Amigos, grato aos acessos dos leitores a este singelo blog. Hoje posto um texto de muito tempo de minha reflexão e acho que de outras pessoas também. Consegui transformá-la em texto. Oxalá, não seja enfadonho para quem não quer meditar sobre isso.
Abç
Blogueiro
O paradoxo Lázaro
Ressuscitou, mas
morreu.
Francisco de Assis
quando encontrou o leproso cheio de feridas e o beijou perdeu o asco que então
carregava - disse ele próprio. O primeiro pressuposto para uma cura apregoada
por todos os mestres espirituais é a libertação interior.
Na cerimônia de
enterro de meu pai eu estava furioso por dentro pela minha incapacidade e
aquele padre que repetia a proselitista, ele estava preparado, era católico, ia
às missas, estava preparado para morrer. Ora, como se prepara alguém para
morrer, além dos cuidados da funerária? Não se prepara. A funerária prepara o
corpo... já era, mas ainda vejo o olhar recíproco dele de antes de morto. Parece
que nos enganamos numa vida sem consolo e sem olhares, velamos o mistério.
Somente o morto pode se preparar a si mesmo e... desviver. Se Lázaro contasse
com a ajuda espiritual de Jesus, esta chegou depois do enterro, três dias após
o sepultamento.
Prepara-se para viver
o momento que se vive com o mal que se tem, com as limitações por culpa nossa
ou não (a cruz), escolhe-se a demanda interior adequada ao possível à sua
crença ou à filosofia menos corrosiva, ninguém pode falar pelo morto, é a morte,
sua hora final. Final? O supremo silêncio que pode carregar tudo para um abismo
sem tampa, mas não carrega. Morremos a cada dia, desde que nascemos e sempre
parece que é do outro que se fala, não de nós mesmos, somos lázaros insepultos.
O personagem Lázaro é
usado por Jesus numa parábola com o rico sobejo, sofreu como Jó, mendicante de
migalhas da mesa do rico, onde embaixo dela os cães lhe lambiam as feridas, os
cães eram os seus entes mais próximos. A este leproso que Francisco beijou e
confessa em seus escritos que, antes era comum sentir náusea deles, mas
depois... que ironia, viu que os leprosos somos nós mesmos, com nossas riquezas
inexploradas e insatisfeitos por falsas demandas.
Pela morte do amigo
Lázaro adveio a menor oração gramatical bíblica, grafem-na. “Jesus chorou”
(João 11,32-35). Complemento à grafia curta de João, como indigno leitor
bíblico que sou, que, “condoendo-se a ponto de ressuscitá-lo da tumba e personificá-lo
em suas parábolas, de tão familiar que era”. Entenda-se como quiser, mas não se
pode limitar Jesus como um mestre ou rabino simplesmente, nem tampouco a vida a
um cubículo de alvenaria de um campo santo. Recuso-me na minha fé imperfeita e
prosaica. Maranata.
Obs: Anoto que atualmente há uma discussão entre
os teólogos relativa à ressurreição de Lázaro, de que seja reanimação de corpo
e não a ressurreição do Cristo do querigma das igrejas cristãs.
Observação: Aos interessados pelas obras indicadas aqui nesta blog, à direita, e quiserem saber da sinopse, contate-me. Estou no face e aqui. Abç
Camilo! Grandes verdades você meditou e nos coloca em meditação! Bem aqueles que querem... A prepotência do homem é tamanha que, mesmo os religiosos, se acham 'capacitados' para 'preparar-nos para a morte! Sabiamente, aos que têm massa pensante em ação, sabemos morrer a cada dia e, nem sempre com dignidade... A essa morte diária, nunca estamos preparados. É minha dedução há tempos...
ResponderExcluirAbraço amigo,
Célia.
Abraço, Célia, a vida é a vida e amamos a vida porque nela Deus coloca os(as) que amamos, todavia, nem sempre os (as) percebemos. Grato pelo comentário e seguimento a este blog.
ExcluirCamilo