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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 16 de abril de 2011

O Bom aluno

Bom aluno

Este texto foi publicado em 26/04/10, há quase um ano na Tribuna Piracicabana e ontem, sexta-feira 16/04/2011, na E.E.Catharina Casale Padovani, de Santa Teresinha, estava dentre os dos escritores piracicabanos, o que muito me honrou. Faço menção também da solenidade comandada pelo professor Valmir com apresentações mui apropriadas e elegantes de declamações e canto, no qual não faltaram a sensibilidade e a ciência obtida nas aulas de espanhol, língua portuguesa e outras. Agradeço minha esposa Luzia Stocco, declamadora e escritora que se encarregou de enviar meu trabalho e eu de partilhar com outros ícones da literatura piracicabana no mesmo livro dessa escola.


Bom aluno (ficção)

Ligaram ao pai da D.P. Meu Deus, Juninho é um ladrão! Não dava para acreditar, mas hoje em dia? O menino andava querendo um tênis importado, daqueles que usavam na escola. Caríssimos. Não podia comprar. Passava pelas vitrines e ficava seduzido ante o vidro, o seu boné vermelho logo repercutia alguma coisa no segurança. Aquele garoto vivia rondando a loja e não entrava, ia dar uma incerta nele. Aquela mochila devia até conter tóxicos. Não o Juninho, meditava o pai. Sempre fora bem orientado. O celular pré-pago já preenchia o seu ego. Falava com os amigos e brincava com os jogos nele. Aproveitava todas as promoções da operadora, até dera um de presente à mãe. Mas agora o Juninho está lá embaixo no D.P. com seus dois pulsos miúdos algemados. Tinha os olhos negros da mãe, mas herdara o seu nome todo e um sufixo de confirmação: Junior. Tinha de livrá-lo, buscaria algum advogado, mas como pagar? Percebera nos olhos dele quando viu o dito “pisante”, mas quando a lojista falou o preço, meu Deus, eram os olhos da cara, coisa para rico mesmo. Tinha de comprar outras coisas, alimentação e roupas para o restante da família, mas o tênis ficou. O que dera em Juninho, nunca fora dado a luxo, calçava chinelas hippies, algumas medalhinhas no pescoço, quando brigou foi para por piercing no nariz, vestia com singeleza e portava uma velha mochila com acrósticos. A mochila? Com um revolver talvez, meu Deus! – ia preparando-se psicologicamente para o pior o pai a beira do desespero. Nem tanto. Lá estava sereno o menino, quando entrou o pai assustado pelo estabelecimento público de segurança. Passou desarmado por alguns guardas e uma viatura, olhando baixo e tropeçando nos paralelepípedos e dizendo para si mesmo que era uma pessoa honesta. Via naqueles homens a Lei, tinha um respeito pela força repressora do Estado e sentia-se seguro em seus princípios éticos. Um homem corpulento e cordial mantinha o jovem sentado numa cadeira macia. Os olhos vermelhos do menino demonstravam o choro e o desabafo, mas o policial cumpria com seu dever, prensando o chão com o seu grosso coturno. Chegou à sala com medo e vendo a cena do desamparo, mas lá veio a pergunta. O senhor é o pai? Sim, não havia dúvida, ao apresentar-se o nome era quase homônimo e as feições batiam. O delegado virou-se de costas, com muitos crimes para desvendar e foi ditando ao escrevente coisas a serem perquiridas ao pai. Sem responder ainda, via todo o quadro do questionário frio em sua cabeça. Com um olhar e lance de mão o delegado ordenou que liberassem o menino, para não perder a primeira aula. Pegaram o marido covarde e ciumento. Sim batia na mulher, deixando hematomas. FIM

Aos leitores de O Seminário meus agradecimentos e que Teófilo lhes dê um bom caminho de reflexão dentro do seminário e fora dele.

Abçs

Camilo

4 comentários:

  1. Camilo, a festa estava linda mesmo! Acho muito importante esse trabalho de incentivar os alunos na arte da escrita. E que muitas escolas copiem essa inicitaiva da diretora Christina Negro Silva.Postei as fotos no Blog do Golp.
    http://golp-piracicaba.blogspot.com/
    abraço
    Ivana

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  2. Parabens, Camilo !
    As palavras movem , mas os exemplos arrastão .
    Forte braço e ótima semana !
    Luis Antonio

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  3. Caríssimo Camilo sua crônica mostra com clareza o "medo do pai" ao chegar a descobrir que a educação dada ao filho não tinha surtido o efeito esperado! Li e reli a sua crônica para explorá-la melhor!Obrigada pela visita Camilo lá na Agenda, sem dúvida, São Pedro mostrou ser nosso amigo propiciando no dia 19 uma noite memóravel! Valeu! Abraços desta CaipiracicabANA Marly de Oliviera Jacobino

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  4. A astúcia da polícia na mente do escritor.
    Obra prima, meu grande Camilo!
    Parabéns!

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