Amigos e amigas, mais uma postagem sobre animais, na semana que vem eu mudo. Como entender essas cãezinhos que marcam nossas existências domésticas e influem sobremaneira na nossa autoestima? Eles tem uma dimensão pacificadora no cotidiano e na vida do ser humano.
O blogueiro.
O blogueiro.
Que sonho, meu Deus!
Sonhei que meu cachorro podia falar e andar com duas patas, ereto, pela rua
afora, e pior, tomou minha identidade e saiu por aí fazendo dívidas, comprando
com meu cartão de crédito. Imaginem só!
Até que estava me
afeiçoando a este cachorro, mas não sabia de suas personalidades múltiplas.
Desculpem-me os protetores de animais, mas ele extrapolou e vai voltar para a
coleira por um bom tempo. O problema é que me escapa sempre e, ah, no pesadelo,
ele me laçava e punha-me dentro da casinha, com ração e água. Já pensaram! Uma casinha
onde cabe um poodle somente. De fora, dava uns latidinhos para mim e depois de
me aprisionar saiu com minha esposa, ela sem perceber que não era eu, se
percebesse... ou será que percebia? Bem, estava ficando com as pulgas imaginárias
atrás da orelha e somente via o tchauzinho dela, fazendo caretas, como se eu
fosse um imbecil e lá me deixava dentro da casinha. De identidades cruzadas,
ele era eu e eu era um cachorro.
De fora, minguando um
alimento humano e um carinho, ouvi ela falar que ele “mudara para melhor,
estava até mais bonito” – ele, um cachorrinho que livrei da carrocinha, roubou
o meu casamento. Quando chegar a segunda-feira queria ver como vai se dar no
trabalho, queria ver; mas chegando o dia, tomou seu banho, cantando as minhas
canções prediletas sob o chuveiro quente e usando meu sabonete, saiu sem se
barbear. Ah, se ela o visse! Mas ela gostou do new look dele, com aquele rosto
pontilhado de descuido, e ainda passou a mão pela sua cabeça, num último
carinho de portão. Safados!
Eu assistia a tudo
pela fresta, quase privado de ver e ouvindo os resmungos e nhenhenhém deles e
depois ouvi um estampido de beijo e ele a deixou, vi o aceno pela sombra. Ia esperar no almoço, pois chegando ao
trabalho e não sabendo o meu trabalho como ia se safar? Bem, às vezes nem eu
sei, mas safou-se o malandro, tirou férias logo a seguir. As minhas férias que
não tirava há anos por medo do chefe. Só restou-me a zanga e a solidão do meu
quintal e a fresta de sol da manhã, onde me esquentava. As ruas conhecia de
barulho e conversas do ponto de ônibus perto e num dia o ronco do meu carro que
saiu e foi distante por semanas, deixando-me um resto de ração velha e um cocho
de água, onde comia e dormia até quem sabe Deus. Matava o tempo afugentando
passarinhos e, à noite, fugindo de morcegos; mas de domingo os rojões me
afligiam os tímpanos, se alguém fizesse gol. Que idiotice.
Foi um pesadelo
horrível, acordei com a impressão horrível e tinha medo de olhar no espelho,
dei voltas na casa vazia e olhei o quintal por onde penara tanto. Comprei ração
nova e uma casinha mais aconchegante e eles vieram do veterinário, ele tosado e
alegre. Ele é o cão!
Na inversão de valores existem grandes lições e aprendizados... Humanos todos, racionais ou não!
ResponderExcluirAbraço, Célia.