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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

domingo, 6 de janeiro de 2013

HUGO CABRET
 
A história passa-se depois de 1900, vê-se a torre Eiffel já de construção dessa época. Era vitoriana em que as crianças eram tratadas como adultos, concorrendo para elas os mesmos deveres destes.  O furto famélico, de um pão, era tratado como crime e crianças assim se tornavam “criminosas”. A  História conta que, principalmente na Inglaterra (o enredo se passa na França), os empresários requisitavam órfãos e mulheres para as fábricas, que era mão-de-obra barata.
O menino Hugo Cabret passa pela orfandade com muito esforço em permanecer livre e conquistar um trabalho na profissão do pai, relojoeiro e consertador de engrenagens. O filme gira em torno de um conserto. Do quê? Materialmente é de um autômato, um robô, que o pai de Cabret morre antes de consertar e que pertence a alguém que o abandona. Há uma história singela por trás.
O que é o robô, o que são engrenagens, tecnologia da época, de cujas eram as esteiras e máquinas, onde a eletricidade era gerada com manivela e eletroimãs? Uma das respostas aparece quase ao final.
Hugo sonha que está salvando o robozinho na vala dos trilhos do trem, que ao parar, derruba toda a estação central, cujo lugar se tornou o seu lar. Noutro pesadelo, o menino sonha que está se tornando ele mesmo no robô – como se a máquina tivesse ou algo tivesse o poder de o transformar. Sonho premonitório, porque no enredo “real” do filme acontece, não igualmente, mas de forma análoga. E quem é o robô que salva das linhas trem e de cujas foi salvo pelo guarda de perna mecânica que o perseguia? O diálogo com o criador da máquina responde.  Cabret se desculpa, desconsolado, salvou da destruição completa, mas quebrou ao cair; ao que, o criador do robô abraça a máquina que há muito construíra e diz que estava perfeitamente bem para o que precisava. Ou seja, depreende-se que o valor era sentimental e um símbolo de tudo que recuperara de sua vida e de seus sonhos, mesmo com uma máquina quebrada as engrenagens do seu cérebro voltaram a funcionar – o robô era uma “mera simulação”, projeção.
As engrenagens e os relógios dão o tom aos sonhos da época. Marcam o tempo, o temo é tudo diz o tio de Cabret, que morre no rio Sena e deixa a estação toda aos cuidados do órfão que vive num contínuo despiste ao guarda de perna mecânica e miolo mole, bem mole, e que representa a autoridade da época – ou seja, meninos podem ser bons ou adultos maus. A estação que guarda este homem de uniforme e perna mecânica é por onde a vida de todos passam, sob relógios de idas e vindas de trens, só Cabret permanece na torre, entre as engrenagens. Há algo mais simbólico?
O diretor Scorsese fez uma obra magistral, mas poderia ter feito melhor em minha opinião, pois não colocaria o Ben Kingsley no papel do criador do robô, pois este personagem devia crescer no final e Ben Kingsley, a meu ver, não conseguiu fazê-lo mais que esforço – nesse papel seria outra pessoa, um ator, que se esforçasse para ser duro no início e se desvelasse humana no final. O protagonista de Gandhi é duro, um ator duro. A escolha de Scorsese foi difícil e tentou com Bem. Eu talvez escolhesse outro final, colocaria uma personagem de viagem na história, para dar a sensação do transitório, uma pessoa comum que saísse daquele vai-e-vem em que as crianças trombam e que quase passam sobre a menina em suas pressas.
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Um comentário:

  1. Hará unos meses encontré su blog y lo enlacé al mío porque me identifico con sus opiniones. Hoy he leído su artículo acerca de la película de Scorsese y no puedo estar más de acuerdo con usted en su apreciación por el error de colocar a Kingsley en ese papel, porque nunca he compartido la exagerada valoración que se da a los actores inexpresivos o secos. Para que un actor nos seduzca con su interpretación debe dejar una grieta de vulnerabilidad al descubierto, aunque sea muy estrecha. Como en la vida misma, si un personaje se muestra monolítico y no demuestra tener carne y sangre, no me interesa en absoluto.
    Así y todo la película es tan buena que incluso le perdono a Scorsese este fallo de cásting.
    Le felicito por el blog. Saludos desde Barcelona.

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