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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 16 de junho de 2012

Amigos, grato pelos 99 acessos e comentários. A Rio+20 é um ponto importante na consciência dos valores ambientais e para formular procedimentos sustentáveis de vida. Vivemos numa era em que a história futura vai ter como atrasada talvez, porque os que exercem opiniões e manifestam-se como senhores da mídia dizem sobre o crescimento economico e isso não é nada perto da economia que temos, pois fala-se muito de valor agregado, disso e daquilo e perde-se os reais valores da natureza, acumulado por milênios. Se a economia não girou, foi por falta de dinheiro ou porque mesmo com dinheiro nada precisamos compra, ora, será que pensam nisso, os economistas das bolsas.
Como não sou economista, espero que apreciem o
O homem que comia letras
Tinha um amigo que rasgava tudo que escrevia e comia as letras. Ele tem uma página no Facebk, comida já. Começou na infância, comendo os parabéns dos bolos de aniversário. Primeiro os dele, depois os dos outros. Acabou isolado, estranho, a mãe lhe arranjou uma psicóloga (este pê é mudo mesmo), porque na adolescência, ansioso, comia as pernas do ene, eme e de qualquer letra bonitinha ou mesmo a barriguinha do bê, e trocava o safado, punha um pê no lugar do bê para disfarçar. Depois de saciado destes petiscos criou um jargão: para bom entendedor um traçado é letra. Então que desenhasse, quem sabe recuperaria o respeito pelo letramento.
Como desenhista fazia garatujas que não se pareciam com nada, nem grafólogo ou psicólogo entendiam. Era um pollock gráfico, pontilhista, um sentimentalista derramado e assinava com uma letra comida, bêbada, trôpega, fria e sem gosto. Jos.
Sim, comeu o é final do próprio nome. O covarde pegava as últimas letras das palavras e as comia, avançava nos vocábulos afoitos que contivessem as pernas dengosas de um ene ou eme; quanto aos bês, de barriguinhas gordurosas e lentos, caçava-os mesmo e disfarçava com borrões.
Entretanto éramos amigos, mas não tínhamos palavras um com o outro, o fiz chamar-me por apelido indigesto para não comer meu lindo nome. Às vezes telefonava num entrecortado, eu desligava e ponto.
No início dava-lhe alguns textos meus para ele ler, e voltavam estranhos. Depois fui percebendo o que não queria admitir, ele petiscava tudo mesmo. Todos os sinais gráficos desapareceram, os de interrogação, exclamação! Nos erres, o malandro comia um e deixava outro para eu não perceber. Com o tempo percebi que, com textos de muitos esses ele se afogava. Os textos que dava para ele conferir voltavam à minha mão cheio de furos e com eros, digo com erros. Um detalhe: não comia parênteses. (inda bem)
Bem indicado de berço avoengo e pelo pai  mudo, Jos foi trabalhar no exterior sem nem bem formar-se nas letras das quais comia, no exterior e em país de língua portuguesa. Pasmem! Passou alguns anos lá e voltou bravo com os lusos. Por quê? Disse-me em poucas palavras, entrecortadas como sempre: eles já comeram quase tudo... não dá tempo de ouvir ou comer nada, finais átonos. Sem tonico e tinoco. Verifiquei que seu problema era oral, um mudo funcional. Assim dizendo com raiva pôs pela primeira vez uns érres de raiva para fora, rrrrr. Alguns eram dos meus textos que comera.
Apesar da raiva ficou por lá, para trabalhar na reforma ortográfica. Vou terminar este texto, (antes que ele veja e coma este também)

2 comentários:

  1. Em um certo humor ácido, a avaliação do nosso vernáculo pós - reforma ortográfica!! Aliás, sempre em reforma. Sempre em incoerências e derrapadas analfabetas... Fome de letras? Que tal um "PAC de Letras"? [rsrs]
    Abraço, Célia.

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    1. Mas a reforma orto-gráfica ficou portunáfrica, mas vou pedir para o meu amigo dar uma agilizada. Parece que na próxima prevista ele vai ser o redator e vai ganhar um tclado, com érres dobrados e cifrões, sem apertar shift. Célia, obrigado pelo humor com gosto de limão. Na verdade, não precisamos de todas as letras numa literatura bem versada, basta a amplitude de se laçar bem os incidentes e o fluxo de consciência corre a nosso favor. ABÇ
      Camilo.

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