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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 9 de junho de 2012

Eu, robô?!
No livro Histórias de Robôs, que Isaac Asimov prefacia, numa fluidez e objetividade ímpares, argumenta sobre a tecnofobia e nomeia este sentimento como complexo de Frankenstein - na obra de Mary Shelley o criador é morto pela criatura. Na evolução tecnológica o medo da humanidade aparece com relação ao robô - o “nosso” Frankenstein - e de que nos mataria tirando-nos o emprego e substituindo-nos, ou mesmo substituiria toda a humanidade. A eliminação da humanidade?
O prefaciador diz que há duas inteligências diferentes, a humana e a robótica, com diferentes especialidades. Concorda que em termos de perspicácia, intuição, criatividade, capacidade de analisar e responder pela percepção, robôs ou computadores são ignorantes. Para ele é vão o esforço em construir computadores criativos, capacidade tão tosca diz, quando se dispõe do cérebro humano, que faz isso tão bem.
Não é à toa que Asimov propõe as três leis numa obra que fala de um robô que vai tornando-se consciente, o “Eu, robô”. Eis o enunciado das três leis:
 1º Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal; 2º Lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei; 3º Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Lei.
Essas leis não se aplicariam também aos humanos e seus semelhantes?
Isaac Asimov confessa neste prefácio que quase todos os seus livros são escritos do ponto de vista de um tecnófilo, seus robôs são quase sempre simpáticos. A não ser na literatura ou cinema, não se conhece um robô do ponto de vista de serem pessoas, não há.
Em meu livro As ciladas do Androide trabalho esta relação homem-máquina do ponto de vista humano e de suas linguagens. O androide é o não-humano que pode se tornar parte do humano, sem deixar de ser robô com suas linguagens de programas e sub-rotinas, assim como muitas linguagens  que existem no Universo, inaudíveis, impronunciáveis, inexpressáveis, em que somente a percepção capta e não temos parâmetros para entender fora das crenças e espiritualidades.
Na verdade, o que a visão tecnicista de mundo tenta fazer é o humano ser robô numa eficiência numérica e produção mercantilista, sem crença ou espiritualidade, numa “criatividade” funcionalista. Criar é um bem espiritual, fantástico, que transcende os objetivos imediatos ou de lucro. Autores e cineastas projetam ou transportam para os ET ou robôs características próprias do humano, querem que o substituto ou sucedâneo tenha a sua alma. Talvez tenha caído nesta cilada o próprio Asimov?

4 comentários:

  1. A engrenagem da vida se lhe permitirmos cobre-nos de peças autômatas que seguimos sem sentimento algum, anulamos a ternura e, por conseguinte, a criatividade! Bj. Célia.

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    1. Célia, é isso mesmo que vc interpretou e assim, humanos viventes, os robôs nos ajudariam...acho que isso é o que os tecnófilos gostariam, mas...há muitos questionamentos e ciladas, mas assim caminhamos a humanidade.
      Camilo

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  2. olá primo,

    realmente valioso seu livro, a cilada do andróide, com enredo envolvente, lembra-me algumas das corriqueiras discussões, na minha época de seminário, sobre o uso da tecnologia e os benefícios/malefícios decorrente disso. Gostaria de frisar que sua obra, em minha leitura, evoca o mito de pinóquio, no qual Steven Spielberg, traçou a versão futurista do mesmo. Outro fator importante é que será a robótica, a mais prima das evoluções ou a decadência da humanidade? Quanto o presente torna nossas ações mecânicas, quem sabe o futuro nos reserva a humanização de nossos robos.
    Mais uma vez parabéns pelo conjunto da obra e comentários vindouros.

    abraços,
    Leandro

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    1. Só posso agradecer tão amável e profunda percepção da obra. Abç primo.
      Camilo

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