Divulgação - PONTO DE LEITURA
Dia 02, dois chuchus, duas bananas, de junho (junho), 02/06, às 20:00 horas, será o dia do Ponto de Leitura no Ponto de cultura Garapa, rua D.Pedro II, 1313 – próximo ao terminal central. Lá teremos leitura e discussão de parte do livro O Seminário, digo que será dinâmica, ninguém vai dormir antes e poderemos ver como cada um lê, porque um livro depois de pronto é do leitor, ele refaz o texto e o enriquece em sua mente.
Sobre o texto abaixo: É uma alegoria às pessoas que não cumprimentam e para não dizer que fui mordaz demais, devo confessar, que em certos dias, eu mesmo sou um sapo de pedra. Perdoem-me. Leiam-no:
Dia 02, dois chuchus, duas bananas, de junho (junho), 02/06, às 20:00 horas, será o dia do Ponto de Leitura no Ponto de cultura Garapa, rua D.Pedro II, 1313 – próximo ao terminal central. Lá teremos leitura e discussão de parte do livro O Seminário, digo que será dinâmica, ninguém vai dormir antes e poderemos ver como cada um lê, porque um livro depois de pronto é do leitor, ele refaz o texto e o enriquece em sua mente.
Sobre o texto abaixo: É uma alegoria às pessoas que não cumprimentam e para não dizer que fui mordaz demais, devo confessar, que em certos dias, eu mesmo sou um sapo de pedra. Perdoem-me. Leiam-no:
Sapo de pedra
Era verde musgo. Um sapo de pedra que ficava no canto da casa, próximo ao jardim. Desde a minha infância era lá que o tal ficava, nem sinto mais medo daquele bicho papudo, como um deus dos bosques enxaguados, com dois olhões silentes, guardando o nada – sapo de jardim.
Com o tempo a cor foi mudando para descorado, quando púnhamos a mão nele estava quente, mas não vivo – era o sol da tarde que o imantava e depois voltava à sua frieza soturna. Mal sabiam nossos pais que estando ali brincando em volta fazíamos pipi ali mesmo, sobre o tal guardião das noites. Quê pecado! Criança, não tem jeito mesmo, hoje puxaria minha própria orelha.
Mas esta é parte da história. Caso é que vi alguém que lembra muito o sapo. Seu Anuro, este é o nome do morador entre grades, que sai para tomar sol de manhã e fica num banquinho, de cócoras sobre o mesmo. Passei lá e disse-lhe meu bom-dia. Levantou o queixo com desdém e engoliu alguma coisa, diria que engolia moscas que meu sapo de pedra não come. Seus olhos eram frios como os do sapo ornamental, qualquer abordagem inócua, falava-se com as paredes.
Quando o assunto lhe era de interesse falava sim. Falava com o senhorio, com o político que lhe prestava favores, com as pessoas de rua não, nem um aceno leve, não se prestava à existência destes e eu um deles. “Bom-dia, seu Anuro!” e nada. Não desviava o olhar, olhava num ponto de vazio, de inexistência. Ignorava.
Minha mulher ia pôr o sapo de pedra na caçamba, descartar. Não, coitado! Levei-o até a casa do homem e deixei na porta e sai rápido, um sapo ao lado do outro. No dia seguinte olhei de esguelha o jardim para ver se ele tinha aproveitado meu sapo para ornamentação. Onde eu pusera, ficara. Pensei que amolecesse com o presente ou com a “mensagem”. Que nada! Seu Anuro ficou lá incomodado, aliás, agora eu também. Insisti no meu bom-dia e já evitava olhar para ele (desdenhei também), minha mulher me recriminava a vergonha junto dela sem a resposta do cumprimento, mas desta vez ouvi o bom-dia de retorno (orgulhoso, nem o olhei). Era uma voz estranha, rouca, gutural, mas respondeu; virei satisfeito para minha mulher:
- Tá vendo, ele respondeu, deve ter gostado do presente do sapo.
Ela disse zombeteira:
- Respondeu, é? Não tem ninguém no banco hoje. Quem respondeu foi o sapo.
Publicado no jornal A Tribuna Piracicabana neste sábado
Nota de falecimento: Faleceu nesta sexta-feira meu tio Laurindo Todeschini e uma personagem de meus contos e infância. Peguei por ele muitas personagens como tio Patusko e outros, contudo ele uma pessoa controversa. Sempre busquei o lado que mais refletia lições de sua existência, mas era um ser em refúgio de seu ego, de pouco entendimento do mundo a sua volta e de um coração grande e desarrumado, talvez alguém que Deus chamou e ainda não tinha terminado as primeiras lições de casa, de casa que não conseguiu ter e viver por suas culpas e vivências num mesmo corpo, que é a casa do espírito, não a prisão. Por mais culpa que lhe recaia nesta passagem cadente pela história, meus respeitos. Que Deus o tenha em misericórdia.
