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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

domingo, 1 de julho de 2012

Este texto é sobre o lançamento de um amigo e colega, egresso como eu, do seminário Seráfico São Fidélis de Piracicaba. Feito pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba já esgotou no lançamento. Talvez tenha um segundo lançamento.
O artista e a obra
Frei Paulo Maria de Sorocaba vida e obra visual, escrito por Cássio Padovani Martins Pereira
Aos dezesseis anos lhe fiz uma pergunta. “Você não acha que é muito jovem para religioso?” Respondeu-me com firmeza de que estava seguro de sua vocação, e parecia ofendido.  Achei que seria mais um desafeto, devido à forma convicta, pareceu-me quase ofendido.  Não foi, encontrei um amigo e irmão no Cássio. Simples e querendo viver os ideais de Francisco de Assis em suas convicções vocacionais e éticas, sem se dobrar, estudioso, Cássio foi descobrindo a obra simples de frei Paulo, obra no singular mesmo, porque toda a dinâmica artística (em obras) deveu-se à sua espiritualidade, uma transmissão amorosa de sua fé. Cássio intuiu isso.
De rigor técnico, o estudante quis fazer um trabalho de confiabilidade, bem fundamentado, como são seus pareceres, quando os manifesta. É pessoa de ouvir e falar o necessário, e quase nada de si mesmo. Mas tem uma palavra ou a palavra certa, quando não a ação adequada. Depois de ouvir um ou outro, amigo ou não, sabe oferecer o de melhor, um café ou algum alimento em sua companhia. Se falar, vai demonstrar por alguma conversa algo interessante, em forma de crônica da vida, que restaure o senso de humor. Todavia, não se dobra a meros conceitos, cargos ou a questões econômicas, que fujam a ética ou a nobreza de sua alma, na estética de sua vivência, apreciada por muitos amigos e dois cachorros de muita estima.
O livro sobre frei Paulo foi um longo percurso e substancial na vida de Cássio Padovani. Começou com a observação contínua das obras, dos escritos, da sensação dos lugares por onde viveu este capuchinho e pode, inclusive, perceber o gosto para o qual Frei Paulo inclinava-se, a marinha – e nas obras sacras feitas por dever de obediência transparece, entrelinhas, sua crítica à vida religiosa, aos excessos do rigor das regras, em que frei Paulo valoriza as pessoas no concreto, não a instituição abstrata, cujas regras obedece na medida da caridade. Também transparece muitas outras coisas com as quais se identificou e lançou pelos pinceis.
Cássio, em princípio estudante do Seminário Seráfico São Fidélis, como frei Paulo, teve de sair para outras casas da província dos capuchinhos e ver outras obras deste frei, catalogar, inúmeras anotações, perguntas aos freis idosos e contemporâneos do artista e fuçar pelos sótãos e porões dos conventos, trazendo a lume a vivência do religioso.
“O frei me ajuda”, dizia, quase como médium se espirita fosse, mas a espiritualidade e o despojamento de frei Paulo o inspirava muito naqueles longos anos de seminário e talvez ainda hoje.
A obra em livro do Cássio – Frei Paulo Maria de Sorocaba vida e obra visual - ao iniciar é mais técnica e de rigor de datas, números e lugares - fundamentada; do meio para o fim vê-se mais a alma do capuchinho e homem frei Paulo, o João Baptista que queria ser frade. Frade, não padre; como Cássio, que abomina pompa e talvez mesmo este artigo.
Concluo dizendo que seu livro é referência, tantos aos profissionais da arte como a quem quer conhecer a espiritualidade franciscana, capuchinha e cristã, num século hedonista em que vivemos, onde valem os iates, dinheiro e a lei de gerson. A obra afirma: há algo substancial na vida humana.

2 comentários:

  1. Bela a sua homenagem... onde você prima pela valorização da pessoa e não das regras e dogmas castradoras que deixam de visualizar o humano enaltecendo instituições, essencialmente, fundamentalistas. Novos tempos!
    [] Célia.

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  2. Bela obra, de fato. Merecedor, esse Cássio Padovani!

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