Amigos, amigas, esta postagem foi feita em 2010, mas se alguém não leu ou se leu e gostou, posto-a de novo, devido à data. Espero que curtam, como eu curti ao escrever.
Abço do Blogueiro
Se Cristo tivesse cachorro
São
Francisco é considerado o santo dos animais e da ecologia. Acalmou o lobo de
Gúbbio, que vivia a molestar as pessoas. O santo estendeu a mão ao lobo, a quem
chamava de irmão. Aliás, esse santo tinha mania de chamar a todos de irmão e
não era carioca. Dizem os teólogos que o lobo em tela podia ser um político de
maus bofes, uma pessoa e não um quadrúpede. Mas o santo se dava bem com
animais, como mostram os santinhos, com pombas nos ombros e coisas do tipo e a Igreja
o atesta.
Com
relação a Jesus, as escrituras não trazem em cena se Ele tinha algum cachorro;
bom, eu tenho. Não sei se foi uma omissão acidental ou de propósito, para não
lhe associar a imagem a algum deus pagão, com a cara de cachorro. Bem, o meu cão
não é nenhum Anúbis e não tem poder sobre ninguém que não conquiste pelo
coração. Mas ainda lanço uma possibilidade de Ele ter tido um lá em Nazaré
mesmo.
Os cães
são domésticos desde há muito tempo. Mesmo Ele numa parábola o diz sobre um cão
que lambia as feridas de Lázaro. Os cães se lambem e lambem os outros, se
misturam e procuram restos de comida. Se o cão remete ao temperamento do dono,
como se diz, pergunto como seria o cachorro de São Pedro? Medroso, claro. O cão
de Tomé, desconfiado. O de João, amoroso. O de Judas, traiçoeiro. O de Pilatos,
indeciso. O de Kaifás, acusador. O de madalena, observador. O de Maria,
solícito. O de José, trabalhador. O de Jesus, sem coleira e obediente.
Na
tentação do deserto o cão podia mostrar os perigos dos precipícios que o diabo
queria lhe atirar, acalmar a fome com um pouco de carinho, uivar à noite e
jejuar, porque o cachorro jejua enquanto o dono não volta para casa. O cão tem
uma força de vontade maior que os humanos e uma humildade em pedir, incomum na
nossa espécie. Quando preso no Getsêmani, talvez o animal não atacasse os
soldados romanos como fez Pedro, ou nem renegasse, mas seguiria Jesus por
qualquer fresta que encontrasse. Apanharia junto com os flagelos impingidos ao
filho do homem; se enxotado, voltaria para consolar o divino mestre.
Se
tivesse cachorro estaria ao pé da cruz entre as pernas de João e Maria com os
olhares caninos para cima e para os dois, triste. Na deposição, estaria lá como
atrapalhando a lavagem do corpo e a colocação de essências aromáticas, mas
presente guardando o dono. Depois de selar a pedra da tumba todos foram embora,
mas ele ficaria mesmo indesejável, assustando os soldados romanos que
acreditavam em outros deuses. No sábado não comeria nada, nem beberia, os cães
são assim. E no domingo da ressurreição, pilar da fé cristã, ele seria a maior
prova, porque o cachorro não abandona o dono – a tumba vazia e o seu olhar para
o alto destruiria o último argumento de roubo do corpo. Agora já aceitaria
comida dada pelas mulheres e seguidores, sinal que Ele, Vivo, o acarinhou a
cabeça ao sair da tumba.
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