulinhos encenados do primeiro americano na lua, com uma bandeira esticada sem vento, com um aperto de mão espacial representando nações contenedoras, queriam brincar. A ciência para eles era um jogo de probabilidades, de ritmos, de possibilidades holísticas, de divertimento.
O russo posicionou-se na linha feita no chão. Patusko acelerou para aquecer o motor, um ronco silencioso, harmonioso, tinham de cuidarem-se para não cair em alguma craterra. Tinha-se a impressão de que na lua sempre é noite, umas sombras azuis-pálidas sobre um montículos brancos frios e uns buracos como ventosas na superficie e saudade de casa. A corrida iniciou-se pela gravidade diminuta, carrinhos andando desengonçados, sem grande estabilidade ou freios ABS. Os carrinhos batiam em montículos daqui e dali, barulhentos. Um facho de labareda saiu de uma craterra. A enorme fera pôs as patas para fora, ia subir. Então apareceu São Jorge com seu cavalo branco, armadura corta fogo, uma lança brilhante e fria e fez o lagartão descer para o sono, não era lua cheia ainda. Ufa! Mas o dragão estava vivo!? Sim, era de estimação e saia a tarde para lagartear, enquanto o santo cavaleiro fazia equitação. A solidão do infinito prega peças, vê-se coisas. A noite retornou ao silêncio gostoso, enquanto lá na terra os galos cantam no paiol e a lua vai-se no arrebol.

4 comentários:

  1. Grande Camilo, to sempre te espiando por aqui também. Estes dias ta uma correria danada. E ando meio preguiçoso de blog. Aquele texto que ainda continuo escrevendo sobre o suicidio tem me consumido muito, pois naõ consigo acaba-lo. O assunto é pesado e por isso deve até bater uma deprê. Me sinto preso e não consigo fazer nada. As vezes me desvencilho e do atenção aos blogs. De resto só consigo dizer que seus texto nunca perdem qualidade. Valeu e vamos nos comunicando. Grande abraço. E não deixe de ler Marcelo Mirisola. Você vai gostar.

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  2. Não me vá morrer antes de acabar o texto, heim banbino!!!!! Aqui parla lo diretore.
    É brincadeira. Mas vá devagar, este tema é um trabalho interior muito grande e demanda muita energia. A gente acaba se envolvendo com o texo, como pais se envolvem com os filhos e caem por terra as teorias educacionais.
    A morte é o que está por trás da filosofia e da religião e do ato humano, todos a abordam de alguma forma. Eu fiz um texto este dia, com base no livro de Isaias, capítulo 53, Bíblia. De uma olhadinha - do servo sofredor. Mas eu recuso-me a escrever algo que deixe o leitor sem opções por mais surreais que sejam, sempre há vida.

    A Luzia, aqui do meu lado, já vou pô-la para dormir, depois de suas orações, deu uma dica, A luz que vem de dentro, é um livro espírita romanceado. A autora é Ligia não sabe o quê mais; e indica também O vale dos suícidas, também espirita.
    Paulinho, um abraço e desculpe fazer dois comentários em um. Fico devendo outro.

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  3. Ah, eu estava no e-mail a Luzia e estou pagando o segundo comentário. Ha, ha....

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  4. Camilo, esse texto é de uma indiscutível criatividade - adorei ;-)

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