Amigos, grato pelos acessos a este blog durante este ano que se finda. Posto hoje uma crônica sobre o caso de pais que esquecem os filhos no carro e saem, em contraponto o ladrão que via de regra salva, invés de roubar ou matar. Desejo a todos um feliz ano de 2013 e o recomeço de sonhos perdidos ou esquecidos em algum carro que compraram como sendo dos seus sonhos, todo carro é igual desde que nossos sonhos não sofram albarroamentos ou escoriações, mas sofrem. O meu sonho neste 2012 realizou-se, saiu o quarto livro Crises do filho do meio.
O pequeno ladrão
Aquela rua era
visada por furtos a veículos. Ao sair do banco o dono expropriado olhava,
olhava e acionava o seguro. Hoje se tem seguro para tudo. Para tudo? Existem
coisas inestimáveis. Coisas que o seguro não cobre e nestas vésperas de
feriados e natal então! Tudo se afrouxava ao inimigo do alheio. O alerta de um
carro toca mais forte que um choro de um bebê, mas ninguém o percebe. Quem vai
se preocupar com a vida dos outros, principalmente se tiver vida tranquila?
Lá paravam carrões
luxuosos e num piscar de olhos iam-se como que invisíveis, mesmo sob o olhar de
vigilância de uma câmera de esquina, o mundo dos homens girava mais rápido e o
ladrãozinho não era identificado, sabia-se que havia um menino de chinelas,
bermuda e camiseta vermelha a perambular por estas imediações todos os dias.
Desta vez o sol quente quase que batia contra a câmera de segurança de tanto
escaldante que era, reverberava num vidro retrovisor inclinado para cima e a
câmera pegava clarões, mas o menino foi detido afinal.
Já havia quem quisesse
dar uns safanões a este filho de ninguém, quem elaborasse uma teoria social ou
política em cima e até os piedosos de plantão dizendo “coitado, pobre, não teve
pai”. Um ladrãozinho, amador, e como levara tantos carros? Agora, neste fora
pego. A polícia explicou que quando o menino fora preso antes, sempre voltava
às ruas por ser menor e a lei lhe facilitar, mas agora havia um fato novo.
Arrombara a porta do
carona e traseira. Ora, um ladrão eficiente rouba um carro em poucos segundos e
não abre a porta de trás, a não ser para roubar joias ou maleta que seja, então
o menino ia pegar pertences, não o carro. “Acabou detido sob a sombra de uma
árvore com o bebê no colo, aguardando os comparsas, um sequestro que não deu
certo”, afirmava o dono do carro.
Não, leitores,
esclareço, o pequeno ladrão salvou a vida da criança dentro daquele carro,
enquanto o pai fora a um banco depositar dinheiro e ouviu a sirene do carro de
luxo, o choro não.
Há
um ladrão que rouba mais que todos e furta as coisas mais comezinhas de nossa
vida, o tempo que temos com os nossos entes mais queridos. Na verdade, o ladrão
lhe roubou a oportunidade de ser pai e ser humano, não o carro ou a criança. É
mais fácil dar presente de natal, mandar mensagens por facebook, distribuir panetones
e cestas básicas, exibir nossa fortuna, que recuperar-se a si mesmo, que somos
filhos, pais, irmãos e pobres nesta estrada escaldante da vida. Pode ser que
uma criança lhe roube tudo isso e um velho lhe dê cabo, você mesmo; mas que
Deus nos poupe de morrer ao meio-dia e venha nos visitar na brisa da tarde,
ditosamente, no colo que carrega colinas e montes, Abba.
ResponderExcluirSignificado de Abalroamento:
Abalroamento - significa bater lateralmente com outro veiculo, os dois em movimento, não importando qual a direção que eles estão.
Exemplo do uso da palavra Abalroamento:
O veiculo que iria ultrapassar o veiculo a frente, ao entrar na pista de ultrapassagem o condutor do veiculo não olhou o espelho retrovisor e abalrouo o veiculo que estava lhe ultrapassando.
Caro comentador, grato; todavia, devo esclarecer, o sentido da palavra foi transfigurado para uma esfera alternativa na frase de introdução ao texto, do qual julgo que não desistiu de ler. Se o texto fosse jurídico ou legal não caberia o termo neste uso, mas em se tratando de blog e linguagem pessoal sim. Meu apreço e gratidão por anotar e glosar, mas acho que o sentido figurado alcançou o seu fim.
ResponderExcluirAbç
Camilo