Conteúdo

O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 23 de outubro de 2010

















Publicação do blog:
Amigos, este texto refere-se à múmia verdadeira encontrada em Tirol e que muitos programas e notícias já se fez sobre a mesma. Espera que divirtam-se com o vovô Patusko. Se (não) gostarem da abordagem deste ou de algum outro texto, façam suas críticas. Postei várias imagens de Tirol e do suposto patrulheiro. Um abraço.
O blogueiro.
Aproveito para agradecer pelos acessos e aos compradores de O Efeito Espacial e pelos e-mail sobre o livro. Abraço a todos e estamos abertos a qualquer questão que possa nos ajudar mutuamente.

Múmia tirolesa (Ficção)

Vovô Patusko viajou à Itália. Passeios pela cidade entre as pombas da praça. O dinheiro ia escasseando, arrumou “bico”. Lavador de carro, garçom, lenhador até e polícia rodoviária italiana na região próxima ao Tirol, em rondas noturnas.
Numa das rondas com Giuseppe até a fronteira da Áustria em que tremia de frio, seus neurônios estavam quase a zero grau, queria voltar. No acostamento viam os carros que passavam trazendo o ar frio neles. Entraram mais adentro do acostamento, quase na geleira e viram um indigente morto pelo frio, quase encoberto pela neve, a alguns metros da fronteira.
O companheiro ia fazer uma ocorrência, mas Patusko o impediu, queria voltar logo para casa. O indigente? Já estava morto e tinha de ser tirolês. Era só repatriar o infeliz além fronteira. Que fosse recolhido pela ronda Austríaca. O frio manteria o indigente morto e incorruptível, mas na Áustria. E antes que o companheiro puxasse suas anotações
, sem mais olhar o corpo, vovô empurrou com a bota o defunto estrangeiro e voltaram para casa.
Na manhã seguinte, Giuseppe o acordou e quase deu um soco no brasileiro. Perdia-se nas frases de tão ansioso. Falava de patriotismo, honra, e por fim acrescentou que “o indigente italiano que você jogou para a Áustria tinha cinco mil anos!”. Pat
usko pensou que o colega estava bêbado. O indigente pareceu-lhe velho, mas cinco mil anos! Naquela neve todo mundo parece ter cinco mil anos. Então ligou a TV e a notícia corria pelos jornais de TV e impresso. O mundo já soubera nas primeiras horas. A Áustria divulgara o achado pré-histórico deles, que desbotou a amizade dos patrulheiros. Então Patusko lavrou a ocorrência com data retroativa, inserindo um “deslizamento acidental” do corpo sobre a fria neve até o país vizinho onde foi recolhido pelo serviço que recolhia múmias, mas a múmia era italiana, frisou em negrito. Passou as anotações ao chefe e começou a celeuma internacional. De quem era a múmia? Quem a recolheu, suas impressões digitais, a indumentária, a bolsa que portava? Apareceu até uma dona que queria usar o DNA dele para ter um filho ancestral. Os austríacos reivindicavam o achado. Já tinham o corpo recolhido num laboratório para estudá-lo com escâner, sem bisturis para não ferirem o morto ilustre. A notícia e os boatos fervilhavam em todos os jornais. E a múmia, vovô?
Patusko tentou consertar o desatino da noite anterior e entrou furtivamente no laboratório de dessecação disfarçado de cientista, todo de branco e
de óculos escuros. Lá jazia o corpo esquelético onde se lia numa tabuleta: Múmia de cinco mil anos. Podia ser seu antepassado, ter brigado com dinossauros, sabe-se lá. Conheciam-se somente há algumas horas atrás, na fronteira, chutara aquele corpo estranho. Olhava para ele e parece que ia falar. As mãos ainda com carne e uma luva tosca parecia repousar do frio exterior. Os maxilares impressionavam pela força e determinação. Sem conhecimentos específicos daquele gélido cadáver ancestral, cuja aparência conjecturava.
Patusko falava por um celular e pegou a bolsa de couro do infeliz:
- folhas de chás, sementes, canivete, êpa! Essa múmia não é italiana não, ói, uma pamonha mordida, uma foto do Salto de Piracicaba! - Mas antes de acabar alguém se levantou e:
-Devorve meu celular aí, meu; num dá nem pá tirá um cuchilo, vô te contá, viu!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é valioso. Grato.