Este texto é sobre o lançamento de um amigo e colega, egresso como eu, do seminário Seráfico São Fidélis de Piracicaba. Feito pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba já esgotou no lançamento. Talvez tenha um segundo lançamento.
Frei Paulo Maria de Sorocaba
vida e obra visual, escrito por Cássio Padovani Martins Pereira
Aos dezesseis anos lhe fiz uma pergunta. “Você não
acha que é muito jovem para religioso?” Respondeu-me com firmeza de que estava
seguro de sua vocação, e parecia ofendido.
Achei que seria mais um desafeto, devido à forma convicta, pareceu-me quase
ofendido. Não foi, encontrei um amigo e
irmão no Cássio. Simples e querendo viver os ideais de Francisco de Assis em
suas convicções vocacionais e éticas, sem se dobrar, estudioso, Cássio foi
descobrindo a obra simples de frei Paulo, obra no singular mesmo, porque toda a
dinâmica artística (em obras) deveu-se à sua espiritualidade, uma transmissão
amorosa de sua fé. Cássio intuiu isso.
De rigor técnico, o estudante quis fazer um
trabalho de confiabilidade, bem fundamentado, como são seus pareceres, quando
os manifesta. É pessoa de ouvir e falar o necessário, e quase nada de si mesmo.
Mas tem uma palavra ou a palavra certa, quando não a ação adequada. Depois de
ouvir um ou outro, amigo ou não, sabe oferecer o de melhor, um café ou algum
alimento em sua companhia. Se falar, vai demonstrar por alguma conversa algo
interessante, em forma de crônica da vida, que restaure o senso de humor.
Todavia, não se dobra a meros conceitos, cargos ou a questões econômicas, que
fujam a ética ou a nobreza de sua alma, na estética de sua vivência, apreciada
por muitos amigos e dois cachorros de muita estima.
O livro sobre frei Paulo foi um longo percurso e
substancial na vida de Cássio Padovani. Começou com a observação contínua das
obras, dos escritos, da sensação dos lugares por onde viveu este capuchinho e
pode, inclusive, perceber o gosto para o qual Frei Paulo inclinava-se, a
marinha – e nas obras sacras feitas por dever de obediência transparece,
entrelinhas, sua crítica à vida religiosa, aos excessos do rigor das regras, em
que frei Paulo valoriza as pessoas no concreto, não a instituição abstrata,
cujas regras obedece na medida da caridade. Também transparece muitas outras
coisas com as quais se identificou e lançou pelos pinceis.
Cássio, em princípio estudante do Seminário Seráfico
São Fidélis, como frei Paulo, teve de sair para outras casas da província dos
capuchinhos e ver outras obras deste frei, catalogar, inúmeras anotações,
perguntas aos freis idosos e contemporâneos do artista e fuçar pelos sótãos e
porões dos conventos, trazendo a lume a vivência do religioso.
“O frei me ajuda”, dizia, quase como médium se
espirita fosse, mas a espiritualidade e o despojamento de frei Paulo o
inspirava muito naqueles longos anos de seminário e talvez ainda hoje.
A obra em livro do Cássio – Frei Paulo Maria de
Sorocaba vida e obra visual - ao iniciar é mais técnica e de rigor de datas,
números e lugares - fundamentada; do meio para o fim vê-se mais a alma do
capuchinho e homem frei Paulo, o João Baptista que queria ser frade. Frade, não
padre; como Cássio, que abomina pompa e talvez mesmo este artigo.
Concluo dizendo que seu livro é referência, tantos
aos profissionais da arte como a quem quer conhecer a espiritualidade
franciscana, capuchinha e cristã, num século hedonista em que vivemos, onde
valem os iates, dinheiro e a lei de gerson. A obra afirma: há algo substancial
na vida humana.
Bela a sua homenagem... onde você prima pela valorização da pessoa e não das regras e dogmas castradoras que deixam de visualizar o humano enaltecendo instituições, essencialmente, fundamentalistas. Novos tempos!
ResponderExcluir[] Célia.
Bela obra, de fato. Merecedor, esse Cássio Padovani!
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