Por minha vez vou comentar, como faz opankada no seu blog, que ontem vi os cover dos Be Gees aqui em Pira e recomendo. Hoje o texto tá bom pra cachorro.
Evolução das espécies
Desculpe-me Darwin, mas no desenho do esquema evolutivo dos hominídeos até o Homo Sapiens, o próximo elo seria o cachorro, mais evoluído que o homem. Sim, o homem evolui para a do Canis Familiares. Na pré-história já o cachorro foi domesticado, adestrado. Enormes feras se submetiam sob a guia de algum homem-macaco alfa ou mais recentemente sob as ordens de algum Barão posudo, da idade média. O cachorro via de regra aprendia e imitava os costumes do dono, a postura, o olhar, o jeito de andar, etc.
Talvez isso se deva ao mundo capitalista. Os cachorros de senhores abastados, são lhe dóceis, comem nas mãos, lambem os patrões, mas a necessidade de se buscar comida e por vezes, alimento regurgitado, faz os cães mais destemidos. Nas regiões pobres, após vários cruzamentos surge um cachorro, típico da pobreza. Um cão que revira o lixo e vai em busca do alimento diário, sem pestanejar, sem ligar para humilhação ou amizades inconvenientes nos bares e restaurantes. Sabe oferecer a outra face a cada patada humana. Não faz acepção de pessoas, se dá bem com sóbrios e bêbados. Como o cachorro do italiano da venda, que o barulho lhe acusava a presença. As latas do lixo freqüentemente estavam reviradas na calçada, as de leite em pó dentro de saquinhos, cortados pelos caninos, desciam a ladeira acordando os vizinhos. E logo gritava: È varda tomba latone! O engenhoso vira-latas brasileiro, conhecido até na Europa. Um cão de rua que aprendeu a se virar e a virar latinhas para sugar o resto dos alimentos. Um cão de ninguém, que sai em retirada para não ser alvejado por alguma pedra.
Hoje, em pleno sol de meio-dia, vi meu vizinho que ia pela rua e na frente um cachorro como se segurasse uma guia invisível. O cão o puxava, ia a frente. Tão parecidos, eram como dono e cachorro. Um cãozinho preto e roliço. Puxei assunto com ele para falar sobre o “seu” cão, que também parou para ouvir. Bem, assim, só pude lhe dirigir elogios e perguntar se o animal era seu. Não. Nem sabia quem era o infeliz em busca de dono. Disse que apareceu por lá, pedindo água e algum osso. Tinha sim um cachorro, mas não este. O seu era imponente, ganhara vários concursos de beleza. Este era um enxerido, aparece e desaparece quando quer, deve ser de algum outro vizinho, mas se dá ao luxo de transitar pela cidade, tomar ônibus e roubar os cafunés das pessoas, mas não dele o pseudo-dono. O vira-lata ouvia tudo calado, não se importava, nem um latido. Fingia-se de surdo, só olhando, cheio de sentimento. Fomos andando e quando chegou a casa, despediu-se de mim e entrou sem o cachorro.
No portão ficamos eu e o cachorro, olhando através de uma grade quadrada, com duas gaiolas na parede, um chão de piso branquíssimo e uma beleza fria e inóspita de uma casa amuralhada e bela. Ele morava ali, numa casa tumular. O lixo ficava suspenso num cesto de metal e só o caminhão do lixo o pegava. O cachorro dava-me estranhos olhares e nenhum latido. Lá no fundo daquela pirâmide moderna estava o seu elo perdido.Fui embora sem o cachorro. Ao passar novamente pela mesma rua, já tinha se ido. A casa continuava com aquele aspecto de arquitetura preservada e terrivelmente limpa, sem nenhuma viva alma. Um silêncio de casa sem ninguém, sem campainha ao alcance da mão e uma voz rouca que perguntava quem era. As palmas ecoavam pela garagem com dois carros novos. Um cachorro espiava pela porta, era o seu. Fui embora com medo.
Desculpe-me Darwin, mas no desenho do esquema evolutivo dos hominídeos até o Homo Sapiens, o próximo elo seria o cachorro, mais evoluído que o homem. Sim, o homem evolui para a do Canis Familiares. Na pré-história já o cachorro foi domesticado, adestrado. Enormes feras se submetiam sob a guia de algum homem-macaco alfa ou mais recentemente sob as ordens de algum Barão posudo, da idade média. O cachorro via de regra aprendia e imitava os costumes do dono, a postura, o olhar, o jeito de andar, etc.
