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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 15 de dezembro de 2012

Amigos, obrigado pelos acessos a este singelo blog de crônicas. Ofereço hoje um tema de reflexão atual, além da tecnologia existem questões para as quais não adiantam sofisticados meios de análise e confirmação de paternidade-maternidade. O caso de Salomão e as duas mães é uma delas ou não?
As duas mães
“Senhor, põe um anjo aqui, com a espada desembainhada... Senhor, põe um anjo aqui” – inda me lembro deste cântico e escolho para iniciar este texto sobre a justiça de Salomão.
Este rei bíblico pediu a Deus não outra coisa, senão a Sabedoria para governar e fazer justiça ao seu povo, porque dizia que “com muito esforço conseguimos ver o que temos diante do nariz” – ao contrário dos sábios de hoje, “que sabem tudo”.
 O Altíssimo concedeu-lhe não só Sabedoria como também ouro e riquezas, mas logo foi posto à prova, e sem exame de DNA: duas mulheres que se diziam mãe da mesma criança foram levadas à sua presença para que decidisse a contenda.
Salomão usou de uma manobra arriscada. Chamou o guarda e pediu a espada. E, friamente levantou a espada, que o bebê fosse cortado ao meio para cada mãe da criança. Uma das mulheres começou a chorar e implorou ao rei que desse a criança “inteira” à outra, preferia perder o filho a vê-lo morto; já outra, dizia que se não podia tê-lo, cortassem-na ao meio mesmo.
Salomão decidiu dando o filho à mulher que o queria inteiro e vivo. Era a mãe para os efeitos legais e de juízo real.
Era mesmo, mãe?
Se houvesse DNA saber-se-ia quem era a mãe realmente, a boa? Ou de que a criança fora concebida por uma mãe assassina e degenerada, a má? Salomão decidiu pela sabedoria, com DNA ou não, a mãe é aquela que desejou a vida do filho. Este critério independe do DNA e prescindi dele, a quem cabe a maternidade.
Ele mesmo, o rei, era filho de Betsabá, herdara um trono cheio de discórdia e sua mãe fora fruto de uma conquista escusa do pai Davi. Seu irmão concebido morrera por castigo infringido a Davi, que o gerara num adultério e mandara matar o marido de Betsabá  e soldado seu.
 Ao rei Davi outra profecia foi lançada, a de que “a espada não se afastaria de sua casa”, mas agora a espada de seu filho Salomão fez justiça, fechando este os olhos para coisas que “não podia ver e que estavam diante de seu nariz”. Quem era a mãe? Era realmente quem teve a guarda. A bíblia diz que sim, enaltecendo e confirmando a sabedoria salomônica, mas ainda, leia-se também, mãe nem sempre é a que gera e que, não estando em perfeito juízo, pode desejar a morte do próprio filho que concebeu.
A bíblia não diz quem era o bebê. Não seria metáfora do próprio Salomão, filho de duas famílias sob a espada, sob o convívio com uma rainha torta como Betsabá, a mãe verdadeira?
 Fato histórico ou metáfora funciona como espelho, como uma sombra na caverna de nós mesmos, como uma espada de dois gumes, talvez isso seja o que Salomão não viu e tinha diante do próprio nariz, ou viu?
O livro Crises do filho do meio está chegando, e de forma personalizada aos que o reservaram. Nesta obra sou autor, ilustrador, editor, encardenador e muitas outras dores.
O pequeno autor.

Um comentário:

  1. Somos cegos, inúmeras vezes, feito muitos "Salomãos" que nada viram, não sabem de nada, órfãos da realidade!
    Abraço, Célia.

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