Amigos do blog, este é um texto de 1988, de minha concepção, vejam se está bom. Creio que esta concepção ainda persiste nas minhas crônicas.
Blogueiro fora de órbita
O mundo
Blogueiro fora de órbita
O mundo
Este mundo cotidiano é uma loucura. Existe algo que só o
sabemos quando se foi. Existe um eixo imaginário onde giram todos os fatos e se
reciclam derivando-se pelos impactos do mundo. O eixo nunca está no mesmo
lugar, mas os fatos não se reciclam sem ele. Nada é igual a ontem.
Engraçado, sem querer, já não somos os mesmos. Nem nos
demos conta e morremos, de alguma forma morremos, até o dia em que admitimos e
percebemos “o” mundo.
O mundo também
é: o palco depois do show, sem cortinas e luzes. Também são os ratos que roem o
grande queijo cósmico nas noites esdrúxulas dos roedores insones. São as
galerias de esgoto da cidade que dorme. O mundo também é a falta daquele
barulho das ruas, dos sorveteiros, de crianças, dos pobres, das prostitutas e
donas de casa. O mundo também é papel da pessoa humana comum. Quando nada e
ninguém existe para nós emerge “o” mundo. Morremos. Percebemos que algo nos
levou a isso, a esse mundo. Não há felicidade ou infelicidade por buscar, não
sentimos ambição ou posse de nada e ninguém, só existe o novo, o
incomensurável, fantástico e gratuito novo.
Os ratos tomam de assalto o palco depois do show, sem
cortinas e luzes. Eles consomem as palavras dos textos da peça e as peças dos
personagens do texto que depois ratificam-se.
O ruído dos roedores repercute na noite esdrúxula dos
humanos furtando e frustrando sua grande maça cósmica. Não pode dormir seus
filhos a pensar a ilusão dos seus sonhos. Na noite seguinte, entre as suas
sombras, ele vai procurar os ratos em sua cena. O humano ser tem de
apresentar-se na vida mesmo que em pele de rato.
... e, como estamos revirando esgotos à céu aberto e nominando 'os ratos'... de uma certa casta, hein Camilo! Post atualíssimo!!
ResponderExcluirAbraço, Célia.