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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 28 de agosto de 2010

Grato aos amigos que pessoalmente, pela livraria ou por e-mail
adquiriram O Efeito Espacial. Os que adquiriram na livraria, se quiserem, posso autografar, contatem-me e a gente se dá um jeito de ir até você.
Breve sinopse:
Abduzido e devolvido em miniatura para o seu quintal, rejeitado por não conseguir comunicar-se com os alienígenas. Depois de uma noite escondido no ralo como rato, volta ao tamanho normal e não conta à esposa sobre o "sumiço", mas começa a ter essas recaídas pelo “efeito espacial” ao passar por crises de depressão e de autoestima de forma inusitada, e ele e vai descobrindo uma nova c(C)onsciência de que não é um rato, é... (vide desfecho no final do livro). Obs. Ao lado minha ratinha...lendo.
Compre por R$13,90 um livro que você pode dar até para o seu inimigo, rsrsrsrsrs...
"Qualquer semelhança entre homem e rato é mera coincidência"(frase atribuída a um rato)

Autógrafo

Sempre me acerquei de sebos, livrarias e bancas de jornal, procurando um título ou foto interessante que captasse o meu momento. Aquele que mais tivesse a ver com a minha vidinha que não para. Às vezes lia com os olhos e lambia com a testa. Gosto de revistas velhas. Daquelas que deveria se pegar com luvas, mas parece que o próprio material físico delas já é histórico, falam por si. Lembro-me que tinha um irmão que colecionava revistas e ocultava numa cristaleira fechada a sete chaves. A sete chaves? Escondia uma em cada lugar da minha curiosidade. Quando vai abrir aquela porta de vidro, por onde eu observava as tais revistas empilhadas ou jogadas de última hora? Quando ia esquecer alguma revista ou livro sobre a cama?
A cama dele ficava na copa (não tinha quarto para todos) e lia lá, ao passar eu olhava por cima e logo ele percebia e fechava ou cobria com a mão, por malvadeza e censura. Eu me sentia um ignorante com os cabelos embaraçados (inda os tinha), só me restava coçar a cabeça e dar o fora. Escondia-me para fazer minhas garatujas num papel de pão, papel já usado mesmo servia – mas parecia ridículo, nunca ficava igual ao que imaginara. Naqueles tempos não havia livros nem papel como os há hoje, os poucos que me caíam nas mãos eram literalmente devorados e depois ia ler um grosso que ficava sobre uma cômoda, a bíblia. Passei a entender lendo as notas abaixo e relendo algumas partes pelo índice remissivo. Fiquei até meio fanático numa época. Por isso lembro-me bem dos títulos que lia e os sebos me são familiares.
Os livros borrados do livreiro de sebo de repasse são interessantes, uma dedicatória, a assinatura de um desconhecido, uma frase cursiva de um intrometido. Pobres livros, mas quem não rabisca. Um aluno que fez uma gracinha na orelha do coitado, ou de um apaixonado arrependido que o deu para o homem do sebo e a gente vai trocando histórias dos outros. Mas nos dias de hoje só não leio de preguiça, da falta de um tempo para minha alma e do critério de escolha em começar. Quando assento-me à leitura, durmo; por isso leio de pé, andando, atravessando as ruas - não façam isso fora de sua casa!
Mas com a publicação de O Efeito Espacial, meu primeiro livro, comecei a autografar também, apondo ao lado de minha assinatura uma garatuja, um rato. E ainda estou trocando obras com outros autores, com autógrafos, é claro. Estou até enviando por e-mail e recebendo pelo correio livros autografados de lugares onde nunca estive, mas de histórias fantásticas. Nesses dias recebi na minha porta um autografado. Não deu para entender o remetente, meio borrado a carvão. Um bilhetinho dentro do envelope dizia em bom português e sem vírgulas: Sr. Camilo como gostas de livros por autógrafos mando-lhe o meu. Trêmulo como meu pai, via o título embaçando nas minhas vistas: Ensaio sobre a cegueira. Brincadeira tem hora, pois!
Mas valeu de tanto que queria ter recebido.

2 comentários:

  1. Olá Camilo!
    Permita-me fazer uma avaliação, em meu tão raso conhecimento sobre literatura: você está escrevendo cada vez melhor.
    Muito bonita a sua homenagem ao mestre português.
    Estou lendo seu livro também, aos poucos, para prolongar a experiência (e também porque ando muito ocupada).
    Quem sabe um dia eu tenha experiência e sabedoria suficientes para também escrever... e que seja algo inspirador. Enquanto isso vou tentando aprender...

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