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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Vejam após o texto do blog, a sinopse do livro O Seminário.

A Outra ou Os doces de casamento

Quando chegou a casa a esposa chorava, deitada na cama com as mãos cobrindo o rosto. Na cozinha toda bagunçada panelas, pratarias todas espalhadas e no chão uma barata não pisada, agonizante, esperneava. A situação era preocupante nos primeiros dias de casamento. “Que foi, meu bem?” foi a primeira tentativa de estabelecer contato, mas os soluços convulsivos da mulher não davam tréguas, até que:
- Você pensa que sou escrava, aqui. Enquanto ela está ai o tempo todo, eu sei. Não adianta tentar esconder não.
Casado recentemente, marido de primeira hora e jovem, deixara algumas pendências afetivas e casos amorosos terminados unilateralmente por ele, mas as sequelas de uma vida avessa aos padrões monogâmicos davam azo a pensar e devanear. Ela estava ressentida de alguma fofoca, pensou. Começou a enumerar mentalmente os amigos invejosos e os prejudicados de suas relações de alcova, não achou ninguém tão mal a ponto de pôr a esposa a nocaute por depressão.
Eliminados os problemas externos, reuniu energia para resolver os de casa. Escrava – dizia a esposa. Por quê? Ela quem? E veio a pergunta certa, aquela “de quem você está falando, meu bem?” A pergunta certa, mas em hora certa? Não, ela voltou à choradeira. Mas antes se levantou e lançou algumas acusações aleatórias. A Outra rondava pela vida conjugal deles. Estavam bem, tentando viver a dois, mas não cabia um terceiro escuso. Ele contou nos dedos as quais deixara pela esposa e faltavam dedos, mas cheio de dedos foi consolar a mulher, carinhoso. Estava escrito nos seus olhos que, antes não o olhassem com aquele olhar de medusa, petrificado. Vira um fantasma. A coisa era mais séria da que pensou.
Seu sangue fervia. Se a Outra, fosse quem fosse, estragasse seu casamento a mataria de forma desumana, com crueza. Sentia-se invadido em seu lar, profanado o seu sagrado matrimônio e ferido os sentimentos puros da esposa, uma conquista de um marido arrependido de sua vida dissoluta, que agora cobrava por cumplicidade. Afinal, fizera diante do altar o contrato com Deus e com o cartório e agora alguém se interpunha na sua vida consagrada de homem de família.
A Outra tinha de ter o nome dela, era a vingança maligna. A esposa não conseguia proferir nem o nome, mas o levou escorada pelo corredor até a cozinha, ela estava lá. Ora, a Outra era uma barata que a assustou e o marido começou a rir e levantou o pé como herói para matar a invasora, mas não, um grito da mulher:
- Não a mate, é um ser vivo!
Então?.. Taca o spray, taca o spray, repetia a entomofóbica e a barata esperneava, olhando os algozes discutindo a forma de sua sentença, rodando o dorso pela cozinha até que conseguiu se desvirar e fugir; todavia, enquanto os doces de casamento estiverem por ali, a Outra ronda o lar.
O SEMINÁRIO - Sinopse - A história se passa num Seminário grande de dois andares, um casarão antigo de frades. A morte de Olderick reabre a discussão sobre um fato antigo, o da morte de Adelmo em 1940, noviço e autor de um diário desaparecido. Adelmo é tido como suicida. Duas mortes semelhantes em épocas diferentes, os dois caem da sacada e são encontrados de manhã, caídos no jardim. Coincidência? Talvez. Mas ainda outra morte da mesma sacada e os ataques aos seminaristas nas cercanias do Seminário põem em dúvida a tese da simples coincidência. Os moradores desconfiam de alguém furtivo pela casa antiga de muitas janelas, portas e passagens secretas. Talvez o diário de Adelmo ou as anotações de Olderick possam elucidar o mistério, mas o jovem Teófilo vai descobrir coisas que nunca imaginou em sua vida e talvez nem você.
Camilo Irineu Quartarollo

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