Amigos, grato pelos acessos de carinho e atenção a este blog. Grato também aos que adquiriram Crises do filho do meio - Memórias e Lendas. Sou eternamente grato, não só porque adquiriram, mas porque lerão minha obra. Hoje posto um texto bem humorado e do cotidiano de casais. Estou com problemas para postar imagens, antes tão fácil - coisas da net.
O blogueiro
Contas de travesseiro
São um, dois, três... Três carneirinhos brancos e
macios que pulam a cerca. Que carneiro? Gritou o marido, que acordou a esposa
divagante. Eu conto carneiros, ora! No terceiro já estou dormindo, viu! – disse
ela.
O marido
não dormia. Nas contas de travesseiro era dinheiro e se alguém interferisse
soltava a tropa, colérico. Então a esposa o aconchegava e o meninão dormia
recostado ao seio, entremeio a cafunés gratuitos dela. Em sonho fazia contas e
cobrava dívidas, em cujo estado mental tinha um haras. A mulher virava-o com um
pouco de esforço e o homem pranchava fungando no travesseiro da cama, num sono
como num laço. No quarto se misturavam carneiros e cavalos num mesmo curral.
Puros sangues e puros pelos.
O filho do berço ao lado deixava a chupeta e ia
puxar o rabo da imaginação, dos cavalos que batiam o pé junto ao seu berço. Os
pais acordavam com um choro e depois um sorriso de espasmo. Com o que sonhara o
malandrinho a essas horas da madrugada? Com os carneiros da mamãe ou com os
cavalos do papai? Não se sabia, mas a frauda estava úmida e com uma mancha em
destaque. Levanta-se a mãe e o amamentava com a canção do “cuca vem pegá”. Como
a cuca nunca vinha o bebe sempre dormia como um Jesus da manjedoura depois.
Assim devolvia o bebê por sobre a guarda do berço e ia contar os seus
carneirinhos, ao lado dos cavalos de raça do marido. Na madrugada o choro de
guelras do recém-nascido vinha à tona, o breu do quarto assustava àquele a quem
a mãe dera a luz. Risos de espasmos e visão disforme, via pelo tato o que os
pais pensavam ver, cuthi-cuthi. Nem aprendera números reais ouvia os pais
contarem bichos imaginários e era obrigado a povoar o seu inconsciente de
repetições bizarras, porém, naquela idade não podiam regurgitar e a má digestão
do jantar engendrava presságios ao casal.
Certa vez, o marido acordou em balbucio de um
pesadelo: são um, dois, três... Três cavalos de raça! Eles estão fugindo e
valem um dinheirão, segura! – sonâmbulo, dava voltas no quarto na frente dos
cavalos imaginários, tentando cercar. Não aguentando o bater de cascos, a
mulher fechou a janela e “segurou a tropa” do homem, que falava dormindo. Que
cavalo? Disse a mulher enquanto balançava os ombros dele, que lamentava sentado
na cama e olhando para o chão – perdi os cavalos, fugiram. A mulher tentava
contornar o momento ruim, dizendo: Não perdeu, não; eu compro de volta. “Mas
com quê dinheiro, querida?” E ela disse calmamente: não se preocupe, eu vendo
meus carneirinhos. Não, gritou ele - Sem dinheiro se vive, mas sem lazer, não.
Que comédia da vida real!!
ResponderExcluirDormir assim... é melhor só que mal acompanhada (o)...
Abraço, Célia.
Pois é. Abção e feliz 2013 com bastante sorte e bons sonhos em travesseiros macios e leves.
ExcluirCamilo
Muito bom... para rir! Muito bom!
ResponderExcluir