Amigos, neste fim de ano eleitoral, apesar de meu blog não ser para estes assuntos, denuncio a truculência de alguns políticos em minha cidade, Piracicaba, com relação às pessoas que vão às galerias da câmara para assistir. Falta de compostura e decoro diria do vereador que entra no embate com microfone na mão e câmara da casa contra manifestantes nas dependências da casa. Foi proibido filmagem dentro da casa de leis pelo presidente de infindáveis reeeeleições. Assim é a democracia por aqui. Contudo, espero que gostem do meu texto que fala de alguém do povo, Theófilo. Leiam a seguir:
Amigos
Os da dificuldade, os verdadeiros, os de bar ou os de copo, eventuais
como os dos tempos de vacas gordas, os acessórios, os importantes para os
reveses da vida e da profissão. Todavia, na frustração é mais fácil apegar-se a
algum animal, cão ou gato de estimação, principalmente com o melhor amigo, o
cachorro. Cachorro até bêbado tem, a
mulher não o suporta, mas o cãozinho lhe rodeia ouvindo amiúde seus lamentos
num canto, com sobrolhos móveis como terapeuta nato. O cão em sua ilustre percepção de mil faros,
talvez até pense, ou capte algum pensamento, de que “gente é assim”.
Há muitas frases no corolário popular e de autoajuda ou orientação, e
para várias situações de estima, notadamente a do escritor Exupéry, autor de O
pequeno Príncipe, que dizia “o tempo que gastamos com um amigo é que o faz
importante”.
Pois bem. Theófilo, Téo para os amigos, tinha com o cachorro uma amizade
recíproca e fiel, e somente pelos carinhos e um pouco de alimento e água. Fiel
para os padrões do Brasil, em filme americano os cães podem ser até testemunhas
em processos judiciais. São também glamorosos, filmados em aposentos de
personalidades. Lá se instalando, os cães logo pegam pose e nem ligam que usem
seu nome em sanduiche, o hot-dog. Aqui qualquer vira-latinhas pedrês faz a
festa e fama na calçada mesmo.
Caso é que o dono da empresa terceirizada em que trabalhava Téo era um
que lhe enchia as orelhas, principalmente na época de eleições.
O patrão era daqueles que quando chega a um subalterno não deixa este
falar e conta as histórias homéricas de sucesso, venceu na vida e aí vai...
coisa que rico antigo gosta de espalhar - sofreu, ralou e está rico e você,
pobre. Moral da história, ele é melhor que você e ainda é bonzinho, coitado.
Cansado de sua jornada e do mínimo salário, Téo vantagem tinha na
esposa e filho, mas não contava não. Vivente sem amigos importantes, mas com a
amizade de todos. Por quê? Era um tipo humano raro. De uniforme ou sem este era
como os outros, partilhava uma ancestral solidariedade que põe muitos
benemerentes no chinelo. Um excelente cabo eleitoral, mas não votava!
Justificava na longa fila do correio. Daí que o destino cruel e traiçoeiro lhe
pôs frente a frente com o patrão terceirizado, o qual foi logo falando
“transfere seu título prá cá, Theófilo. A gente trata disso pro cê... depois o
cê vota na gente, né?”
Com derrotas sucessivas o patrão-candidato foi queixoso a Téo. Por que
não tinha amigos, como conquistá-los? Talvez com amigos teria eleitores...
Eleitores talvez, amigos quem tem é Theófilo.
Aliás, é amigo “Dele”.
Uma democracia rançosa... panfletária... que busca o "venha a mim... o vosso reino, que..." queria ver se o salário fosse o mínimo...quantos teríamos querendo o posto político?
ResponderExcluirAbraço, Célia.
Mas há uma reação em várias cidades já. Isso também tem de moralizar.
ResponderExcluirAbç e grato pelo comentário, tão lúcido, como sempre.
Camilo