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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 7 de maio de 2011

A fuga das tartarugas (ficção)

Sobre o texto de postagem, crônica de ficção A fuga das tartaruguinhas. Devo dizer que este quêlonio, ordem a qual pertence tartarugas marinhas e cágados (que chamo aqui de tartarugas como o povo em geral), têm algo de vivência longeva, de estabilidade, de eterno, por isso lancei como um tema de crônica e de distração, neste mundo de stress. Amigos, espero que degustem e que sejamos eternos, enquanto nossos sonhos permanecerem. Soltem a lua!.....


O blogueiro


***Mostra do fórum

na casa do povoador foi legal e pudemos nos inserir neste circuito de passeio pelas tardes mornas e manhãs radiantes com nossas obras. Parabéns a todos artistas e visitantes e a boa vontade dos organizadores. Foi um ato de amor.

***Palestra

Foi bom conhecer tantos talentos e carinhas de alunos e alunas do Sesi, ao ministrar a palestra sobre Blogs e literatura. Amigos, as redes sociais são importantes para a interação entre as pessoas, mas o blog é fundamental como um diário, buscando alguma característica própria do blogueiro. O cuidado com a excessiva exposição à net é bom, principalmente aos mais jovens e vaidosos, não devemos nos expor à-toa, colocar endereço residencial, fotos em excesso; é possível falarmos de nós mesmos, de nosso interior, sem ficar dando a ficha nossa a todo mundo. Digo isso, porque passei meu endereço de blog a eles e sei que muitos vão acessar.



A fuga das tartarugas (ficção)
Ganhei de presente da minha bisavó e eram três - uma bem espertinha. Na verdade eram passadas de geração a geração e já constava em testamento que para receber outros bens o herdeiro teria que se comprometer a ficar com elas.
Deixava-as na garagem para os cachorros as cheirarem e esta, a espertinha, atacou um deles uma vez. Comiam couve e outros vegetais esses pré-históricos e acho que reconheciam as feições da família. Fiz uma casinha azul para elas com desenhos de flores coloridas e tudo, mas se escondiam pra cá e pra lá. Lentas, mas ativas, andavam num compasso menor que o de um ponteiro de relógio, a gente cansava de contar antes de darem o primeiro passo. Minhas tartaruguinhas moles dentro de carapaças eram diminutas e afugentavam gatos e ratos de dentro daquele tanque de guerra natural e depois abanavam o rabinho.
Assim era a nossa vida, digo a delas, porque a minha foi mudando. O tempo faz a gente envelhecer, perder o que pensava ter e ter o que outros têm. Num dia acordei e não as vi. Bem, elas se escondiam mesmo por meses sob o guarda-roupa ou outro canto e comiam pouco, bebiam pouco e “ibernavam”. Os cachorros não as farejavam e elas sumiram...
Bem de família, da minha bisavó já, os bens agora iriam para uma instituição de caridade se eu não as repassasse ao próximo herdeiro, entrei em estado de aflição. Vasculhei a casa, o quarteirão, pus notas no jornal e nada. Então numa noite e eu sentado na cadeira da garagem distraído com um livro e chegaram as quatro! A espertinha tinha engravidado e trazia a filhinha. Onde teria se encontrado com outra tartaruga para esse idílio? Nem sabia que tartarugas engravidam, estava desatualizado e agora uma tartaruginha carente corria em minha direção, ou melhor, o espanto me fez lento. Vi quando voltaram para sob o guarda-roupa. Meu Deus! Há quanto tempo não mudo os móveis de lugar, não fatio couve, não como saladas verdes ou vermelhas, e o meu colesterol! Lá embaixo descobri um ninho dentro da pantufa velha do nono e outras tartaruguinhas começaram a sair correndo do calçado antigo, todas pré-históricas e então abri a janela e soltei a lua, que subiu alto no firmamento e... você viu minhas tartarugas?

Publicado no A Tribuna Piracicabana em 07/05/11 Camilo Irineu Quartarollo
quartarollo.camilo@gmail.com
Autor do livro O Seminário

E grato aos leitores da obra e que têm a obra em casa. Adquira o livro pelo e-mail acima.

3 comentários:

  1. Oi, Camilo! Que amor essa crônica! Tomara que tenha acontecido mesmo. Deve ser a coisa mais bonitinha uma porção de tartaruguitas saindo de uma pantufa. Parabéns!

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  2. Taratarugas eu nunca vi, mas cágados sim. Eles gostam de tomar sol sobre as pedras e, ao menor sinal de presença humana,recolhem as suas patinhas e deixam-se cair n'água.
    Abraços!

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  3. olha o primo na TV, muito bom sua apresentação sobre o enredo do seu livro...

    abraços

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