Era verde musgo. Um sapo de pedra que ficava no canto da casa, próximo ao jardim. Desde a minha infância era lá que o tal ficava, nem sinto mais medo daquele bicho papudo, como um deus dos bosques enxaguados, com dois olhões silentes, guardando o nada – sapo de jardim.
Com o tempo a cor foi mudando para descorado, quando púnhamos a mão nele estava quente, mas não vivo – era o sol da tarde que o imantava e depois voltava à sua frieza soturna. Mal sabiam nossos pais que estando ali brincando em volta fazíamos pipi ali mesmo, sobre o tal guardião das noites. Quê pecado! Criança, não tem jeito mesmo, hoje puxaria minha própria orelha.
Mas esta é parte da história. Caso é que vi alguém que lembra muito o sapo. Seu Anuro, este é o nome do morador entre grades, que sai para tomar sol de manhã e fica num banquinho, de cócoras sobre o mesmo. Passei lá e disse-lhe meu bom-dia. Levantou o queixo com desdém e engoliu alguma coisa, diria que engolia moscas que meu sapo de pedra não come. Seus olhos eram frios como os do sapo ornamental, qualquer abordagem inócua, falava-se com as paredes.
Quando o assunto lhe era de interesse falava sim. Falava com o senhorio, com o político que lhe prestava favores, com as pessoas de rua não, nem um aceno leve, não se prestava à existência destes e eu um deles. “Bom-dia, seu Anuro!” e nada. Não desviava o olhar, olhava num ponto de vazio, de inexistência. Ignorava.
Minha mulher ia pôr o sapo de pedra na caçamba, descartar. Não, coitado! Levei-o até a casa do homem e deixei na porta e sai rápido, um sapo ao lado do outro. No dia seguinte olhei de esguelha o jardim para ver se ele tinha aproveitado meu sapo para ornamentação. Onde eu pusera, ficara. Pensei que amolecesse com o presente ou com a “mensagem”. Que nada! Seu Anuro ficou lá incomodado, aliás, agora eu também. Insisti no meu bom-dia e já evitava olhar para ele (desdenhei também), minha mulher me recriminava a vergonha junto dela sem a resposta do cumprimento, mas desta vez ouvi o bom-dia de retorno (orgulhoso, nem o olhei). Era uma voz estranha, rouca, gutural, mas respondeu; virei satisfeito para minha mulher:
- Tá vendo, ele respondeu, deve ter gostado do presente do sapo.
Ela disse zombeteira:
- Respondeu, é? Não tem ninguém no banco hoje. Quem respondeu foi o sapo.
Publicado no jornal A Tribuna Piracicabana neste sábado
Nota de falecimento: Faleceu nesta sexta-feira meu tio Laurindo Todeschini e uma personagem de meus contos e infância. Peguei por ele muitas personagens como tio Patusko e outros, contudo ele uma pessoa controversa. Sempre busquei o lado que mais refletia lições de sua existência, mas era um ser em refúgio de seu ego, de pouco entendimento do mundo a sua volta e de um coração grande e desarrumado, talvez alguém que Deus chamou e ainda não tinha terminado as primeiras lições de casa, de casa que não conseguiu ter e viver por suas culpas e vivências num mesmo corpo, que é a casa do espírito, não a prisão. Por mais culpa que lhe recaia nesta passagem cadente pela história, meus respeitos. Que Deus o tenha em misericórdia.
É uma característica natural do ser humano.
ResponderExcluirSer solidário é sacrificar-se e sacrificar-se à toa é para poucos. Se sacrificar-se é necessário, melhor que seja em benefício de alguém que possa, futuramente, nos retribuir. Está aí a razão de sermos, muitas vezes, um sapo de pedra...uma sondagem no nosso interior irá revelar que assim o somos, na maior parte das vezes, com gente de casta inferior.
Abraços, amigo!
de sapo de pedra todos temos uma pouco, linda crônica primo...
ResponderExcluirmeus sentimentos pelo tio lauro, este pude conhecê-lo no terminal central, junto da tia tita, ambos dragões da família...
abraços
Walter
Muito bacana o artigo ou poderia chamar de crônica. Os seres humanos e seus estranhos comportamentos. Um abraço de Branco Venarusso.
ResponderExcluirGrato pelos comentários, que bom que a gente faz amigos! Obrigado.
ResponderExcluirolá primo, passe pelo meu blog, postei uma crônica, se assim posso chamar.
ResponderExcluirWalter
Incrível a analogia do Sapo e o Sr. Anuro, que até parece nome de sapo. Com seu texto percebemos que há muitas pessoas feitas de "pedra" e com a alma em musgos e olhar pra frente.
ResponderExcluirParabéns pela crônica.
Este blog foi hackeado. Lamento amigos, acessem-me pelo www.camilotextos.blogspot.com
ResponderExcluirNão consigo postar mais nada aqui, meu em-mail de login não acessa.