Crises do filho do meio
Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um
livro. Diz o povo que estes são os requisitos para se realizar na vida. Plantar
até passarinho planta, para se ter filho não precisa ser tão viril assim, se
bem que não o gerando o machão põe a culpa na mulher – criá-lo sim, isso é
difícil; agora, escrever um livro... uma obra é uma coisa que sai da gente,
como uma força, uma energia e depois a gente mesmo relê o que escreveu para
sentir a mesma coisa. Estranho, mas escrever é um processo terapêutico,
profundo às vezes.
Estou parindo Crises do filho do meio, já lhes
conto.
Tinha já parte do material desde 2005, até mandei
para meus irmãos e a Dete disse: vai virar livro, né. Ora, não havia escrito
nem o primeiro livro meu ainda. Esta obra gestou em mim, uma crise prolongada,
diria.
Fato que não somos em nada família exemplar,
nenhuma é, acho; e agora meu pai está acamado há dois anos, quase morreu e não
se recupera, vivendo por sondas. Vejo que um ciclo se fecha, que cada constitui
sua própria família. Achei que era hora de fazer vir à luz estas coisas da nossa
infância e adolescência, do tempo que vivemos juntos.
Comecei um trabalho de parto. Rememórias, situar no
tempo os eventos, pesquisar, usar a melhor abordagem. A trama, o que unificaria
toda a obra, tinha de pegar o tema e creio que achei: As crises do filho do
meio.
Os pais e principalmente as mães têm experiências diferenciadas
de cada filho, cada um traz uma alegria ou marca uma tristeza, perda,
sofrimento, luta, um novo alento. O nome do filho marca um momento na vida do
casal e da mãe, todo filho tem na cabeça que é único, é muitos pais os deixam
pensar assim, mas o pai que também é filho quer maior felicidade para os seus.
Meu irmão quase-gêmeo, personagem e prefaciador, e
depois os capítulos nos quais usei a linguagem ingênua, com diálogos próprios, para
denotar a visão que tínhamos na infância, deixando ao leitor a interpretação. Coloquei
as fotos de família e os desenhos que fiz. Li para o meu pai acamado e acho que
entendeu alguma coisa, mesmo no estado em que se encontra, se não entendeu
sentiu as palavras. Ele é personagem integrante do meu livro e da minha vida.
Também sou eu quem faz a correção, edita, imprime e faz a capa. Ah, tive de
usar as palavras certas para não melindrar ninguém e corrigir, corrigir,
corrigir, corrigir. Ufa.
A capa, contei também com sugestões da minha enteada e esposa, vai ser mais ou menos a que posto. Sonhei que era gramada e que a grama verde saía de mim, o fundo é o relevo da chácara da nossa infância, tendo em vista que todo o resto foi derrubado e virá um espigão, com certeza, onde morávamos e lembramos como lugar físico.
Experiências e vivências nossas... Riquezas que precisam ser registradas mesmo! Parabéns pela coragem!
ResponderExcluir[ ] Célia.