Talvez isso se deva ao mundo capitalista. Os cachorros de senhores abastados, são lhe dóceis, comem nas mãos, lambem os patrões, mas a necessidade de se buscar comida e por vezes, alimento regurgitado, faz os cães mais destemidos. Nas regiões pobres, após vários cruzamentos surge um cachorro, típico da pobreza. Um cão que revira o lixo e vai em busca do alimento diário, sem pestanejar, sem ligar para humilhação ou amizades inconvenientes nos bares e restaurantes. Sabe oferecer a outra face a cada patada humana. Não faz acepção de pessoas, se dá bem com sóbrios e bêbados. Como o cachorro do italiano da venda, que o barulho lhe acusava a presença. As latas do lixo freqüentemente estavam reviradas na calçada, as de leite em pó dentro de saquinhos, cortados pelos caninos, desciam a ladeira acordando os vizinhos. E logo gritava: È varda tomba latone! O engenhoso vira-latas brasileiro, conhecido até na Europa. Um cão de rua que aprendeu a se virar e a virar latinhas para sugar o resto dos alimentos. Um cão de ninguém, que sai em retirada para não ser alvejado por alguma pedra.
Hoje, em pleno sol de meio-dia, vi meu vizinho que ia pela rua e na frente um cachorro como se segurasse uma guia invisível. O cão o puxava, ia a frente. Tão parecidos, eram como dono e cachorro. Um cãozinho preto e roliço. Puxei assunto com ele para falar sobre o “seu” cão, que também parou para ouvir. Bem, assim, só pude lhe dirigir elogios e perguntar se o animal era seu. Não. Nem sabia quem era o infeliz em busca de dono. Disse que apareceu por lá, pedindo água e algum osso. Tinha sim um cachorro, mas não este. O seu era imponente, ganhara vários concursos de beleza. Este era um enxerido, aparece e desaparece quando quer, deve ser de algum outro vizinho, mas se dá ao luxo de transitar pela cidade, tomar ônibus e roubar os cafunés das pessoas, mas não dele o pseudo-dono. O vira-lata ouvia tudo calado, não se importava, nem um latido. Fingia-se de surdo, só olhando, cheio de sentimento. Fomos andando e quando chegou a casa, despediu-se de mim e entrou sem o cachorro.
No portão ficamos eu e o cachorro, olhando através de uma grade quadrada, com duas gaiolas na parede, um chão de piso branquíssimo e uma beleza fria e inóspita de uma casa amuralhada e bela. Ele morava ali, numa casa tumular. O lixo ficava suspenso num cesto de metal e só o caminhão do lixo o pegava. O cachorro dava-me estranhos olhares e nenhum latido. Lá no fundo daquela pirâmide moderna estava o seu elo perdido.Fui embora sem o cachorro. Ao passar novamente pela mesma rua, já tinha se ido. A casa continuava com aquele aspecto de arquitetura preservada e terrivelmente limpa, sem nenhuma viva alma. Um silêncio de casa sem ninguém, sem campainha ao alcance da mão e uma voz rouca que perguntava quem era. As palmas ecoavam pela garagem com dois carros novos. Um cachorro espiava pela porta, era o seu. Fui embora com medo.
Fala Camilo. Vida de cão. Ser humano ou cachorro? Aos poucos estou voltando. Andei longe da internet. Primeiro pela falta de tempo e interesse. Precisava finalizar meu texto também e acho que agora estou quase lá. Mexi bastante. Segundo porque me cortaram por não pagar a conta por quase uma semana. Mas aqui estou apreciando novamente seus belos textos. Sugiro que faça vc mesmo o convite à Priscila. Ela é dramaturga aqui em São Paulo e gosta dessa comunicação blogal. Abraços!
ResponderExcluirConforme relatei, na última vez em que estive em Piracicaba, passei olhando as casas que circundam a sua residência como quem busca o cenário de um roteiro bem escrito, mas não encontrei nenhuma como a descrição do texto... somente depois vim a saber que a casa que serviu ao texto está em outra quadra, perto de outra esquina... É isso, uma vez que seus textos adentram minha memória, lá ficam, arquivados no setor de "MELHORES CRÔNICAS". Beijão.
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