Eu, robô?!
No livro Histórias de
Robôs, que Isaac Asimov prefacia, numa fluidez e objetividade ímpares,
argumenta sobre a tecnofobia e nomeia este sentimento como complexo de
Frankenstein - na obra de Mary Shelley o criador é morto pela criatura. Na
evolução tecnológica o medo da humanidade aparece com relação ao robô - o
“nosso” Frankenstein - e de que nos mataria tirando-nos o emprego e
substituindo-nos, ou mesmo substituiria toda a humanidade. A eliminação da
humanidade?
O prefaciador diz que há
duas inteligências diferentes, a humana e a robótica, com diferentes
especialidades. Concorda que em termos de perspicácia, intuição, criatividade,
capacidade de analisar e responder pela percepção, robôs ou computadores são
ignorantes. Para ele é vão o esforço em construir computadores criativos,
capacidade tão tosca diz, quando se dispõe do cérebro humano, que faz isso tão
bem.
Não é à toa que Asimov
propõe as três leis numa obra que fala de um robô que vai tornando-se
consciente, o “Eu, robô”. Eis o enunciado das três leis:
1º Lei:
Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser
humano sofra algum mal; 2º Lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam
dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a
Primeira Lei; 3º Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que
tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Lei.
Essas leis não se
aplicariam também aos humanos e seus semelhantes?
Isaac Asimov confessa
neste prefácio que quase todos os seus livros são escritos do ponto de vista de
um tecnófilo, seus robôs são quase sempre simpáticos. A não ser na literatura
ou cinema, não se conhece um robô do ponto de vista de serem pessoas, não há.
Em meu livro As
ciladas do Androide trabalho esta relação homem-máquina do ponto de vista humano
e de suas linguagens. O androide é o não-humano que pode se tornar parte do
humano, sem deixar de ser robô com suas linguagens de programas e sub-rotinas,
assim como muitas linguagens que existem
no Universo, inaudíveis, impronunciáveis, inexpressáveis, em que somente a
percepção capta e não temos parâmetros para entender fora das crenças e
espiritualidades.
Na verdade, o que a visão tecnicista de mundo
tenta fazer é o humano ser robô numa eficiência numérica e produção
mercantilista, sem crença ou espiritualidade, numa “criatividade”
funcionalista. Criar é um bem espiritual, fantástico, que transcende os
objetivos imediatos ou de lucro. Autores e cineastas projetam ou transportam
para os ET ou robôs características próprias do humano, querem que o substituto
ou sucedâneo tenha a sua alma. Talvez tenha caído nesta cilada o próprio Asimov?
A engrenagem da vida se lhe permitirmos cobre-nos de peças autômatas que seguimos sem sentimento algum, anulamos a ternura e, por conseguinte, a criatividade! Bj. Célia.
ResponderExcluirCélia, é isso mesmo que vc interpretou e assim, humanos viventes, os robôs nos ajudariam...acho que isso é o que os tecnófilos gostariam, mas...há muitos questionamentos e ciladas, mas assim caminhamos a humanidade.
ExcluirCamilo
olá primo,
ResponderExcluirrealmente valioso seu livro, a cilada do andróide, com enredo envolvente, lembra-me algumas das corriqueiras discussões, na minha época de seminário, sobre o uso da tecnologia e os benefícios/malefícios decorrente disso. Gostaria de frisar que sua obra, em minha leitura, evoca o mito de pinóquio, no qual Steven Spielberg, traçou a versão futurista do mesmo. Outro fator importante é que será a robótica, a mais prima das evoluções ou a decadência da humanidade? Quanto o presente torna nossas ações mecânicas, quem sabe o futuro nos reserva a humanização de nossos robos.
Mais uma vez parabéns pelo conjunto da obra e comentários vindouros.
abraços,
Leandro
Só posso agradecer tão amável e profunda percepção da obra. Abç primo.
ExcluirCamilo